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Angelina Jolie fala sobre o sofrimento em Gaza

30 de julho de 2014

Artigo escrito por Husam Sam Asi

O número crescente de vítimas civis, especialmente crianças, do bombardeio constante que acontece em Gaza, tem comovido milhões de pessoas ao redor do mundo, mas apenas algumas celebridades em Hollywood – que constantemente se vangloriam de seus trabalhos humanitários – não tiveram a coragem de dizer alguma coisa, com medo de ser rotulado de anti semita ou algo assim. No entanto, aquelas celebridades que tiveram coragem de expressar sua empatia com o sofrimento dos civis e das crianças palestinas – como por exemplo, Selena Gomez, John Cusack, Madonna, Mia Farrow e Mark Ruffalo – foram vítimas de ataques agressivos, ameças e foram tachados como ignorantes que não entendem o que realmente está acontecendo. Hoje, eu tive a chance de conversar com Angelina Jolie, nos Estúdios da Universal, onde ela estava divulgando seu novo filme, “Invencível” (Unbroken). Ela, provavelmente, entente mais do que ninguém em Hollywood, sobre os conflitos ao redor do mundo. Como Enviada Especial da UNHCR, a atriz ganhadora do Oscar já viajou para todos os cantos do Oriente Médio e visitou muitos campos de refugiados ao redor do mundo, doando milhões de dólares e dando apoio moral e político.

Assim como milhões de pessoas ao redor do mundo, Jolie se entristece com as imagens de dor e sofrimento vindas de Gaza.

“Eu simplesmente não consigo imaginar alguém que não tenha ficado com o coração partido ao ver todas essas crianças passando por tanta dor e sofrimento e, como mãe, eu mal… [ela faz uma pausa ao se emocionar] eu me forço a assistir aos noticiarios e ler os jornais, mas dói e é tão profundamente triste, porque parece não existir algo que possamos fazer. Se eu soubesse de algo que eu pudesse fazer ou pudesse dizer, para pôr, de alguma forma, fim a esse conflito ou ajudar com o cessar fogo, eu, com certeza, tomaria alguma atitude em algum momento”.

Enquanto isso, Jolie monitora a situação através da UNHCR e dos seus contatos em diferentes países, focando em encontrar uma oportunidade de conseguir o cessar fogo, com a finalidade de obter ajuda o mais rápido possível em Gaza.

“Nós estamos tentando conseguir algo o mais prático, urgente e imediato possível, porque para uma solução política necessária é algo que eu certamente não obtenho resposta, mas eu rezo para que as pessoas continuem lutando para conseguir um cessar fogo.”

A maior parte dos 1.8 milhões de pessoas que vivem em Gaza, é formada por refugiados que foram forçados a sair, por volta de 1948, de suas casas que, hoje, ficam em Israel. Nas últimas três semanas, 400 mil deles ficaram desabrigados, novamente, por conta do conflito atual. Com o número de refugiados em todo mundo ultrapassando mais de 51 milhões – maior que o número de refugiados durante a Segunda Guerra Mundial – Jolie adverte que o dinheiro está acabando e que muitos estão com suprimentos escassos. A ironia é que o país que mais contribui com relação aos refugiados – Estados Unidos – é também o maior exportador de armas. A destruição em Gaza foi executada por armas americanas sofisticadas e com a ajuda de dinheiro americano doado a Israel. No entanto, os Estados Unidos são o primeiro país a enunciar uma doação de 45 milhões de dólares à Gaza, recentemente.

“Honestamente, eu acho que nós temos que olhar para a situação como um todo, de como estamos lidando com essas questões ao redor do mundo, e como podemos melhorar a segurança humana e não somente a segurança de um Estado”

Fonte: UK Screen