Atelier Jolie/ Entrevistas/ Podcast

Angelina fala sobre o Atelier Jolie em podcast

10 de dezembro de 2023

Esta semana, durante uma edição do “The BoF Podcast”, Imran Amed conversou com Angelina Jolie buscando explorar sua jornada criativa e a filosofia pessoal que a levou a se concentrar na moda ética e sustentável.

Tendo dominado o cenário cinematográfico de Hollywood durante décadas, Jolie está agora entrando em um território desconhecido – o mundo da moda.

Esta semana, ela abriu as portas do Atelier Jolie, uma oficina física multifuncional localizada no número 57 da Rua Great Jones, em Nova York, que já foi o lar de lendas da arte como Andy Warhold e Jean Michel Basquiat.

A localização histórica revela as motivações, filosofias e aspirações do novo empreendimento de Jolie. O Atelier Jolie pretende fornecer a um grupo global de artistas e designers — incluindo imigrantes e refugiados — um espaço colaborativo para a criação de peças de vestuário, incluindo peças personalizadas, inteiramente criadas a partir de materiais de estoque morto.

“Eu não penso nisso como moda. Penso nisso como auto expressão e comunidade”, diz Jolie sobre seu novo negócio.

Destaques:

• A visão de Jolie com relação ao Atelier Jolie é permitir que artesãos de pequena escala tenham a oportunidade de desenvolver seus trabalhos, suas artes e de se tornarem capazes de se sustentarem: “Dar oportunidades para que as pessoas trabalhem por conta própria é a melhor coisa que podemos fazer pelos outros. Para mim, fazer negócios globalmente e fazer parcerias… é mais importante do que apenas fazer doações e caridade”, diz ela.

• Jolie quer que a criatividade dos outros esteja no centro do Atelier Jolie: “Eu não estou interessada em me tornar uma designer conhecida. Estou interessada em fazer parte de uma grande família… Construí mais uma casa e sou uma das criadoras que brincam nela.”

• O senso de diversão também é fundamental para o negócio, que Jolie vê como um espaço de liberdade de expressão: “Você tem que fazer bagunça e descobrir o que você realmente ama… Acho que, há muito tempo, não encontrava alegria em me vestir bem porque havia tanta coisa que me incomodava neste ramo… Mas agora, eu também quero brincar.”

• A localização em Nova York oferece um espaço comercial, um café e um estúdio de design. O plano é adaptar o formato aos novos mercados: “Gostaria de fazer parceria com pessoas de diferentes países e gostaria que elas compartilhassem a propriedade do local e dos projetos”, diz ela, observando que, por exemplo, “o Atelier que estará no Japão deverá ser muito diferente, a propriedade será de forma diferente e será administrado de forma diferente, mas com os mesmos princípios.”

• Quando se trata de transformar paixões pessoais em projetos que tenham um impacto tangível no mundo, o conselho de Jolie é direto: “Você sabe o que realmente mexe com sua alma e o que te deixa chateado… Seja o que for, ao encontrar pessoas que compartilham do mesmo sentimento e ao passar um tempo com elas, faz com que você se aprofunde no trabalho.”

O podcast completo, com 39 minutos de duração e em inglês, já está disponível e pode ser escutado através do player abaixo. Infelizmente, não temos condições de traduzir e transcrever o áudio completo.

Podcast:

Fonte: Business Of Fashion

Atriz/ Filmes/ Halle Berry/ Maude v Maude

Halle Berry comenta sobre novo filme com Jolie

7 de dezembro de 2023

Recentemente, a atriz ganhadora do Oscar, Halle Berry, concedeu uma entrevista exclusiva para a renomada revista estadunidense, Variety, e comentou sobre seu próximo projeto: “Maude v Maude”.

Ela descreveu o filme como uma mistura de “Sr. & Sra. Smith” e “Missão: Impossível” acrescentando que o longa terá alguns toques de comédia.

Berry irá co-estrelar e co-produzir o filme com Angelina Jolie. Apesar de estar ansiosa para “brigar” com Jolie física e intelectualmente, ela disse que as duas tiveram um “começo difícil”:

“Tivemos um começo difícil e acho que isso vai nos servir muito bem quando estivermos juntas nas telonas. Estou entusiasmada por trabalhar junto com outra mulher e por criar uma história com a nossa sensibilidade e com nosso ponto de vista. Ela é formidável.”

Quando questionada sobre os motivos por trás dos complicados primeiros passos em seu relacionamento com Jolie, Berry disse que as pessoas teriam que esperar para ouvir essa história, mas que é “muito boa”.

A atriz reforçou sua crença de que os “conflitos” iniciais entre ela e Jolie ajudarão a consolidar a amizade e que as duas, eventualmente, acabarão se aproximando por muitas coisas que têm em comum:

“Temos conversado muito sobre divórcios e exes. Nós ficamos bem próximas, digamos assim.”

A atriz acrescentou que sua viagem recente para Gidá, não foi realizada somente para participar do “Red Sea Film Festival”, mas também para explorar locações de “Maude v Maude”. No início do dia, Berry visitou Al-Balad, o centro histórico da cidade.

“Planejamos ir ao redor do mundo. A Warner Bros comprou nosso roteiro e, para nós, isso quer dizer que poderemos ir a lugares que nunca foram exibidos nas telonas antes.”

Fonte: Variety

Atriz/ Filmes/ Malévola

Angelina Jolie é confirmada em Malévola 3

6 de dezembro de 2023

A participação da atriz Angelina Jolie no filme “Malévola 3” foi confirmada e, segundo consta, a produção do longa já está em desenvolvimento, apesar de maiores detalhes ainda não terem sido divulgados. Até então, o lançamento do terceiro filme tratava-se apenas de um rumor.

Recentemente, a cineasta e ícone de Hollywood concedeu uma entrevista exclusiva para a revista “WSJ. Magazine” através da qual foi confirmado que Jolie:

“Está contratada para atuar em vários outros projetos, incluindo um terceiro filme sobre a Malévola.”

Embora ela não tenha revelado mais informações, é provável que o terceiro filme continue em tempo real desde a última vez que vimos a personagem em “Malévola 2: Dona do Mal”.

Atualmente, ainda não existem confirmações se Elle Fanning, que interpreta a Princesa Aurora, ou Sam Riley, que interpreta Diaval, retornariam para estrelar o novo filme ao lado de Jolie.

Dirigido por Robert Stromberg, a partir de um roteiro escrito por Linda Woolverton, o primeiro “Malévola” apresentou uma reviravolta na história do clássico da Disney, “A Bela Adormecida”, trazendo Jolie interpretando a personagem principal.

Ao contrário do desenho, nesta versão a “bruxa malvada” foi retratada com muito mais simpatia. A personagem acaba endurecida e transformada em uma criatura empenhada na vingança após sobreviver a uma profunda traição.

Lançado em 2014, “Malévola” recebeu opiniões mistas da crítica, embora Jolie tenha sido elogiada por unanimidade por sua atuação. O público, por sua vez, ficou muito mais encantado com a história da vilã injustiçada da Disney.

A sequência, “Malévola 2: Dona do Mal”, foi lançada em 2019 e começa cinco anos após o primeiro filme. O longa mostra Malévola enfrentando sua nova reputação de vilã, enquanto enfrenta uma poderosa raça de fadas conhecida como “Dark Fae”. A continuação foi mais uma vez recebida com uma avaliação medíocre dos críticos, embora os aplausos tenham sido novamente direcionados a Jolie.

Por enquanto, Angelina Jolie tem alguns projetos em andamento ao lado de “Malévola 3”, incluindo “Kung Fu Panda 4” no qual ela deve reprisar o papel da Mestre Tigresa na sequência de animação.

Jolie também estrelará o papel principal em “Maria”, um drama biográfico sobre a vida da cantora de ópera Maria Callas, dirigida por Pablo Larraín e escrita por Steven Knight.

Fonte: Movie Web

Ensaios Fotográficos/ Entrevistas/ Photoshoots/ Revistas & Scans

Jolie concede entrevista para a WSJ Magazine

5 de dezembro de 2023

Na manhã desta terça-feira, dia 05 de Dezembro de 2023, a revista estadunidense “WSJ. Magazine” compartilhou em seu website oficial a capa de sua edição digital de Dezembro 2023 / Janeiro 2024, que traz nossa musa inspiradora – Angelina Jolie.

Além de uma nova entrevista, a revista publicou também um novo ensaio fotográfico exclusivo registrado pela fotógrafa Annemarieke Van Drimmelen. Confira a matéria traduzida na íntegra pelo Angelina Jolie Brasil.

Escrito por Elisa Lipsky-Karasz
Traduzido por Angelina Jolie Brasil

Angelina Jolie encontrou sua voz. Mas antes disso, ela diz que a havia perdido.

A entrevista aconteceu entre várias horas de treinamento para retratar a cantora de ópera Maria Callas durante seus turbulentos últimos dias de vida, no filme em que a voz de Jolie será misturada com as famosas interpretações dramáticas de ópera da diva.

“Estou um pouco aterrorizada por fazer isso”, diz Jolie, 48 anos, que nunca se considerou uma cantora. “Eu sou aquele tipo de pessoa que sussurra ‘feliz aniversário’ durante o parabéns”, diz ela.

Durante as filmagens de “Malévola 2: Dona do Mal” em 2018, ela percebeu que sua voz havia mudado de tom desde quando interpretou a rainha das fadas pela primeira vez.

“Meu corpo reage fortemente ao estresse”, diz ela. “O meu nível de açúcar no sangue sobe e desce. De repente, tive paralisia de Bell seis meses antes do meu divórcio.”

Já se passaram sete anos desde que Jolie pediu o divórcio de Brad Pitt, pai de seus seis filhos. Já se passaram sete anos de negociações e ações judiciais sobre tudo, desde a custódia até a venda parcial de sua propriedade e vinícola provençal Château Miraval. Sete anos, diz ela, passando a maior parte do tempo em casa, pensando e evitando o trabalho que a afasta da família.

“Tivemos que nos curar”, diz ela. “Há coisas das quais ainda precisamos nos curar.”

Nesse período, Jolie apareceu em apenas cinco filmes, nada comparado ao ritmo de múltiplas estreias por ano que ela manteve de forma bastante consistente desde que interpretou uma punk de cabelo curtinho em “Hackers: Piratas de Computador” lançado no ano de 1995. A última vez que ela andou no tapete vermelho foi para promover o filme da Marvel de 2021, “Eternos”, fazendo poucas aparições públicas desde então.

Seu mais novo empreendimento, que foi lançado em novembro, não é uma linha de produtos de beleza com anúncios mostrando seu rosto – trata-se de uma empresa de moda sustentável onde os nomes dos alfaiates e dos clientes aparecem nas etiquetas ao lado da marca, Atelier Jolie.

Seu próximo filme será um longa internacional intelectual e não um sucesso de bilheterias de grande orçamento. No entanto, ela continua esmagadoramente famosa, uma verdadeira estrela de cinema global – quebrando com a névoa vaporosa das mídias sociais. Ela é indelével, apesar de suas grandes tentativas de desaparecer.

Jolie não pode ser conjurada em nossos feeds do Instagram para mostrar quais suplementos ela toma, o creme facial que ela desenvolveu ou o que usa no cabelo, como muitos de seus colegas fazem agora. Em vez disso, a sua presença nas redes sociais destaca fortemente o seu trabalho humanitário e seus comentários sobre os acontecimentos atuais, como a guerra entre Israel e Hamas.

Ela pode ser encontrada periodicamente em uma tela de 6 metros de altura interpretando Malévola, Lara Croft ou Jane Smith, mas também pode ser encontrada através das lentes das noticias sobre uma nação devastada pela guerra.

Quando ela se materializa pessoalmente, digamos em uma calçada nas ruas de Manhattan – silenciosa atrás dos óculos escuros e embrulhada em um casaco, como se fosse resultado de um cruzamento do século 21 com Greta Garbo e Elizabeth Taylor – parece estar realmente indo a algum lugar, muitas vezes, na companhia de um dos filhos. Estamos apenas a vislumbrando no limiar da sua vida real: o seu percurso desde o carro até à porta do hotel não é, de fato, o ponto principal.

“Eu não seria atriz hoje”, diz Jolie. Talvez teatro, ela alerta, mas não Hollywood. “Quando eu estava começando, não havia muita expectativa em ser uma figura tão pública e compartilhar tanta coisa.” Ela não lê nada sobre si mesma, diz ela. “Estou nisso há muito tempo e tudo o que havia para ser falado, já foi dito.”

Se ela tivesse atingido a maioridade no momento atual, Jolie poderia ser rotulada na categoria “bebê nepo”. Filha dos atores Jon Voight e Marcheline Bertrand, ela conseguiu seu primeiro emprego no filme estrelado pelo pai, “Lookin’ to Get Out”, que estreou quando ela tinha 7 anos. Na adolescência, ela tentou ser modelo, estudou Método de Interpretação e apareceu em videoclipes de bandas como Meat Loaf e Lemonheads, muitas vezes trabalhando para complementar a renda da mãe, diz ela.

Seus pais se separaram quando ela era apenas um bebê e Jolie abandonou legalmente o nome do pai em 2002. Ela tinha 20 e poucos anos quando conseguiu estrelar no filme “Garota, Interrompida”, interpretando uma paciente sociopata em uma instituição mental restritiva dos anos 1960 na adaptação das memórias de Susanna Kaysen. O papel rendeu a Jolie o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2000, mas ainda parecia que faltava algo. “Como cresci em Hollywood, nunca fiquei muito impressionada com isso. Nunca considerei isso muito significativo ou importante,” diz Jolie.

A fama inicial parecia esmagadora. Jolie era deprimida e, em alguns momentos, suicida, diz ela. O auge de sua carreira chegou quando sua mãe estava morrendo de câncer. Bertrand ensinou a filha a colocar uma mochila nas costas e partir em aventuras, diz Jolie, e isso se tornou um mecanismo de enfrentamento. “Eu queria fugir”, diz ela.

Jolie esteve em missões de campo e conheceu refugiados no Camboja, Tanzânia, Serra Leoa e Paquistão. Ela começou oficialmente seu trabalho com as Nações Unidas um ano depois de ganhar o Oscar. Em 2002, ela adotou seu filho mais velho, Maddox, em um orfanato no Camboja, país que visitou pela primeira vez durante as filmagens de “Lara Croft: Tomb Raider”.

“Há uma razão pela qual as pessoas que passaram por dificuldades também são muito mais honestas e muito mais conectadas, motivo pelo qual me sinto mais relaxada ao lado delas”, diz Jolie. Ela responde reflexivamente a uma pergunta inevitável: “Por que gosto tanto de passar um tempo com pessoas que sobreviveram e que são refugiadas? Elas enfrentaram tantas coisas na vida que isso traz à tona não apenas força, mas humanidade.”

Enquanto isso, em Los Angeles, “eu realmente não tenho… vida social”, diz Jolie. Ela afirma também que não está namorando ninguém no momento. “Percebi que meus amigos mais próximos são refugiados. Talvez quatro em cada seis mulheres de quem sou próxima tenham passado por guerras e conflitos”, diz ela.

Seus filhos cresceram desde os tempos de obsessão pelos tabloides, com o mais velho saindo da faculdade e o mais novo no ensino médio. As vozes deles são aquelas em que ela confia. “Eles são as pessoas mais próximas de mim e da minha vida, e são meus amigos mais próximos. Somos sete pessoas muito diferentes, essa é a nossa força”, diz ela.

Depois de tantos anos de fama, ela se resignou a alguns elementos da barganha faustiana. A cobertura constante dos paparazzi significa que ela não pode acompanhar os filhos em viagens ou atividades. “Você meio que não participa de momentos em que gostaria de estar”, diz ela.

O público – ou seja, no caso dela, essencialmente todo o mundo exterior – lhe deu uma carreira, diz ela.

“Eles também escolhem como querem que você seja. Desde que eu era jovem, as pessoas gostavam do meu lado que é bastante durão e talvez um pouco selvagem – essa é a parte que eu acho que as pessoas gostam. Você não quer ouvir sobre minha dor ou sobre a minha tristeza. Você sabe, isso não é divertido”, diz ela.

Jolie planeja deixar Los Angeles. “Isso é parte do que aconteceu depois do meu divórcio. Perdi a capacidade de viver e viajar com tanta liberdade. Mas vou me mudar assim que puder”, diz ela, e passar mais tempo em sua residência no Camboja.

“Eu cresci em um lugar bastante raso. De todos os lugares do mundo, Hollywood não é um lugar saudável. Então você acaba buscando autenticidade.”

Este ano, depois de duas décadas trabalhando com as Nações Unidas, Jolie passou a fazer parceria com os refugiados de uma forma mais direta. Nos seus discursos finais para a ONU, ela disse que estava frustrada com a falta de progresso na abordagem das causas profundas da atual crise global de refugiados.

Mais perto de casa, ela continua envolvida em uma disputa legal com Pitt com relação a propriedade de vinho francês da qual os dois foram donos, o Château Miraval.

Enquanto isso, Jolie está em uma encruzilhada na carreira. Profissionalmente, ela já trabalhou tanto em grandes franquias de filmes, que podem garantir enormes retornos de bilheteria, como em dramas independentes e menores. É uma estrutura que não mantém mais a mesma certeza: “Eternos” pode ter arrecadado US$402 milhões em todo o mundo, mas ainda foi considerado uma decepção.

Jolie pode afirmar estar menos interessada em Hollywood, mas o mundo também está menos interessado em Hollywood. As estrelas de cinema estão se tornando uma espécie em extinção, deixando a indústria com um vazio. Um dos poucos pontos positivos do cinema nos últimos meses não foi um filme de grande orçamento e repleto de estrelas, mas essencialmente um longa altamente polido da Taylor Swift.

Neste novo mundo, Jolie tem conseguido assumir projetos mais variados. Ela está participando das gravações de “Maria”, filme em que interpreta Maria Callas, seu primeiro papel em dois anos, cuja produção teve inicio em Paris no mês de outubro. (O filme obteve um acordo provisório com o sindicato SAG-AFTRA o que permitiu seu prosseguimento).

Recentemente, ela terminou seu quinto trabalho como diretora, “Without Blood” – um filme de guerra estrelado por Salma Hayek Pinault e Demián Bichir – cujo roteiro foi escrito por ela, baseado em um livro de Alessandro Baricco.

Ela está contratada para atuar em vários outros projetos, incluindo um terceiro filme sobre a Malévola. No ano passado, ela fechou um contrato internacional de cinema e TV com a empresa britânica Fremantle.

E ela também está produzindo um espetáculo da Broadway, “The Outsiders”, que estreia em abril. Jolie descobriu esta versão musical baseada no livro de S.E. Hinton, graças à sua filha mais nova, Vivienne, que agora trabalha como sua assistente. “Estou muito hifenizada!”, diz Jolie.

Este mês ela acrescenta mais um hífen ao inaugurar seu primeiro empreendimento de moda independente: o Atelier Jolie, uma incursão experimental na abordagem das vastas questões de sustentabilidade, produção e trabalho da moda. Dizer que se trata de uma linha de roupas sustentável desenhada, em parte, por Jolie e vendida em sua loja é muito simples.

“Se isto for explicado de forma muito simples, provavelmente não será tão gratificante. Na minha vida, eu nunca fui imediatamente compreendida”, diz ela.

Ela também parece ter uma necessidade quase compulsiva de trabalhar. “Eu não consigo parar. Eu sempre acho que parece que tem uma batalha chegando”, diz ela.

Jolie disse ainda que as pessoas riram quando contou sobre seu novo empreendimento: “Você, na moda? Não.”

“Eu nunca fui a um desfile de moda ou ao Met Ball em toda a minha vida”, diz Jolie. Ela sempre trabalhou com a Versace em vestidos personalizados para grandes momentos no tapete vermelho. Em vez de seguir de perto as tendências da moda, ela diz: “Eu adoro a individualidade e adoro a liberdade”.

Então, ao contrário de muitas empresas novas que lançam sem presença física no varejo, Jolie está abrindo um espaço físico no coração de NoHo, em Nova York, no antigo estúdio e casa de Jean-Michel Basquiat. Mais recentemente, foi um restaurante japonês.

A fachada é formada por uma tapeçaria de grafites em constante mudança feita por artistas de rua que deixam homenagens a Basquiat, incluindo uma enorme coroa. No interior, os clientes encontrarão roupas criadas por Jolie, seus colaboradores e outras marcas voltadas para a sustentabilidade.

Existirão padrões de costura para levar para casa, alfaiates e designers com hora marcada para personalizar as roupas. Os clientes poderão trazer peças que já possuem, para ajustes ou criar as suas próprias peças do zero usando tecido do estoque.

Haverá também um café, “Eat Offbeat”, que será dirigido por chefs refugiados e imigrantes. No espaço do café, as pessoas poderão criar ou comprar remendos (a partir de US$15) para costurar nas roupas.

Jolie planeja sediar eventos educacionais focados em técnicas como serigrafia, tachas e bordados. Em um provador semelhante a um estúdio no andar de cima, os clientes que desejam uma experiência mais de alta costura, podem marcar compromissos particulares como, por exemplo, para desenhar um vestido de noiva. Uma galeria incluirá obras de arte rotativas. O Atelier Jolie lançou recentemente uma coleção cápsula com a marca Chloé. Ela espera hospedar salões sobre temas como sustentabilidade e arte.

“Provavelmente, eu irei perder dinheiro durante um tempo”, diz Jolie. O aluguel do espaço de 6.600 pés quadrados estava anunciado por US$60.000 por mês durante o prazo mínimo de 10 anos; um representante da marca se recusou a divulgar os termos do contrato, mas disse que Jolie está pagando menos e não está comprometida com os dez anos. “Se eu conseguir colocar em prática algumas coisas que considero melhorias e conseguir empatar, será uma grande vitória.”

Ela procura responder a perguntas que muitos outros profissionais da moda exploraram com sucesso limitado. “O que seria um negócio ético? Estamos tentando fazer um pouco de engenharia reversa”, diz Jolie, que começou consultando advogados especializados em direitos humanos antes de abordar a sustentabilidade e o design circular. Ela e sua equipe estabeleceram um comitê para orientar a abordagem da marca em relação ao fornecimento e à produção.

“Eu não tenho as respostas”, diz Jolie. “Podemos evitar causar danos reais – não apenas à terra, mas também aos trabalhadores? É possível que eu possa ir a um lugar, goste de fazer roupas, goste de usar roupas e consiga não machucar ninguém? E na verdade talvez trate bem as pessoas?”

No dia a dia, Jolie admite ter um uniforme de mãe ocupada que é mais prático do que divertido: vestir um casaco com suas roupas de lazer para ficar elegante enquanto faz as tarefas. “Minha filha brinca que eu uso muito trench coats. É algo sobre se esconder”, diz ela rindo.

Muitas vezes, Jolie confia nas marcas Saint Laurent e Celine ao escolher vestidos, calças, suéteres e bolsas – peças que foram escolhidas, diz ela, para projetar uma imagem feminina e de segurança inabalável para seus filhos. Por quase 22 anos, ela diz: “Sou mãe e absorvi totalmente isso em quem eu sou”.

Ela diz que está mais confortável do que nunca com relação ao seu corpo. “É como se eu visse minhas cicatrizes e sentisse que vivi. Estou tendo grandes experiências e tenho o mapa desse complexo corpo que mudou com o tempo. Você e eu sabemos que uma mulher que está com a vida plena acaba sendo muito sexy.”

Jolie também participou de um vídeo, através do qual respondeu algumas perguntas sobre estilo, filhos etc. As fotos do ensaio foram adicionadas em nossa Galeria. Clique em qualquer uma das miniaturas abaixo para ter acesso ao álbum.

Fonte: WSJ. Magazine

Vídeo:

Fotos:

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REVISTAS & SCANS » 2023 » WSJ MAGAZINE (01x)
ENSAIOS FOTOGRAFICOS » 2023 » ANNEMARIEKE VAN DRIMMELEN (08x)
ENTREVISTAS » 2023 » THE ONE – WSJ MAGAZINE (95x)
Candids/ Itália

Angelina Jolie janta com colegas em Milão

29 de novembro de 2023

Na noite da última segunda-feira, dia 27 de Novembro de 2023, nossa musa inspiradora – Angelina Jolie – foi fotografada pelos paparazzis de plantão quando chegava a um restaurante na cidade de Milão, na Itália.

No jantar, também estavam presentes outros atores e cineastas que atualmente trabalham com Jolie na produção do filme “Maria”. Pierfrancesco Favino, Alba Rohrwacher e Pablo Larrìn foram fotografados quando deixavam o estabelecimento na companhia da atriz ganhadora do Oscar.

As filmagens de “Maria” foram realizadas na França, Grécia, Hungria e finalmente chegaram à etapa final. Agora, as gravações acontecerão na Itália, onde devem ser concluídas.

Baseado em relatos verdadeiros, o longa contará a tumultuada, bela e trágica história de vida da maior cantora de ópera do mundo, Maria Callas, revivida e re-imaginada durante seus últimos dias na cidade de Paris dos anos 1970.

O filme ainda não possui data de estreia prevista.

Várias fotos foram adicionadas em nossa Galeria. Clique em qualquer uma das miniaturas abaixo para ter acesso ao álbum.

Fotos:

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CANDIDS » 2023 » 27/11/23 (15x)
Candids/ Hungria/ Vídeo

Jolie é flagrada no Aeroporto de Budapeste

28 de novembro de 2023

No último domingo, dia 26 de Novembro de 2023, nossa musa inspiradora – Angelina Jolie – foi flagrada por alguns fãs quando chegava ao Aeroporto Internacional de Budapeste Ferenc Liszt, na Hungria.

A atriz estadunidense distribuiu sorrisos e fotos com os fãs que a aguardavam na entrada. Vídeos e fotos foram compartilhados pela fã Renata Taylor através de sua conta na rede social “Instagram”.

Jolie está instalada na cidade de Budapeste desde o mês passado, já que atualmente participa das gravações de seu mais novo projeto, “Maria”.

Baseado em relatos verdadeiros, o longa contará a tumultuada, bela e trágica história de vida da maior cantora de ópera do mundo, Maria Callas, revivida e re-imaginada durante seus últimos dias na cidade de Paris dos anos 1970.

Entretanto, ainda não sabemos se as gravações na Hungria já foram finalizadas ou se a atriz ainda retornará para o país.

Várias fotos foram adicionadas em nossa Galeria. Clique em qualquer uma das miniaturas abaixo para ter acesso ao álbum.

Fonte: Instagram

Vídeo:

Fotos:

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CANDIDS » 2023 » 25/11/23 (30x)
Ativista/ Filmes/ Produtora/ Refugiados/ We Dare to Dream

Em video, Jolie apresenta o filme We Dare to Dream

28 de novembro de 2023

Esta semana, aconteceu a Premiere do filme “We Dare to Dream” (Ousamos Sonhar) no Reino Unido e, antes do documentário começar, foi exibida uma mensagem de vídeo enviada pela cineasta e ativista humanitária, Angelina Jolie.

Dirigido por Waad al-Kateab, a produção mostra histórias urgentes e inspiradoras de atletas refugiados olímpicos e toca em temas como resiliência, inspiração, perda, pertencimento e esperança.

Ao longo de 98 minutos, o documentário evidencia o deslocamento forçado destas pessoas que já eram atletas antes de se tornarem refugiadas.

Em junho deste ano, Jolie se tornou Produtora Executiva do longa. Na época, através de um comunicado oficial, ela se manifestou dizendo:

“Desde que conheci Waad Al-Kateab, vi que ela é uma força do bem, com talento e visão extraordinários. Sua arte em explorar as experiências dos refugiados sempre permanecerá comigo e estou profundamente orgulhosa por estar ao lado dela em “We Dare to Dream”, em apoiar as questões que o filme explora e em apoiar as pessoas de todo o mundo que este filme excepcional procura elevar.”

O documentário dá luz para a vida dos refugiados que foram forçados a se deslocar, mas que não desistiram de buscar seus sonhos e de buscar novas oportunidades para mostrarem seus talentos em diferentes países ao redor do mundo.

No trecho do vídeo compartilhado esta semana, através das redes sociais, Jolie diz:

“[…] no qual Waas se tornou uma refugiada. Desde quando se instalou no Reino Unido, junto com sua linda família, Waad passou a ocupar um novo lugar no mundo e colocou toda sua energia e toda a sua força neste novo filme. “We Dare to Dream” nos mostra uma nova perspectiva de seu mundo ao lado de atletas refugiados que fazem parte da Equipe Olímpica de Refugiados. É também um corretivo super bem vindo dos estereótipos que afligem os refugiados já que são, frequentemente, retratados como um fardo para as sociedades. Eu trabalhei com refugiados durante 20 anos e eles são as pessoas mais corajosas, resilientes e capazes que você poderia desejar conhecer. A própria Waad personifica isso é neste espírito em que eu me sinto profundamente feliz em apresentá-la juntamente com este filme.”

Em meio a um número crescente de pessoas refugiadas no mundo, que já ultrapassa 110 milhões, o filme dá voz para as pessoas que viveram na pele, as consequências da guerra, das perseguições e das violações de direitos humanos. No entanto, para além dos desafios, o documentário destaca a esperança como uma forma de continuar a vida em outros países e a persistência dos atletas ao buscar seus sonhos por meio do esporte.

A diretora do filme, Waad al-Kateab, é jornalista e nasceu na Síria em 1991. Em 2016, ela começou a registrar a guerra em Aleppo, em uma série jornalística exibida na televisão. Ao lado de Edward Watts, dirigiu o primeiro documentário, “Para Sama” (2019), que retratou cinco anos de sua vida em meio ao conflito na Síria e foi indicado ao Oscar na mesma categoria. “We Dare to Dream” é seu segundo longa-metragem.

Infelizmente, o longa não está mais em exibição nos cinemas brasileiros e ainda não encontra-se disponível nos canais de streaming.

Fonte: ACNUR | The Hollywood Reporter | Twitter

Colaboradora/ Entrevistas/ Escritora/ TIME

Jolie entrevista ganhadora do Prêmio Nobel da Paz

23 de novembro de 2023

Nesta quarta-feira, dia 22 de Novembro de 2023, a revista “TIME” compartilhou em seu website oficial uma entrevista exclusiva feita pela ativista e cineasta estadunidense – Angelina Jolie – com Narges Mohammadi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. Jolie ainda escreveu o artigo, que foi traduzido na íntegra pelo Angelina Jolie Brasil. Confira!

Escrito por Angelina Jolie
Com reportagem de Kay Armin Serjoie

A laureada com o Prêmio Nobel da Paz deste ano não poderá comparecer à cerimónia de entrega dos prêmios que acontecerá em Oslo, no dia 10 de Dezembro. Narges Mohammadi está detida na famosa prisão de Evin, em Teerã, onde cumpre a sua terceira pena de prisão por defender os direitos humanos.

Ela é uma matemática e física que adora cantar e praticar montanhismo. Ela me disse que teria tido uma vida muito diferente em qualquer outro país do mundo. Mas a situação política no Irã não lhe deu escolha, fazendo com que ela dedicasse toda a sua vida na luta pela liberdade e pela igualdade em seu país.

Mohammadi foi espancada e sofreu maus-tratos na prisão. Ela ainda sofre com problemas de saúde, incluindo os efeitos de uma recente greve de fome. Ela está impedida de falar com os filhos e até mesmo de receber fotos deles. No entanto, ainda mantém a coragem de suas convicções. “Se eu tivesse que voltar para ao ponto de partida novamente, faria as mesmas escolhas com mais determinação e vontade,” disse ela. Convencida de que viverá para ver a vitória dos direitos sobre o despotismo, ela disse: “os muros da prisão nunca ficarão no meu caminho”.

As restrições à comunicação de Narges com o mundo exterior aumentaram desde a sua vitória do prêmio Nobel. Enviei algumas perguntas através da sua família e consegui falar brevemente com ela pelo telefone, por meios indiretos, antes que a linha fosse cortada abruptamente. Aqui está um trecho das nossas conversas:

Eu sempre quis visitar o Irã e espero que um dia consiga. Quando você pensa na sua infância, há algo que lhe vem à mente – seja uma lembrança bonita ou difícil – que pudesse nos ajudar a imaginar a vida de uma família iraniana?

Nasci em uma família de classe média. No Irã, as relações familiares são fortes não apenas entre parentes próximos, mas também entre os familiares mais distantes. A família da minha mãe era politicamente ativa e empenhada. Meu avô era um comerciante conhecido no Bazar Qeysariyeh da cidade de Zanjan. O filho dele e os netos eram ativistas políticos. Educados, em sua maioria, em universidades iranianas respeitáveis, eles eram também defensores da democracia e oponentes da tirania. O grande quintal da minha avó era onde brincávamos durante nossas infâncias.

Na revolução de 1979, uma parte significativa da família da minha mãe e alguns membros da família do meu pai foram presos. Estes acontecimentos acabaram ligando diretamente o mundo da minha infância com o mundo da luta e da resistência. Eu era apenas uma criança quando fui confrontada com a execução do filho de uma das minhas tias e com a execução da filha de uma outra tia, ambos eram professores. Eu não compreendia a palavra “execução”. A palavra “tortura” foi tão abruptamente introduzida na mente do meu filho que, sem qualquer compreensão do que ela implicava, eu senti medo e ódio dela. Na década de 1980, muitas famílias vivenciaram situações semelhantes. E nenhuma dessas dificuldades e sofrimentos impediu que nossa grande família fosse feliz e trabalhadora. A perspectiva sobre nossa vida futura era muito otimista e devo isso aos ensinamentos da minha família.

Minha mãe e minhas tias gostavam de cantar, dançar e tocar dayere. Elas criaram seus filhos com amor, alegria e satisfação, colocando todo poder e habilidade nisso. Minha mãe compartilhou toda sua força, amor e carinho com seus quatro filhos. Muitas famílias tinham crenças religiosas, mas não se identificavam com o conceito de governo religioso representado pela República Islâmica. Com o tempo e, através da tirania do governo religioso, elas começaram a se distanciar disto e finalmente se opuseram ao governo.

Um exemplo: o governo religioso permitiu que os homens tivessem até quatro casamentos simultâneos e colocou o homem como o chefe das famílias. No entanto, a realidade é que os homens estavam profundamente preocupados em reconhecer abertamente até mesmo um segundo casamento, sabendo que isso criaria uma reputação muito negativa e até os estigmatizaria na sociedade, algo que seria considerado imoral e incompatível com a cultura iraniana. Mesmo a legalização da discriminação contra as mulheres não tornou isso aceitável para a sociedade.

As meninas, apoiadas pelas suas famílias, especialmente por suas mães, frequentaram faculdades e universidades e conseguiram emprego. Tanto é verdade que, quando entrei na universidade, havia mais estudantes do sexo feminino do que do sexo masculino.

Meu pai era muito gentil, tolerante e atencioso. Ele não se opôs à nossa frequência na universidade, à nossa permanência nos dormitórios ou ao aluguel de um apartamento na cidade e ainda assumiu todos os custos e despesas relacionados, que não foram poucos. Essa era uma prática comum em nossa família, entre nossos conhecidos e isso acontecia enquanto morávamos numa cidade do interior.

Lembro que minha mãe evitava usar meias pretas, muito menos vestidos pretos. Ela usava roupas alegres e coloridas. O governo religioso nos obrigou, como filhas de uma mãe que era feliz, a usar sobretudos, calças, lenços escuros e pretos. Os valores das famílias iranianas eram diferentes dos valores promovidos pelo governo.

A imagem que o governo tirânico retrata do povo e da sociedade iraniana ao resto do mundo não corresponde à cultura viva, dinâmica, tolerante e atenciosa do povo e da sociedade iraniana. A maioria da sociedade iraniana se opõe ao uso obrigatório do hijab, mas o governo mata, prende e priva as mulheres de terem um emprego e dos direitos sociais por não se conformarem com essa compulsão. A maioria dos iranianos nunca entoa “Morte à América”, mas o governo afirma falsamente que o fazem.

Você pensou, enquanto crescia, que era possível ser presa? A vida que você leva é aquela que você imaginou que teria ou você imaginava algo diferente?

Eu me formei em matemática e física no ensino médio e, na universidade, selecionei física aplicada como minha especialização. Todos os meus primos, homens e mulheres, frequentavam a universidade e minha mãe não esperava nada de nós além de estudar. Eu pretendia continuar com a física até o doutorado. Enquanto estudava na universidade, também frequentei aulas de canto. Formei o Grupo de Montanhismo Feminino (Girls’ Mountaineering Group) que até então não existia na universidade e estabelecemos uma organização estudantil independente para atividades estudantis.

Meu fascínio pela “teoria da relatividade” de Einstein e pelo “princípio da incerteza” de Heisenberg, como um dos resultados mais essenciais da mecânica quântica, era tão grande que conduzi experimentos raros em laboratórios de ótica, lasers, física e química. Quando a universidade decidiu que alguns estudantes deveriam viajar de Qazvin para Teerã com a finalidade de realizar experimentos de física nuclear em física aplicada, eu estava entre os primeiros voluntários.

A década de 1990 foi a década dos protestos estudantis, dos movimentos das mulheres e da expansão da sociedade civil. O futuro dos meus estudos académicos foi fortemente influenciado pelos tumultuosos acontecimentos políticos e sociais no Irã durante este período. A criação de instituições e organizações para estudantes e mulheres e a participação em atividades jornalísticas para ajudar a criar e formar uma sociedade civil foi de uma importância tão imensa que colocou uma responsabilidade histórica sobre os nossos ombros.

A minha paixão e responsabilidade pela criação de uma democracia não estavam apenas enraizadas nos conceitos de “sociedade civil”, “democracia” e “direitos humanos”, que eram os princípios fundamentais do nosso tempo, mas também foram alimentados pela minha experiência de vida.

Testemunhei execuções, prisões, tortura e violações dos direitos das mulheres na escola, nas ruas e na sociedade desde a minha infância. Juntamente com o meu irmão e a minha cunhada, fui repetidamente detida pelos “comités revolucionários” e pela polícia da moralidade. Os direitos humanos eram, para mim, tão necessários como respirar para permanecer viva.

Eu sempre pensei que, se tivesse nascido num país europeu ou americano e tivesse tido uma experiência de vida diferente, poderia ter sido uma física ativa numa universidade ou em um laboratório que também defenderia os direitos humanos e a paz. No entanto, a realidade é que o meu percurso de vida me levou no sentido de me tornar uma defensora dos direitos humanos na sociedade iraniana, bem como a nível mundial. Alguém que, por acaso, também estudou física e trabalhou por algum tempo como inspetora profissional de engenharia.

Quais pessoas foram as maiores influências em moldar você para se tornar a mulher extraordinária que você é hoje?

A história da minha terra é formada pelas histórias das lutas das mulheres em busca da liberdade que quebraram tradições, algo que continuou até chegar ao movimento “Mulher, Vida, Liberdade” (“Woman, Life, Freedom”) de hoje. A poesia de Forough Farrokhzad, Parvin Etesami, o papel autoritário e rebelde de Tahereh Qurrat al-Ayn, bem como os papeis de mulheres como Farrokhroo Parsa – a primeira mulher ministra e representante do parlamento – e Zhinous Nemat Mahmoudi – a fundadora do Serviço Meteorológico Iraniano – são inegáveis e altamente influentes na história contemporânea do meu país. Ainda me lembro da foto de Forough Farrokhzad fumando um cigarro no quarto do meu irmão e de seus poemas representando as facetas da cultura feminista. Ainda me lembro da admiração da minha irmã pela iconoclastia de Qamar-ol-Moluk Vaziri, por cantar a música “Morq-e sahar” entre os homens e sem véu no Grand Hotel Lalehzar. Na universidade, conheci Sediqeh Dowlatabadi, uma forte defensora da libertação das mulheres. Quando Shirin Ebadi ganhou o Prêmio Nobel da Paz, vi o seu impacto significativo no avanço da cultura dos direitos humanos na sociedade.

Minha família tinha mulheres corajosas, trabalhadoras e resilientes que foram educadas, empregadas e altamente influentes. Os membros femininos da nossa família, tanto antes como depois da revolução de 1979, esforçaram-se para obter ensino superior e fazer uma entrada significativa na sociedade. Penso que foi uma estratégia inteligente e direcionada com o objetivo de quebrar as barreiras contra as mulheres e foi bem sucedida. As mulheres no Irã estão conscientes de que nunca toleraram qualquer forma de opressão ou discriminação. A trajetória do seu ativismo surge do histórico ativismo das mulheres, cujos alguns nomes se perderam ao longo do tempo.

Eu tive o privilégio de passar um tempo ao lado de muitas mulheres nos campos de refugiados que visitei em todo o mundo. Percebi que existem semelhanças com relação àquelas que foram deslocadas pela violência ou perseguição, que perderam as suas casas e a liberdade. Geralmente fico impressionada com o destemor delas e com a maneira como conseguem rir e se expressar, sem se deixar abater pelas experiências. Como vocês se ajudam em circunstâncias tão difíceis?

No total, desde 2012, estive presa ao lado de mais de 800 colegas de cela. Ter uma prisioneira política ao lado de mulheres que foram acusadas por homicídio, roubo e tráfico de drogas pode ser bastante desafiador. Do lado de fora, até parecia impossível coexistirmos. Mas a vida, com toda a sua beleza e nuances, continuou dentro dos muros e das grades.

No dia 24 de Dezembro de 2019, após severos espancamentos, entrei na prisão de Zanjan gravemente ferida. Uma das acusações contra mim – além de protestar contra o massacre de pessoas – foi a organização de festas com dança e música na ala feminina da Prisão de Evin, durante meu encarceramento. Na prisão de Zanjan, eu usava utensílios como pandeiros improvisados, dançava e cantava com as prisioneiras. Certa vez, no meio da nossa dança, o diretor usou o sistema de som para exigir que parássemos, pois a dança era proibida. Na ala política, a realização de sessões de discussão, grupos de estudo, reuniões de protesto, declarações e participar em atos de resistência criaram um terreno comum que foi capaz de fomentar a vida comunitária. Embora diferentes orientações políticas e ideologias conflitantes possam levar à discórdia e ao conflito, nós, ao enfatizarmos os nossos pontos em comum, tornamos a vida lá mais viva. Na minha opinião, a vida e a resistência estão interligadas e, fundamentalmente, a nossa luta é pela vida. Às vezes, mulheres com ideias e inclinações diferentes tornam-se tão próximas dentro da prisão… O que me faz pensar que, se isso pudesse acontecer também na sociedade, finalmente alcançaríamos comunidades e ideais humanos.

Nós nos reunimos para celebrar os aniversários das nossas companheiras de cela e até mesmo os aniversários dos seus filhos. O som do nosso canto e a alegria chega às enfermarias masculinas, fazendo com que os diretores do sexo masculino reclamem do que acontece na ala feminina. Este é o som da nossa vibrante vida.

Me imagino na sua situação – e espero ter metade da sua coragem. Não consigo imaginar como suportaria ser separada dos meus filhos e o quanto me preocuparia com eles, provavelmente mais do que me preocuparia comigo mesma. Como você lida com isso? Você consegue falar com sua família?

Após o nascimento dos meus gêmeos, Ali e Kiana, fui detida três vezes. Na primeira vez, eles tinham 3 anos. Kiana havia passado por uma cirurgia e estava constantemente em meus braços. De repente, à noite, forças de segurança masculinas invadiram a nossa casa e fui presa.

Não consigo descrever em palavras como foi aquele momento. Kiana estava com febre e não conseguia me soltar. Suas mãozinhas, ardendo de febre, agarravam-se ao meu pescoço e eu tive que, com minhas próprias mãos, soltar seus dedinhos e confiá-la aos braços do meu marido, Taqi. Kiana chorava e gritava: “Mãe, não vá!”. No meio daqueles homens agressivos e cruéis, eu peguei o Ali, coloquei ele para dormir e o deitei na cama. Mas Kiana sabia que algo ruim estava para acontecer e não fechava os olhos. Tive que sair de casa diante de seus olhos febris. Quando desci as escadas, Kiana gritou: “Mãe, vem me dar um beijo!”. Olhei para o homem de rosto severo e ele fez um gesto para que eu fosse. Subi correndo as escadas e beijei Kiana. Minhas pernas ficaram fracas. Mais uma vez desci as escadas. Os gritos de Kiana ficaram mais altos: “Mamãe Narges, vem me dar um beijo!”. Mais uma vez subi as escadas e a beijei. Não sei como sobrevivi ao descer.

Na segunda vez, Taqi deixou o Irã. Ali e Kiana tinham 5 anos. As forças de segurança invadiram a casa da minha mãe. O terceiro e último adeus foi quando meus filhos tinham 8 anos. Eu os levei para a escola. As forças de segurança cercaram o quintal e a casa e depois fui para a prisão. Depois de dois meses, Ali e Kiana deixaram o Irã. A noite da fuga deles durou uma eternidade para mim. O dia 17 de Julho de 2015 – a partida de Ali e Kiana do Irã – é ainda mais inesquecível para mim do que o dia 28 de Novembro de 2006, o aniversário deles.

Penso que ter sido presa na frente dos meus filhos, suportar o confinamento solitário, não ver os seus rostos e não ouvir as suas vozes, foi insuportável para além de qualquer palavra, lógica ou crença. Mas durante todos estes anos, o sonho de liberdade e de igualdade para minha terra natal e a realização dos direitos humanos e da democracia na minha sociedade deram sentido a este sofrimento para mim.

De 17 de Julho de 2015 a 16 de Julho de 2016, e também de Agosto de 2019 a Agosto de 2020, fui proibida de entrar em contato com Ali e Kiana. Estou banida até hoje. Muitas vezes solicitei permissão para fazer ligações para eles, mas os pedidos foram recusados. Os sonhos são meus únicos pontos de conexão com Ali e Kiana. Mas toda vez que os vejo em meus sonhos, eles ainda têm a mesma idade e os mesmos rostos de quando tinham 8 anos, quando foram separados de mim pela última vez.

A maioria de nós não consegue imaginar ser presa pelas nossas convicções e viver em países onde esse não é um risco que enfrentaríamos. Mas sinto como se hoje houvesse mais mulheres presas em todo o mundo, do que em qualquer outro momento que me lembro, simplesmente por suas crenças na igualdade básica e nos direitos humanos. Qual é a sua impressão sobre as causas profundas e como as sociedades mudam? Você vê algum motivo para otimismo?

Eu sou uma feminista que acredita que a violência contra as mulheres é uma das formas de opressão mais prevalecentes, profundamente enraizadas e históricas. As instituições religiosas, econômicas e governamentais são mais antigas e mais poderosas do que as instituições de direitos humanos.

É inevitável que, ao examinarmos as causas da opressão contra as mulheres, encontremos a raiz dessa perseguição: nomeadamente as instituições religiosas, econômicas e governamentais, e isto prepara o terreno para uma luta difícil e severa.

A nossa luta para abolir o hijab obrigatório é uma luta contra a ditadura do estado religioso, que levou à formação de um grande e revolucionário movimento. Na minha opinião, a democracia e os direitos humanos são impossíveis sem a realização dos direitos das mulheres. É a realização dos direitos das mulheres que garante a democracia

Estou muito esperançosa quanto aos desenvolvimentos futuros no Irã, no Oriente Médio e no mundo, e esta esperança exige de mim mais ação, mais esforço e luta o que acaba me impulsionando para a frente. A esperança aumenta minha motivação para resistir e continuar lutando. Sei muito bem que a vitória não é fácil, mas é certa.

Muitos de nós ficamos maravilhados com a coragem das mulheres do Irã – e dos muitos homens que as apoiam – e também zangados e enojados ao ver a resposta violenta das autoridades. Você tem alguma palavra para suas compatriotas ou mesmo para aqueles que lhe prenderam injustamente?

As mulheres e os jovens do Irã formam as forças mais radicais, difundidas e influentes que buscam mudanças profundas e transição na sociedade. O movimento revolucionário “Mulher, Vida, Liberdade” afetou, mudou a composição e o alinhamento das forças políticas, das tendências intelectuais e até mesmo das camadas da sociedade religiosa. Agora é a hora de nos levantarmos, nos posicionarmos e resistirmos. Nós nos tornamos uma força influente e reconhecida no mundo e esta é uma oportunidade para a nossa sociedade dar um salto em direção à democracia, à liberdade, à igualdade e aos direitos humanos. Aspiramos por uma “transição pacífica do regime religioso autoritário” e continuaremos a luta até alcançarmos o objetivo do movimento: democracia e direitos humanos.

Tenho acompanhado a trágica história de Armita Geravand que, tal como Mahsa Jina Amini, morreu num encontro com a polícia da moralidade. O que você ouviu sobre o caso, se puder comentar com segurança?

A dor deste terrível incidente foi profunda e impiedosa porque o governo tentou impedir a divulgação da verdade através de informações falsas, mentiras e duplicidade. O esforço do governo para enterrar a verdade é mais aterrorizante e angustiante do que as suas ações para eliminar os seus opositores e manifestantes.

Ameaças implacáveis das forças de segurança impediram que a história de Armita fosse contada por seus colegas e por seus parceiros. Sua família, diante das câmeras estaduais, não conseguiu nem gritar de agonia para salvar a vida de sua querida filha. O governo transmitiu à sociedade a terrível mensagem de que pode matar os nossos filhos, mas nós não podemos sequer gritar a verdade e a nossa dor. A grande dor aqui é o sepultamento da verdade por um regime cujos fundamentos são construídos sobre mentiras e falsidades.

O seu Prêmio Nobel da Paz tem algum significado especial para você? Para as pessoas que estão conhecendo seu trabalho pela primeira vez, há algo que você gostaria que elas soubessem?

Nós, o povo do Irã, conseguimos transformar a nossa exigência nacional num grito de guerra que se tornou o nome do nosso movimento. Recitar “Mulher, Vida, Liberdade” no pódio do Prêmio Nobel da Paz é uma mensagem muito poderosa e significativa para o povo do Irã, mostrando que a sua voz foi ouvida pelo mundo.

A escolha de uma ativista dos direitos humanos como ganhadora do Prêmio Nobel da Paz traz autenticidade e legitimidade aos movimentos sociais e de protesto no Irã e no Oriente Médio que visam provocar mudanças fundamentais no sentido de alcançar a democracia e os direitos humanos. Também reforça a determinação e os esforços necessários para estabelecer uma sociedade civil – pré-requisito necessário da democracia. Através da minha irmã, descobri que Ali e Kiana ouviram falar da minha atribuição ao Prêmio Nobel da Paz enquanto estavam na escola.

Hoje em dia, as presas que entram me dizem que estão sendo entrevistadas e penso comigo mesma que, quando deixaram o Irã ainda não eram capazes de falar a língua farsi corretamente, mas agora estão sendo entrevistadas em razão da minha liberdade. Isso enche meu coração de emoção.

Quando soube que tinha recebido o Prêmio Nobel da Paz, o nome Mahsa-Jina Amini emergiu das profundezas do meu ser. Este movimento é adornado com seu lindo nome e dedico este prêmio a ela.

A ditadura não só aprisiona, tortura e executa pessoas, não só silencia as vozes da oposição, não só ameaça a liberdade de expressão e de crença, não só transforma as universidades em quartéis e zonas de segurança, não só restringe escritores ou censura livros e jornais. A ditadura destrói a própria vida. Aprisiona o amor no coração dos jovens, despedaça o mundo das crianças, acorrenta a felicidade e transforma sonhos em arrependimentos. Ditadura e guerra são duas faces da mesma moeda.

Somos afligidos pela governança de um governo religioso despótico e, até que façamos a transição deste estado religioso despótico para a democracia, para a liberdade e para a igualdade – que será o glorioso dia da vitória – não desistiremos. Nesse dia abraçaremos a liberdade e cantaremos o doce hino da vitória enquanto dançaremos e nos regozijaremos nas ruas e becos das nossas cidades. E nesse dia, seguraremos calorosamente as mãos daqueles que nos apoiaram em todo o mundo. Que nossas mãos permaneçam unidas, pois este apoio reforça nossa força.

• Fonte: TIME