Em vídeo, Jolie fala sobre violência sexual e de gênero
11 de outubro de 2020
Nesta sexta-feira, dia 09 de Outubro de 2020, a “United Nations Association of the United States of America” (UNA-USA) publicou em seu canal oficial no YouTube uma vídeo conferência realizada por Rachel Bowen Pittman, Diretora Executiva da organização, com Angelina Jolie, Enviada Especial do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (UNHCR / ACNUR).
Também participaram da conversa, a representante dos Estados Unidos, Chrissy Houlahan, e a diretora executiva do United Nations Population Fund (UNFPA), Dra. Natalia Kanem. Durante o vídeo, Jolie falou sobre a violência de gênero, violência doméstica e sexual:
“Eu acho que nunca estive, eu sei que nunca estive, em uma missão humanitária, em nenhum país, onde não conheci vítimas de violência sexual e de gênero. E posso contar para você, desde a primeira vez, quando eu conheci uma menininha que estava se balançando e chorando, enquanto explicavam pra mim o que havia acontecido com ela e o que ela tinha visto. É um horror enorme. Está em todos os lugares. É verdade que, nós sabemos, cerca de 137 mulheres morrem por dia pelas mãos de seus companheiros. E isso não acontece muito longe daqui, nos campos de refugiados ou em outros lugares, isso acontece nos ambientes domésticos em todo mundo. Existe pouquíssimo trabalho que busca responsabilizar as pessoas que praticam esses crimes. Quase toda vítima que eu conheci, quando questionada sobre o que ela estava precisando, dizia “justiça, por favor!”, algo que elas nunca conseguem.
[…] “Existem regiões do mundo em que há hospitais inteiros dedicados a fístula e, para quem não sabe o que é isso, é um doença que aparece em vítimas de estupro ou em crianças que engravidam muito cedo, que faz com que o corpo crie fissuras internas e vaze. Eu não vou entrar em detalhes, mas como assim tem que existir um hospital inteiro dedicado para isso? Nós estamos falhando tanto que a solução não é parar os estupros, proteger as meninas, as crianças, dar segurança à comunidade, criar medidas, mas sim fazer hospitais para que essas pessoas possam ser “costuradas” de novo. Repetitivamente. E eu já estive nesses hospitais onde a avó, a mãe e a filha, todas foram estupradas e abusadas e nenhuma teve justiça. Nós estaremos continuando com este ciclo, se não reconhecermos o que está acontecendo globalmente. Quando as mulheres não tem seus valores reconhecidos, quando elas não vêm que o mundo está disposto a responsabilizar quem as abusou, quando elas continuam a ver as pessoas indo embora e não fazendo nada, o que isso diz para elas? Como nós as valorizamos? Nós sequer as valorizamos? Elas significam alguma coisa para nós? O fato da justiça responsabilizar quem as violentou, significa algo para nós? Porque nossa falta de ação diz tudo e, para alguém que foi vítima de violência, o que elas mais precisam, o que um especialista em trauma diz, é que elas precisam ser reconhecidas. Elas precisam reconhecer seus valores. Então sim, os fundos não são aplicados onde precisam ser, nós apenas fingimos que são. Quando dizemos que todos os direitos importam e que as meninas importam, isso não é a realidade. Nós precisamos responsabilizar quem faz isso”.
Fonte: YouTube – United Nations Association of the USA
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