No Camboja, Angelina Jolie fala sobre a violência sexual
22 de fevereiro de 2017
Na noite desta terça-feira, dia 21 de Fevereiro de 2017, Angelina Jolie esteve em um evento organizado pela Embaixada Britânica no Camboja, onde falou sobre a violência sexual em conflitos.
Depois de participar da Premiere de seu novo filme, “First They Killed My Father”, no Estádio Olímpico Nacional, em Phnom Penh, a Enviada Especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR/ACNUR), fez uma homenagem aos sobreviventes de casamentos forçados e da violência sexual, praticados durante o regime do Khmer Vermelho, no Camboja. A atriz ainda prometeu continuar a defender mulheres e meninas que sofrem violência sexual em zonas de guerra.
Angelina – que co-fundou a Iniciativa de Prevenção à Violência Sexual ao lado de William Hague em 2012 – saudou os esforços em condenar a prática de casamentos forçados que aconteceram durante o período do regime do Khmer Vermelho, entre os anos de 1975 e 1979, no Camboja.
“Sou, naturalmente, muito consciente do papel desempenhado pelo sofrimento das mulheres cambojanas durante o genocídio. Eu congratulo o fato do julgamento do Khmer Vermelho ter começado a abordar esta questão e eu presto homenagem a todos aqueles que sobreviveram, incluindo aqueles que, tão bravamente, forneceram provas. Eu acredito que estes são como heróis para todos nós”.
Um número desconhecido de mulheres e homens passou por casamentos forçados durante o regime do Khmer Vermelho, que tinha como objetivo, destruir a estrutura da família tradicional cambojana e gerar uma nova população de descendentes fiéis ao regime.
A maioria foi forçada, sob a mira de armas e sob a ameaça de morte, a consumar essas uniões forçadas. No entanto, foram apenas nestes últimos anos, que os testemunhos de mulheres e homens sobreviventes a essa prática começaram a ser escutados. Muitos contaram suas histórias em “fóruns” criados por ONGs empenhadas em trazer esse tipo de violência sexual à tona.
O crime de casamento forçado é, agora, julgado pelo tribunal cambojano como parte de um caso conhecido pelo nome de “002/02”. Entretanto, esforços estão sendo feitos para que o crime de estupro, além do casamento forçado, também seja incluído nos casos que ainda não foram julgados.
O evento, que aconteceu nesta terça-feira, teve como objetivo fazer com que Angelina entrasse em contato com as pessoas que estão trabalhando nesses casos. Angelina ainda assegurou que estava “aqui para ouvir”.
“Por favor, por favor, me deixem saber como eu posso ajudar todo este grande trabalho que vocês tem feito e como eu posso dar voz a vocês”.
Thida Kus, a diretora executiva da ONG Silaka, que promove igualdade de gênero, disse estar feliz em poder discutir como os depoimentos dos sobreviventes podem ser usados para atingir as questões modernas de violência baseadas em gênero.
“As pessoas ainda discriminam as mulheres e as consideram apenas um objeto sexual. As pessoas não percebem que as mulheres são seres humanos”, disse Thida.
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