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Jolie estampa capa da revista Vogue México

25 de novembro de 2024

Nesta segunda-feira, dia 25 de Novembro de 2024, a revista Vogue México compartilhou em seu website oficial a capa de sua edição do mês de Dezembro, que traz nossa musa inspiradora – Angelina Jolie.

Além de uma nova entrevista, a revista publicou também um novo ensaio fotográfico exclusivo registrado pelo fotógrafo Dan Martensen. Confira a matéria completa abaixo, traduzida na íntegra pelo Angelina Jolie Brasil:

Por Vogue México

Parte desta breve, mas necessária introdução, é enfatizar um dos lançamentos mais esperados para esta época do ano. Trata-se de “Maria Callas”, o filme dirigido pelo chileno Pablo Larraín que, depois de “Jackie” (2016) e “Spencer” (2021), com esta narrativa visual, cria o encerramento de uma trilogia de mulheres que deixaram sua marca na história e na cultura, bem como sua própria homenagem à ópera. E quem melhor do que ele para conversar com a nossa estrela da capa sobre uma mulher que continua a ser uma figura de certo mistério e fascínio, que na sua humanidade evoca uma magnificência singular que vai além do eco da sua voz?

Pablo Larraín: Sei que a maioria das pessoas pergunta sobre como era sua relação com a ópera antes de fazer o filme, mas quero saber sobre sua relação com a ópera agora que terminamos e durante o processo de filmagem.

Angelina Jolie: “Bem, eu adoro ópera agora. Mas logo depois das filmagens, eu não conseguia ouvir. Não que eu não pudesse, mas percebi que precisava me afastar dela por alguns momentos. Acho que também é porque fiquei muito emocionada e ela, de alguma forma, me fazia voltar a certos lugares. Mas agora eu ouço ópera o tempo todo, ouço mais do que tudo, eu adoro. E… acho que você já me ouviu dizer isso antes, que não é como quando você cresce e tem certos sentimentos sobre certas coisas na vida. Agora sinto que quando quero mergulhar nas partes mais profundas de mim, da vida ou dos meus pensamentos, ouvir ópera é algo que me ajuda a manter os pés no chão. É por isso que ouço, reflito e ela me ajuda a encontrar o meu centro.”

Pablo Larraín: Lembro que uma das coisas mais lindas para mim foi como você trouxe um novo ângulo à personagem e à história. Como você conseguiu isso? Foi algo que você encontrou em entrevistas ou ouvindo a música dela? Foi algo que veio da Maria ou realmente não pertencia à ela?

Angelina Jolie: “Acho que foi algo que vi nela. Sinceramente, auto-piedade não é algo que me comove… mas foi sobre algo que encontrei nela porque não tenho a mesma reação emocional quando vejo um ser humano fazendo o possível para manter a cabeça erguida e seguir em frente. Acho isso muito comovente e acho que ela era esse tipo de pessoa. Eu costumo fazer isso (seguir em frente) e isso é algo que reconheço nela. Assisti entrevistas, as quais vimos muitas vezes, e nelas você vê a maneira como as pessoas diziam aquelas coisas terríveis, fora de tom ou faziam perguntas rudes a ela. Mesmo quando as pessoas faziam essas coisas, você via que ela tinha que controlar os nervos, manter-se firme para não se desestabilizar. Acho que, naquela época, foi algo que ela teve que fazer, mas acho que, como ser humano, também se tornou natural para ela.”

Pablo Larraín: Há uma coisa que me lembro que você disse não só para mim, mas também para outras pessoas sobre suas aulas de canto. Depois de fazê-las você acha que as pessoas deveriam tentar fazer aulas também?

Angelina Jolie: “Podemos começar com você? (risos). Porque houve coisas que eu não pensei ou considerei antes. Como artista, eu fiz algumas. Estudei o método Strasberg, técnicas de respiração entre outras coisas; é como quando você chora e se ouve gemer. Esses sons são as emoções que você expressa. Eu realmente não tinha entendido o quanto retemos as coisas em nosso corpo, o quanto carregamos ao longo da vida e como tudo isso muda e afeta o nosso som e a nossa voz. E não estou falando apenas da parte audível da nossa voz, mas da nossa voz real: a forma como nos comunicamos uns com os outros. E eu percebi desde o início, quando tive que respirar fundo e soltar tudo, e no meio disso, também tive que soltar minha voz de verdade… a qual eu não usava, porque foi onde carreguei a minha dor particular, a minha doçura e muitas coisas que sentia que não possuía, que não me sinto segura em deixar sair, implicava também em possuir algo com o que não queria lidar. Então eu falo para as pessoas: faça aulas de canto, porque se você conseguir se conectar com sua própria voz e som, você pode realmente se conectar com muitas outras coisas, não apenas com dor ou raiva, mas também alegria e prazer. […] Existe algo que ocorre nessas lindas peças musicais, que você não pode cantar a menos que consiga acessar uma certa parte de si mesmo.”

Pablo Larraín: Poucas pessoas sabem disso, mas Maria Callas queria levar a ópera para onde ela realmente pertenceu por mais de 500 anos: para o povo, de volta às massas, longe do sistema teatral que é administrado hoje […] O tempo dirá se conseguiremos isso com este projeto, mas você, sendo uma pessoa conhecida, pode ajudar nisso. Como você sente que sua fama, independentemente do conceito por trás dela, pode ajudar a ópera a ser acessível a outras pessoas?

Angelina Jolie: “Isso para mim seria a realização de um sonho, porque é uma forma de arte que amo e valorizo profundamente… e acho que foi justamente por isso que no início fiquei um pouco hesitante, porque é sobre a Maria, e eu não queria levar algo a mais… às vezes, quando você é uma pessoa pública há muito tempo, as pessoas têm ideias diferentes sobre você, porque já te viram em coisas diferentes. É difícil se perder em um papel e não se distrair de maneira negativa. Eu tinha muita consciência disso porque eu a respeito muito, é claro. Mas eu também sabia que tratava-se de algo que você já havia feito com seus filmes, sei que é algo que você expressa: você ajudou a criá-la (Maria), porque já fez isso em outras obras e com atrizes que realmente puderam se comprometer com o trabalho. É por isso que a obra assume o controle da peça e da história. Não é que você não se importa, mas seu interesse está nas coisas certas. […] Não fui educada com ópera, nem fui educada a entender Puccini ou Verdi, então de certa forma me senti muito intimidada e senti que eu precisava ter essa educação, porque não era sofisticada. Senti que estava além de mim, mas depois descobri o contrário: descobri que está tão profundamente na experiência humana que serve para todos e me sinto grata por Maria querer romper com esses conceitos e levá-los de volta, com o objetivo de que a ópera não seja desfrutada apenas pelas elites, mas que seja aberta e possa se conectar com todos.”

Pablo Larraín: Eu te vi e encontrei uma atriz com muita disciplina para trabalhar no papel, mesmo esse papel sendo muito assustador […], mas isso é algo em comum com Maria, que sem dúvida tinha uma ótima voz, mas trabalhava diariamente com ela […] E acho que é isso é uma coisa que as pessoas não pensam sobre você, em termos do quanto você trabalha duro para realmente fazer a sua parte. E quando você me contou isso, eu lembro que você me disse ser muito trabalhadora e que estava lá para fazer o que tivesse que fazer…

Angelina Jolie: “Significa muito para mim que você tenha percebido isso e que soubesse o quanto eu queria dar tudo de mim e me comprometer com isso. Claro, também vi você trabalhar. Acho que isso também vem com a sua liderança: você atrai pessoas que querem trabalhar duro. Sim, sempre tive orgulho disso […] Acho que uma pessoa criativa sempre quer estar crescendo e eu quero sempre ser desafiada, gosto de sentir isso. Acho que também tem a ver com a relação que tenho comigo mesma e com a sensação de que não estou melhorando. Então, se estou trabalhando, quer dizer que estou fazendo algo que não é fácil, algo que não entendo muito. Sempre me coloco em situações em que não sou a pessoa mais inteligente da sala, ou não entendo tudo o que está acontecendo, mas sei que muita criatividade e crescimento humano vêm de estar completamente desconfortável, mas trabalhando pesado. Então, acho que é onde me sinto feliz… E também posso ser culpada por não saber relaxar (risos). Nem sempre posso tirar férias. Acho que não sou muito diferente da Maria, apesar de sermos pessoas completamente distintas, não somos tão diferentes assim. Lembro que trabalhei desde os 14 anos para ajudar minha mãe a pagar as contas… Não me lembro de ter deixado de trabalhar ou de fazer alguma coisa.”

Pablo Larraín: Lembro de uma coisa que te contei quando fui ao oftalmologista, sobre como fiquei surpreso com o quanto ele sabia sobre Maria Callas. Descobri que era fã dela e ele me contou que Maria tinha um problema nos olhos que a fazia enxergar muito pouco, não mais que cinco centímetros de distância e por isso ela não via elementos como o maestro ou o diretor da orquestra, mas é muito interessante, porque ela não usava óculos em público, a não ser nos últimos anos de sua vida. Como você abordou esse lado de Maria?

Angelina Jolie: “Bom, uma coisa que poucos sabem sobre mim é que também fui míope, por isso usava óculos quando era jovem e depois fiz uma cirurgia a laser. Não foi por vaidade, apenas não queria usar óculos […]. No palco, provavelmente teria dificuldade em ver a pessoa do outro lado ou em ler coisas. Por isso eu tenho essa leve compreensão de como (Maria Callas) se sentiu; Acho que isso te coloca em um lugar onde você fica um pouco mais isolada. Você não tem certeza da expressão da pessoa do outro lado da sala, não tem certeza do mundo ao seu redor da mesma forma que alguém que pode ver perfeitamente. E acho que isso a tornou mais isolada, mais reservada, mais incompreendida, e acho que também, obviamente, mais vulnerável. Também fiquei triste por ela, pensar em quando ela era pequena e foi mandada para um conservatório e sua mãe colocou tanta pressão nela; percebi que ela tinha que ser incrível, não importa o que acontecesse. Ela tinha que se tornar uma cantora de ópera, pois não tinha outra escolha… isso me fez respeitá-la ainda mais.”

Pablo Larraín: Eu sei que tenho cabelo curto e barba (risos), mas vamos fazer um exercício de imaginação. Por favor, imagine que eu me levanto da cadeira, saio, Maria Callas entra e senta no meu lugar. O que você teria dito se tivesse alguns momentos com ela?

Angelina Jolie: “Acho que diria a ela que realmente gosto dela como pessoa e que me importo. Depois, com certeza eu diria que sairíamos a noite toda e que seríamos apenas duas garotas se divertindo, relaxando e não levando tudo tão a sério. Sim, acho que teríamos nos dado bem…”

Várias fotos foram adicionadas em nossa Galeria. Clique em qualquer uma das miniaturas abaixo para ter acesso aos álbuns.

• Fonte: Vogue México

Vídeo:

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