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Angelina Jolie apresenta prêmio a Nadia Murad

26 de maio de 2021

Nesta quarta-feira, dia 25 de Maio de 2021, a Enviada Especial do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados – Angelina Jolie – participou dos “Advocacy Awards”, um evento organizado pela International Refugees que acontece anualmente.

Através de vídeo conferência, Jolie apresentou um dos prêmios para Nadia Murad, uma ativista dos direitos humanos, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2018 e Embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico Humano das Nações Unidas.

Assista o vídeo e leia o emocionante discurso, traduzido na íntegra por nosso colaborador Gui:

“Nós conhecemos Nadia Murad por seu corajoso posicionamento com relação aos sobreviventes Yazidi e por seu trabalho com a ONU ao redor do mundo. Mas como Nadia mesmo disse, ela não nasceu para dar discursos.

Ela nunca quis ter saído da vila de Kocho onde nasceu: a mais nova de onze filhos, a bebê da família, que acordava todos os dias com o barulho de sua mãe assando pão num forno tandur; que ajudava com a colheita e com a tosa dos animais; que gostava de história na escola e pensava que poderia virar professora; que brincava com maquiagem e que sonhava em abrir um salão de cabeleireiro.

Essa jovem garota, criada na antiga fé e tradições do povo Yazidi, deveria ter sido capaz de viver uma vida pacífica. Ela deveria ter tido a chance de arrumar o cabelo de suas amigas para seus casamentos como ela imaginava. De dar aula na escola local, ou concorrer ao parlamento. Ela deveria ter tido a chance de ver sua mãe envelhecer.

Ao invés disso, durante duas longas semanas, seu vilarejo foi cercado pelo Estado Islâmico. Os moradores esperaram, presos e sem defesa, por uma ajuda que nunca chegou. A família da Nadia sabia o que significava ser sequestrado pelo estado Islâmico, assim como nós também sabemos. E para mim, esse é um dos aspectos mais dolorosos na história da Nadia.

Nós gostamos de pensar que esses desastres acontecem da noite para o dia. Mas, na verdade, eles se desdobram lentamente, com muitos momentos nos quais o curso da história poderia ter sido mudado e as mortes de pessoas inocentes poderiam ter sido evitadas. Nós temos que perguntar:

Por que vivemos em um mundo em que as minorias, como os Yazidis ou os Rohingya, vivem existências tão precárias? Por que ainda existem tantas pessoas entre nós, que são ameaçadas pela diferença? Como a limpeza étnica e o genocídio ainda podem ser cometidos tão facilmente e com tão poucas consequências aos culpados? Quando estupro em massa e o abuso de mulheres se tornaram normais? Por que as vidas de algumas pessoas, em alguns países, importam tão pouco? Como pode ser aceitável que existam mais de 80 milhões de pessoas vivendo deslocadas de suas casas; 80 milhões de pessoas que compartilham aspectos da mesma experiência que Nadia?

Eu sinto muito, Nadia, que no momento mais mais importante, você e sua família estavam sozinhas. Vocês deveriam ter sido protegidos. E ao invés disso, agora você luta para proteger os outros. No seu livro, você escreveu: “Ser forçada a deixar sua própria casa, por medo, é uma das piores injustiças que um ser humano pode enfrentar. Tudo o que você ama, lhe é roubado. E você arrisca sua vida para viver em um lugar onde você não é querido.”

Eu reconheço a injustiça dessa descrição, quem não reconhece? Mas eu sinto que falo em nome de muitas pessoas, quando digo que você é querida. E mais do que isso, você é necessária. Sua coragem e seu compromisso com a justiça é um exemplo e um caminho para todos nós. Tenho o prazer de apresentar a você, e à Nadia’s Initiative, o Refugees International’s Award.”

Fonte: YouTube

 

Vídeo:


Link: https://fb.watch/5KDlzvotEM

Capturas:

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