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Jolie concede entrevista para a revista Hello! britânica

11 de março de 2018

Entrevista por Charlotte Jolly
Tradução por Guilherme Leite

Angelina Jolie chegou em Paris com seus seis filhos. Ela voou de um campo de refugiados na Jordânia nas primeiras horas da manhã e tem uma reunião agendada com a primeira dama da França, Brigitte Macron, no dia seguinte. Mas quando a atriz ganhadora do Oscar se sentou com a Hello! para essa entrevista exclusiva, ela não mostra nenhum sinal da agenda agitada que ela tem seguido.

Ela é carinhosa e amigável com seu grande sorriso e sua pele luminosa escondem sua falta de sono. Como uma das mais importantes mães e atrizes do mundo, ela poderia ser perdoada por querer um tempo só para ela, mas isso não faz parte do seu perfil. Quando nós perguntamos se ela queria encontrar um tempo para relaxar, ela diz: “Na verdade não. Eu sou esse tipo de gente. Me deixa louca quando me falam que preciso relaxar. Eu acho que muitas mães na verdade não descansam. E de alguma forma nós encontramos prazer nisso. Digo, até se eu tentar tomar um banho [de banheira], eu vou acabar levando pelo menos duas das minhas crianças comigo, o que é adorável. Eu não trocaria isso por nada.”

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Angelina, que foi nomeada como Enviada Especial das Nações Unidas em 2012, depois de anos de serviço dedicado à causa dos refugiados, está falando com nós antes do Oscar, onde o filme ‘The Breadwinner’, do qual ela é produtora executiva e conselheira, foi indicado a Melhor Animação. Seu rosto se ilumina quando ela fala de seus filhos Maddox, 16, Pax, 14, Zahara, 13, Shiloh, 11, e seus gêmeos, Knox e Vivienne, de 9 anos – que estão com ela hoje no histórico instituto da Guerlain, que fica atrás do monumento Arco do Triunfo.

Ela descreve seus filhotes como seus “melhores amigos” – eles viajam o mundo com ela em suas viagens humanitárias, a ajudam nos sets de filmagem e são clicados com ela no tapete vermelho. Angelina está aqui como garota propaganda do perfume Mon Guerlain, e passou a manhã fazendo ensaios e propagandas para a nova edição Florale. As crianças também estiveram ocupadas, com o renomado perfumista Thierry Wasser dando à família um workshop sobre fragrâncias enquanto eles criavam seus próprios perfumes.

“Pax foi ótimo”, disse Angelina, “Mas eu não mandei bem. Thierry disse que tinha muito sândalo no meu”.

Notícias das visitas da atriz se espalharam e um grupo de fotógrafos se empoleirou na frente do prédio. Mas, como tudo, ela segue em frente. Ela dá créditos a sua mãe Marcheline Bertrand, que faleceu de câncer de ovário em 2008, por seu estoicismo. Marcheline foi quem atraiu Angelina para a Guerlain. “Ela dificilmente usava maquiagem, mas ela guardava esse pó compacto deles específico para ocasiões especiais. Eu cresci vendo da Guerlain como uma marca francesa muito, muito chique.”

Aqui, Angelina se abre sobre sua vida atual, suas paixões e como ela está criando seus filhos.

Angelina, você teve uma chance de descansar desde que chegou em Paris?
“Não ainda. Nós tivemos um longo dia ontem e eu cheguei a 1 da manhã. Eu acordei às 8h para fazer isso aqui e uma pessoa me disse, ‘Sabe o que você precisa fazer? Descansar’, e eu fiquei tipo, ‘Do que você tá falando?’, eu sou esse tipo de pessoa”.

Nos conte sobre sua afiliação com a Guerlain.
“Eu sempre associei [a marca] com algo muito especial e feminino. Me lembra da França e o que isso significava para minha mãe. Se você vai divulgar um produto e encorajar outras mulheres a gastar dinheiro nisso, você tem que acreditar que vale a pena. Nós tivemos que ter certeza de que o perfume estava perfeito, até o frasco, tudo. Não tinha como eu não amá-lo. Há uma linguagem ao redor de sua essência e eu não sou boa em falar sobre notas olfativas, mas o novo Eau de Parfum Florale é especial.”

Sua mãe foi uma fonte de inspiração para você. Você ainda é guiada por ela?
“Minha mãe tinha uma enorme influência em mim, e isso me faz questionar tudo o que ela não pôde vivenciar o bastante na vida dos meus filhos e, para eles, como seria ter uma avó. É difícil para mim quando as pessoas falam que algumas coisas ‘foram feitas para acontecer’ ou que ‘algumas coisas acontecem por uma razão’. Ela não estar aqui me faz questionar tudo isso. Quando nós falamos sobre ela e vemos suas fotos, porque algum deles se lembram dela, Mad em particular era muito próximo dela: ‘Sabe tudo de bom que a mamãe tem? Ela era tudo isso. Tudo que você ama na mamãe, quando eu sou a ‘melhor’ e vocês gostam das minhas histórias, ou quando vocês acham que eu estou sendo muito doce, carinhosa e divertida – essa era a minha mãe. Todo o resto, as outras coisas estranhas, isso é meu. O resto, bom, é dela.”

Que valores você tenta passar para seus filhos?
“Para valorizar os outros. Se você vive sua vida e anda por aí pensando só em você mesmo e nas suas próprias necessidades e desejos, então você não só está vivendo uma vida egoísta mas também acaba tendo uma vida bem infeliz, imagino. E é aí que tudo fica errado. As guerras e hostilidade, a feiura e falta de humanidade do mundo vêm dessa falta de empatia real por alguém. Se você consegue valorizar outros, acho que as coisas se equilibram naturalmente na sua vida. Quando você não vive com percepções ignorantes e pequenices, você se abre de uma forma linda.”

Existem conversas na indústria de cosméticos sobre banir o termo “anti envelhecimento”.
“Não sabia disso, mas é interessante. Você não pode implicar que envelhecer é ruim, e é essa a conotação que o ‘anti’ passa. Eu não acho que alguém possa pensar que proibir o termo é suficiente. Há muito ainda a ser feito para fazer as pessoas se sentirem confortáveis com elas mesmas e para nos ajudar a abraçar nossas diferenças. Mas não é onde o meu foco tem estado. Eu tento em focar a maior parte do meu tempo nas mulheres, na paz, segurança e o direito das mulheres.”

Como co-fundadora do Iniciativa para Prevenção da Violência Sexual (PSVI), você tem esperança de que os movimentos #MeToo e #TimesUp façam diferença?
“Sempre que aparecem conversas sobre esses problemas, é ótimo. É importante manter o diálogo aberto. Tomar consciência e sentir raiva disso é bom, mas, por mais que falamos, sempre precisaremos de ações. As pessoas têm trabalhado nessas questões há muito tempo, os problemas são tão profundamente enraizados e há muita pouca justiça feita. E se não há responsabilidade e as leis não mudam, não estamos ajudando as mulheres em todos os países – as mulheres que enfrentam os piores tipos de abusos. Se não pudermos ajudá-las a conseguir justiça, então não estamos fazendo o bastante. Com o PSVI, estou focada em unir os países e suas ONGs, trabalhando em suas leis e ensinando na Faculdade de Economia de Londres. Os estudantes lá são incríveis. Eu aprendo muito quando estou lá.”

Como atriz e cineasta, você teve que lidar com discriminação sexual?
“Eu tendo a não pensar dessa forma. Quando eu estava começando eu não pensava assim. Recentemente eu trabalhei em um filme na Ásia e com artistas asiáticos e, de algum modo, eu estou mais ciente de suas faltas de oportunidade. Eu poderia te dizer onde eu acho que as coisas poderiam ter sido mais fáceis para mim, mas foi muito mais fácil para mim do que para outros.”

Em 2014, a Rainha te condecorou como Dama Honorária por seu trabalho humanitário. O que isso significou para você?
“O trabalho que eu faço para o PSVI é incrivelmente importante para mim, então receber reconhecimento disso pela Vossa Majestade significou muito. Eu quero continuar trabalhando, melhorar o que faço e fazer jus à esse tipo de reconhecimento.”

Você passa muito tempo no Reino Unido. Você poderia se descrever como uma Anglófila (afinidade pela cultura, costumes e tudo relacionado ao Reino Unido)?
“Bom, eu amo o Reino Unido, mas eu sou muito nômade. Eu sou bem ‘cidadã do mundo’, e eu imagino que meus filhos também serão. Eu sempre penso como estaremos espalhados nos próximos anos, considerando todos os lugares para quais já viajamos e todas as coisas que eles vão querer fazer na vida. Mas eu me realmente me sinto em casa quando estou na Inglaterra. Eu amo levar as crianças à loja Hamleys, e eles adoram os parques”.

Fotos:

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