Angelina Jolie concede entrevista a Mariane Pearl
26 de maio de 2017
Ela, agora, mora em Malibu, junto com seus seis filhos e, por este motivo, sempre será uma mulher comprometida. Musa do novo perfume “Mon Guerlain”, ela falou à sua amiga, Mariane Pearl, sobre seus planos e sobre seu estado de espírito.
“Eu acho que a partir do momento que você se torna mãe, seus desejos e objetivos se tornam algo secundário. São as necessidades e os sonhos dos seus filhos que prevalecem,” diz Angelina Jolie. Se os seus dois divórcios anteriores, dos atores Jonny Lee Miller (em 1999) e Billy Bob Thornton (em 2003), pareceram não afetá-la, desde o anúncio oficial de sua separação do ator Brad Pitt, em setembro do ano passado, a atriz parece enfrentar a situação com menos segurança. E ele também.
Ao invés de ver os dois tentando mudar, nós gostaríamos de acreditar nos rumores que dizem que eles podem se amar de novo: ele, sozinho com seu buldogue, dedicando-se a esculturas e confessando à revista “GQ” que teve tudo na vida, inclusive, como se diz publicamente, “um problema com o álcool”; e ela, passando um momento em família (ela até voltou a ver o pai, o ator Jon Voight) depois de divulgar seu filme mais recente, “First They Killed My Fahter”, no Camboja.
Segundo os rumores, Jolie teria ficado emocionada ao saber que Brad Pitt tinha decidido lutar contra o alcoolismo. Ela escolheu instalar em Malibu, não longe dele, em vez de viver em Londres. Aparentemente, as coisas ficaram mais calmas entre eles. Assim como ela disse, com lágrimas nos olhos, à BBC, na única entrevista televisiva desde setembro, e como ela nos explicou nesta entrevista exclusiva de hoje “aconteça o que acontecer, nos somos e sempre seremos uma família”.
Um pouco mais fortalecida, ela deseja proteger os seus seis filhos, incluindo a pequena Shiloh, que faz 11 anos esta semana, que se chamava de John e que nem Angelina nem Brad querem obrigar a usar vestidos. Uma família complexa, como todas as outras, mas que o amor que une. É este laço que a estrela quis compartilhar conosco, em comemoração ao Dia das Mães, já que ela amava tanto a sua.
Angelina Jolie pediu-nos para ser entrevistada por Mariane Pearl, a mulher do jornalista Daniel Pearl, que foi interpretada pela atriz em 2007 no filme “O Preço da Coragem”. Desde 2005, as duas se tornaram grande amigas, e para a entrevista, elas toparam se encontrar em Los Angeles.
Por Mariane Pearl:
Eu reencontro minha amiga Angelina no dia das mães para conversarmos sobre sua mãe, Marcheline Bertrand. A propaganda que ela recentemente gravou para o perfume da Guerlain, é uma homenagem a esta mulher que, sempre teve graça e elegância… Nossa amizade vem desde 2005. Nossos filhos, Adam e Maddox, também são amigos desde a infância. Eles assistiam juntos “Mogli: O Menino Lobo” enquanto nós tentávamos nos enganar sobre nossas habilidades na cozinha. Doze anos mais tarde, no mês de Abril, aqui estamos nós, sentadas na cozinha da casa que Angelina Jolie alugou em Los Angeles. Os seis filhos, que eu vi crescer, estão sendo escolarizados em casa. Enquanto nós conversamos, eles fazem os deveres no quarto ao lado.”
Mariane Pearl – Você pode falar sobre a sua mãe e sobre o como ela lhe influenciou a ser a mulher que é hoje?
Angelina Jolie – A minha mãe era muito doce e de uma grande simpatia, era alguém que nunca colocava seus interesses pessoais em primeiro lugar e eu acho que a sua maior felicidade na vida foi a de ver os seus filhos realizados. Ela me inspirou muito com sua maneira de ser e com tudo o que ela me ensinou. Mas o seu falecimento em 2007, também me fez aprender muito. Isso fez com que me desse vontade de estar realmente presente para os meus filhos, e de tomar conta de mim e da minha saúde.
M.P – A sua mãe era uma pioneira, ela também era um ativista, você se lembra desse aspecto de sua personalidade?
A.J – Eu deveria ter uns 10 anos, na primeira vez que ela me levou para um jantar de caridade organizado pela Amnistia Internacional. Ela me vestiu com as melhoras roupas. Eu aprendi muito nesse dia, a respeito de uns prisioneiros que se encontravam injustamente detidos. A minha mãe me educou com uma consciência de mundo, ela me contava, várias vezes, sobre as causas que a emocionavam. Ela me levava para ver artes “underground”, ela me mostrou filmes estrangeiros, os clássicos europeus… Nossas prateleiras transbordavam com livros interessantes e as pessoas que ela convidava, ficavam fascinadas com seu modo de ser.
M.P – Você achava que ela era uma pessoa intelectual?
A.J – Ela jamais será descrita dessa forma, mas ela tinha uma grande sabedoria. Ela tinha uma graça interior e tinha verdadeiros valores, tais como a gentileza e a nobreza de sentimentos.
M.P – Você acha que ela teria gostado do novo perfume da Guerlain, do qual você é garota propaganda?
A.J – Ela teria adorado, tenho a certeza. Ela sempre gostou da Guerlain e foi por este motivo que eu aceitei trabalhar para eles.
M.P – Você fala dela aos seus filhos?
A.J – Claro que sim, ela teria sido uma grande avó! Nós ouvimos, várias vezes, os outros dizerem que, na vida, certos acontecimentos tem uma razão de ser. Mas eu não consigo entender porque é que ela não está conosco hoje. Eu sei o quanto ela teria contribuído para a felicidade dos meus filhos e eu fico triste por eles não terem tido a oportunidade de conhecê-la. Eu faria qualquer coisa para ter ela perto de mim neste momento. Eu preciso dela e até converso com ela, muitas vezes, na minha cabeça. Eu tento imaginar o que ela me diria e como me guiaria.
M.P. – Os seus filhos geraram mudanças em você?
A.J – Eu acho que a partir do momento que você se torna mãe, ou pai, seus desejos e objetivos se tornam algo secundário. São as necessidades e os sonhos dos seus filhos que prevalecem. O seu presente pertence a eles. É incrível ver como eles crescem tão rápido,, como tornaram-se seres singulares e ao mesmo tempo fortes e doces. Eu observo a maneira como eles absorvem os conhecimentos, do que eles gostam, o que eles veem no mundo que os revolta, ou o que faz com que percam a paciência. É uma fonte infinita de aprendizagem.
M.P – Que significa ser mãe para você?
A.J – É o melhor presente e a maior das responsabilidades. É fazer tudo o que você pode, para viver à altura dos seus valores, e experimentar ser um exemplo para os seus filhos.
M.P – Você tem medo da adolescência deles?
A.J – Não. Porém, sendo mãe, ou pai, você se preocupa, é inevitável. Você tem que protegê-los e permitir que voem com as suas próprias asas, mas eu estou realmente impressionada pela força deles e eu adoro quando eles dizem o que pensam.
M.P – Você acha que existe uma força comum nas mães, que poderia servir de base para encontrar soluções aos conflitos e aos impasses políticos que estão sempre piorando?
A.J – Na minha opinião, seria totalmente falso pensar que só porque somos mães, a paz nos diz mais respeito. A paz é um desejo interior no ser humano. Mas também e uma realidade baseada em provas e é verdade que, no decorrer da história, as mulheres foram excluídas das negociações da paz. E ainda é, muitas vezes. Temos que conseguir mudar isso. Não é uma questão das mulheres terem mais poder que os homens. Trata se de equilíbrio e de sabedoria, de trabalhar juntos na sociedade para que todos e todas possam equitativamente participar nas tomadas de decisões e de construir o futuro dos nossos países.
M.P – A maternidade, durante muito tempo, foi vista como um sacrifício: nós damos a vida para os nossos filhos, você acha que ainda é o caso?
A.J Eu não vejo a maternidade como um sacrifício, para mim é um privilégio.
M.P Como você vê o compromisso feminista nos Estados Unidos?
A.J Eu acho que há uma renovação do ativismo em geral, no mundo inteiro, não só nos Estados Unidos. Parece que as pessoas estão ficando mais conscientes a respeito da importância da politica. As pessoas querem fazer com que suas vozes sejam compreendidas, com relação às escolhas que afetam, ou que influenciam, a maneira como seus países se relacionam com o resto do mundo. Nós precisamos deste espírito internacional.
M.P – Quais são os seus projetos?
A.J – Meu trabalho e minhas viagens estão muito limitados neste momento, por razões pessoais. Mas espero, com impaciência, pela nossa próxima viagem, no Dia Mundial dos Refugiados, em 20 de Junho. Nós vamos viajar para a África e as crianças adoram esse continente. Eu acho que é importante mostrar o mundo a elas, particularmente neste período. Na vida, nós acabamos, muitas vezes, ficando concentrados somente em nós mesmos, e eu penso que uma visão mais ampla das coisas é fundamental. No dia 20 de Junho, nós estaremos na companhia de refugiados e de membros das Nações Unidas. Eu também irei à campo para documentar o papel dos militares na prevenção e repressão da violência sexual utilizada como arma de guerra. Depois, volto a ministrar aula na London School of Economics (LSE).
M.P – O mundo que devemos transmitir aos nossos filhos, dá medo. Como você compartilha seu compromisso político com eles?
A.J – Eu tento mostrar a eles dando o exemplo, para que prestem atenção nos outro e para que se mostrem responsáveis. Eu também os ajudo em adquirir uma visão mais ampla do mundo. Porém, eu só conheço uma maneira de educar: ouvindo-os. Talvez, essa seja a coisa mais importante que os pais podem fazer. Eles precisam muito da nossa ajuda para perceber a dura realidade, assim como também, eles precisam daquilo que é vital para nós: amor e proteção.
O Angelina Jolie Brasil agradece imensamente a fã e visitante do site, Bernadette Rocha, que mora em Portugal, mas que nasceu na França, e que tirou tempinho da sua sexta-feira, para traduzir esta entrevista para nós. Muito obrigada!
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