Fonte: UOL
O filme dirigido pela atriz Angelina Jolie, que conta uma história de amor em meio a guerra da Bósnia, teve sua estreia em Sarajevo. Vinte anos depois dos combates, a diretora e o marido, Brad Pitt, foram à cidade para a Premiere de “In the Land of Blood and Honey.” A procura pelos ingressos foi tão grande que a exibição teve que ser transferida para o estádio olímpico.
Cinco mil pessoas aplaudiram o longa. A recepção da platéia foi emocionada. Um homem conta que todos os que estavam em Sarajevo, na guerra, sabem o que aconteceu, e que há centenas de histórias como a do filme. Uma mulher conta que estava na cidade durante a guerra e o filme a comoveu muito. Já outra diz que o filme é muito bom e que ela está feliz que tenha sido feito.
Em entrevista à BBC, Angelina contou que tinha medo da reação dos bósnios ao seu filme. “Você sabe que as pessoas aqui serão lembradas dos momentos mais dolorosos de suas vidas.” A atriz e diretora ficou em dúvida se as pessoas iriam se sentir a vontade com o assunto, se iriam se sentir mal, isso a deixou aterrorizada. Mas na estréia, quando todos se levantaram para aplaudir, ela teve vontade de chorar. Mas as divisões impostas pela guerra que acabou com a Iugoslávia, continuam.
Na parte sérvia do país, Angelina Jolie e seu filme, que mostra o processo brutal de remoção de centenas de milhares de não sérvios de suas casas, não são bem vindos. Dragan Mutapdzija, veterano sérvio da guerra, conta que os sérvios nunca negaram que crimes foram cometidos. Mas foram crimes de indivíduos, e não de uma nação. Para ele, o filme demoniza uma nação e o sérvios são mostrados como vilões.
Angelina nega que o filme não seja equilibrado, para ela a guerra não foi equilibrada. “Não entendo as pessoas que falam que o filme teria que ser equilibrado, pois a guerra não foi desse jeito. Elas querem um equilibrio que não existiu. Não querem ver as atrocidades. Algumas pessoas até quererm negar que tenham acontecido. Estas pessoas vão ficar com raiva.”
Do lado de fora do estádio, onde antes havia um campo de pouso, hoje há um cemitério, criado em 92, para enterrar os mortos na guerra. As feridas de guerra ainda não foram curadas e este filme mostra um país que ainda não se reconciliou com o passado.
Angelina, ainda, teria sido ameaçada pelo seu trabalho no filme. Segundo o jornal inglês “The Guardian,” mensagens foram enviadas ao email da atriz logo após a estreia do filme no Festival de Berlim. Membros da equipe também sofreram com ameaças. Um ator teve os vidros dos carros quebrados durante as filmagens e outro membro da equipe teve o celular clonado. “Essas ameaças chegaram até mim pela internet. A equipe nunca comentou comigo sobre esses incidentes mas eu soube através de outras pessoas sobre o que estava ocorrendo”, disse ela.
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