Jolie participa de reunião com Conselho de Segurança da ONU
24 de junho de 2013
Na manhã desta segunda-feira, dia 24 de Junho, a atriz e Enviada Especial da UNHCR – Angelina Jolie – e o Secretário de Relações Exteriores do Reino Unido – William Hague – levaram a campanha para acabar com o estupro e com a violência sexual nas zonas de guerra ao Conselho de Segurança da ONU.
Em uma reunião que começou em torno das 10:00 da manhã na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, os dois irão pedir para que um projeto, que visa reforçar os mecanismos em todo o sistema da ONU em combater o estupro nas zonas de guerra, seja adotado enquanto encorajam os Estados-Membros da ONU a tomar medidas em nível nacional para acabar com esse horrível crime. De acordo com o artigo disponibilizado pelo site oficial do Governo Britânico, Angelina deve realizou um pronunciamento dizendo:
“Senhor Presidente, Senhor Secretário Geral e Ministros das Relações Estrangeiras, é uma honra estar neste Conselho. Agradeço ao Secretário de Relações Exteriores, Hague, por liderar o Reino Unido.
O Conselho de Segurança foi criado há 67 anos e foi testemunha de 67 anos de guerras e conflitos. Mas o Conselho de Segurança ainda tem deve considerar o estupro em zonas de guerra como uma séria prioridade. Centenas de milhares – se não milhões – de mulheres, crianças e homens foram estuprados em zonas de conflitos durante nossa vida. Os números são tão grandes e o assunto é tão doloroso que nós temos que parar e lembrar que por trás de cada número, existe alguém com um nome, uma personalidade, uma história, e sonhos que não são diferentes dos nossos e dos nossos filhos. Vamos ser claros sobre o que estamos falando:
Jovens meninas são estupradas e engravidadas antes mesmo dos seus corpos estarem realmente prontos para carregar uma criança, desenvolvendo fístulas. Meninos portam armas e são forçados a abusar sexualmente de suas mães e irmãs. Mulheres são estupradas com garrafas, galhos de madeira e facas com a finalidade de causar o maior dano possível. Crianças e até mesmo bebês são tirados de suas casas e violentados. Eu nunca irei esquecer os sobreviventes que eu conheci ou o que eles me disseram:
Uma mãe em Goma teve sua filha de cinco anos de idade, estuprada quando saía de uma delegacia de polícia, na frente de todos. Ou a mulher que eu conheci na semana passada advinda da Síria que pediu para eu escondesse seu rosto e seu nome porque ela sabia que se falasse sobre os crimes cometidos contra ela, ela seria atacada novamente – e possivelmente, seria morta.
O estupro é uma ferramente de guerra. É um ato de agressão e é um crime contra a humanidade. Ele é praticado intencionalmente para destruir uma mulher, uma família e uma comunidade. Ele estraga vidas e é combustível para os conflitos. A Carta das Nações Unidas é clara:
Vocês, o Conselho de Segurança, tem a responsabilidade primária pela manutenção da paz e da segurança internacional. O estupro como arma de guerra é um atentado contra a segurança. E no mundo em que esses crimes são praticados, nunca haverá paz. Enfrentar a violência sexual nas zonas de guerra é, portanto, de sua responsabilidade, assim como também, é responsabilidade dos governos dos países afetados por isso. O fato é que, em muitas zonas de conflito, não existe governo que assuma sua responsabilidade. Portanto, não existe proteção e não existe responsabilidade. Quando os governos não podem agir, o Conselho de Segurança da ONU deve intervir para assegurar liderança e assistência. Estes crimes acontecem não porque são inerentes à guerra, mas porque o mundo permite.
A menina de cinco anos que foi estuprada por seu agressor sabia que ele iria escapar deste crime. E o fato de não ser tratado como prioridade pelo mundo, houve apenas alguns processos contra centenas de milhares de vítimas. Elas sofrem mais nas mãos de seus estupradores, mas elas também são vítimas da cultura da impunidade. Esta é a triste, perturbadora e vergonhosa realidade. Eu entendo que existem muitas coisas difíceis para o Conselho da Segurança da ONU chegar a um acordo. Mas a violência sexual em conflitos não deve ser uma delas.
Este é um crime de estupro de crianças, não é algo que alguém desta sala não possa concordar. Os erros e os acertos deste debate são simples e as ações que precisam ser tomadas já foram identificadas. O que é preciso é vontade política e é isto que está sendo pedido aos seus países hoje:
Agir com o conhecimento do que é certo e do que é injusto e mostrar a determinação de fazer algo a respeito disso. Todos os países do mundo são afetados pela violência sexual de uma forma ou de outra, do abuso doméstico à mutilação genital feminina. Assim, todos os países tem a responsabilidade de agir. Mas o ponto de partida deve ser o Conselho de Segurança da ONU, assumindo suas responsabilidades e mostrando liderança.
Às mulheres nos campos de refugiados, ou àqueles que estão tentando sobreviver em comunidades dilaceradas pela guerra, não há poder maior no mundo que pode apoiá-los. Esta jovem síria vítima de estupro está aqui porque vocês a representam. Essa criança de cinco anos no Congo deve ser levada em conta porque vocês a representam. E no ponto de vista dela, se o seu agressor não for responsabilizado por seus crimes, é porque vocês permitiram. Se o Conselho de Segurança da ONU definir o estupro e a violência sexual como uma prioridade, o progresso estará feito. Se não definir, este horror irá continuar. Agradeço e incentivo os países que já estão dando um poderoso exemplo. Eu peço a todos vocês a adotar e implementar a Resolução. Assim, todo os autores irão ser responsabilizados e as vítimas poderão finalmente se sentir mais seguras. E, por favor, não deixem esse assunto morrer quando vocês deixarem esta câmara: cumpra seus compromissos, debata este assunto em seus parlamentos, mobilize as pessoas em seus países e leve isso em toda sua política externa de modo que, juntos, vocês consigam virar a maré da opinião pública, acabando com a impunidade e finalmente, colocando um fim a este horror. Obrigada.”
Fonte: GOV.UK
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