Jolie e Hague participam de conferência contra estupro
28 de março de 2014
Nesta sexta-feira, dia 28 de Março, o Ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, e a Enviada Especial da UNHCR, Angelina Jolie, participaram de uma conferência militar, na qual, pediram pelo fim da utilização do estupro e da violência sexual como arma de guerra. A conferência é parte da visita à Bósnia, realizada 10 semanas antes da Cúpula Internacional para acabar com a Violência Sexual em Conflitos, que deve acontecer em Londres, na Inglaterra, durante os dias 11, 12 e 13 de Junho deste ano.
Em 2012, Jolie e Hague uniram forças para lançar a iniciativa “Preventing Sexual Violence Initiative” (Iniciativa de Prevenção à Violência Sexual), que busca acabar com a violência sexual utilizada em conflitos, assim como também, acabar com a impunidade existente com relação a esses crimes nos dias de hoje. Confira abaixo o discurso feito por Angelina:
“É maravilhoso estar de volta a Sarajevo e é um verdadeiro privilégio estar falando com vocês hoje: soldados de uma região que passou por uma terrível guerra, e que agora, estão ajudando a manter a paz em outras nações. Como soldados, vocês entendem como a dor da guerra atinge mulheres e crianças, e por quê eles devem ser protegidos. Para muitas pessoas na Bósnia, a ajuda do mundo veio muito tarde. Eu sei, profundamente, como vocês se sentem. A responsabilidade de proteger surgiu, em parte, por conta desta amarga experiência. Então, é inspirador o fato de que as forças de paz internacionais estejam sendo treinadas, aqui na Bósnia, para proteger civis da violência sexual. Isto é inovador.
O estupro utilizado em zonas de guerra tem sido tabu em todos os países. Vocês estão ajudando a quebrar estes tabus e a redefinir os soldados do século 21. Pois não haverá paz enquanto mulheres estão sendo estupradas impunemente em zonas de conflitos e de pós conflitos. E a manutenção da paz requer um forte vínculo de confiança com as comunidades locais, que só pode existir se elas sentirem que a presença de vocês em seus países, lhes deixam mais seguras. Então, este treinamento irá ajudar vocês a cumprir suas missões de forma mais bem sucedida.
Por muito tempo, tem sido aceito que o estupro simplesmente acontece na guerra. Mas vocês que estão no exército, sabem que é muito mais do que isso. Nas guerras de hoje, os civis não são atingidos somente pelo fogo cruzado, eles são, muitas vezes, o alvo principal. O bombardeio de parques, os lançamentos de bombas em hospitais, são projetados para aterrorizar comunidades indefesas. O uso do estupro como arma de guerra é um dos mais angustiantes e um dos mais selvagens crimes praticados contra civis. Esta forma de estupro é tão brutal, com uma violência tão extrema, que é até difícil falar sobre isso. Normalmente, nestes casos, estão envolvidas gangues de estupro, tortura e mutilação. Os estupros são praticados na presença dos outros famíliares das vítimas, para que as famílias se separem. Os agressores, normalmente, buscar atacar isoladamente vítimas muito jovens ou muito idosas, para causar uma enorme vergonha e um enorme sofrimento. Homens e garotos também são alvos, pelo mesmo motivo. O estupro é utilizado como ferramenta de guerra porque é muito destrutivo e porque os autores ficam impunes. Acabar com isto tem que ser uma prioridade para casa missão de paz.
Até agora, milhares de pessoas foram estupradas nas guerras. Seu objetivo, como soldados , deve ser o de proteger toda mulher, homem ou criança, do estupro. Eu sei que para isso, vocês precisam ter o treinamento certo, os recursos certos e a ordem certa, de seus governos e das Nações Unidos. O Ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Hague, e eu estamos trabalhando nisso, juntamente com a ONU e com os governos de 141 paises. Mas ajudar mulheres e crianças vulneráveis deverá, muitas vezes, ser feito por vocês.
As vezes, você estará entre uma criança e a violência que irá marcá-la para sempre. As vezes, você poderá ser a primeira pessoa que uma vítima sobrevivente de estupro, encontrará, além de seus familiares. Você poderá estar em situações em que os piores estupros são praticados por homens armados, e alguns, até de uniforme.
Suas ações podem fazer a diferença entre um processo bem sucedido ou entre a impunidade dos agressores. As patrulhas que vocês fizerem, podem significar que as mulheres não terão mais de escolher entre sair para pegar lenha, água e ser estuprada ou ver seus filhos passarem fome. A presença de vocês pode significar que as famílias poderão mandar seus filhos para as escolas, e que as vítimas poderão ver justiça. Vocês, ainda, poderão servir de exemplo para as Forças Armadas das outras nações, poderão servir de exemplo do que significa ser um soldado e poderão ensinar atitudes positivas em relação às mulheres. Diante de tudo isso, vocês são modelos para os seus países. Eu espero que vocês vejam isso como inspiração – assim como eu vejo.
Está em nossas mãos o poder de acabar com a utilização do estupro como arma de guerra: mudar a vida de milhões de pessoas e transformar a paz e a segurança internacionais. Está em nossas mãos. Como sempre, vocês estarão na frente, arrizando suas vidas com o que é essencial. Assim, é uma honra estar aqui, e eu agradeço muito pelo trabalho de vocês.”
Fonte: GOV.UK
Depois da conferência, Jolie e Hague visitaram ainda o Memorial do Genocídio de Srebrenica em Potocari, assim como também a Instituição Medica Zenica – uma organização não governamental especializada que oferece apoio continuo psico-social e médico a mulheres e crianças vítimas da guerra e da violência sexual.
Considerado um dos eventos mais terríveis da história recente, o massacre de Srebrenica é o maior assassinato em massa da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Foi o primeiro caso legalmente reconhecido de genocídio na Europa depois do Holocausto. Sem maquiagem, a atriz se emocionou ao visitar o local. Chorando, ela depositou uma coroa de flores em memória das vítimas.
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