Angelina Jolie estampa capa da revista “Backstage”
12 de fevereiro de 2025
Nesta terça-feira, dia 11 de Fevereiro de 2025, a revista Backstage compartilhou em seu website oficial a capa de sua edição do dia 13 de Fevereiro, que traz nossa musa inspiradora – Angelina Jolie.
A atriz também concedeu uma entrevista exclusiva e falou sobre o filme “Maria Callas”. Confira a matéria completa abaixo, traduzida pelo Angelina Jolie Brasil.
Por Vinnie Mancuso
Não muito tempo atrás, Angelina Jolie se viu relembrando momentos em um estúdio de tatuagem. O zumbido das agulhas a levou de volta para o início de sua carreira, quando ela ouviu alerta após alerta de que ter a pele tatuada limitaria suas oportunidades como atriz.
“Quando você trabalhar, eles terão que cobrir isso, e você está assumindo um compromisso”, ela se lembra de ter ouvido. Foi mais ou menos na época em que ela estreou como a cyberpunk Acid Burn no filme dirigido por Iain Softley lançado em 1995, “Hackers – Piratas de Computador”. “Mas também há algo sobre ser atriz onde, muitas vezes, espera-se que você se torne uma tela em branco entre as personagens. Você quase tem que se manter um ser indefinido para poder se transformar em coisas diferentes.”
Mas Jolie, que nunca foi de dar ouvidos a avisos, viu a situação de forma diferente. Para ela, as tatuagens sempre foram algo pessoal — até mesmo vital — em sua vida como artista. “Foi uma das muitas coisas que fiz na minha vida que eram separadas dos filmes e de estar diante das câmeras — era eu e não uma personagem”, diz ela.
“Então eu não estava apenas sendo uma folha em branco, mesmo que literalmente. Ter um eu é muito importante quando grande parte do seu trabalho é se transformar em outros eus”, ela continua.
Com mais de vinte tatuagens, duas indicações ao Oscar por suas atuações (e uma vitória, pelo filme “Garota, Interrompida”, de 1999) e arrecadando quase US$ 6 bilhões nas bilheterias posteriormente, essa distinção entre o pessoal e o profissional continua muito importante quanto sempre. Isso é especialmente verdade agora que ela embarca em uma turnê de retorno depois de estrelar o papel principal em “Maria”, dirigido por Pablo Larraín, no qual ela interpreta a cantora de ópera, Maria Callas, que mudou uma cultura no final de sua vida.
O drama da Netflix — que rendeu a Jolie uma ovação de pé de oito minutos no Festival de Cinema de Veneza, bem como indicações ao Globo de Ouro e aos Critics Choice Awards — marca o primeiro papel importante da atriz depois de vários anos. “Maria” é o primeiro projeto desde o drama de Clint Eastwood lançado em 2008, “A Troca”, a colocá-la sob os brilhantes holofotes de uma temporada de premiações. (Em dezembro, ela fez sua primeira aparição, em uma década, no programa de televisão “The Tonight Show Starring Jimmy Fallon.”)
“Estou entrando e saindo disso”, ela diz com um sorriso, referindo-se ao recente turbilhão de aparições no tapete vermelho e entrevistas. “Sempre abordei dessa forma. Você só faz alguns [eventos], depois vai para casa e não deixa que isso se torne algo muito central na sua vida. Foque na arte. É muito importante não levar tudo muito a sério e deixar que isso consuma seus dias ou seu trabalho.”
O trabalho, para Jolie, é o aspecto mais pessoal de todos. Ela se desculpa, de forma encantadora, diversas vezes durante nossa conversa por não ter palavras para descrever o que ela faz antes e depois que o diretor diz “ação”. É instintivo; não é planejado. Embora tenha formação formal no Método de Lee Strasberg, que recorre à memória sensorial para criar performances vividas, Jolie prefere adotar uma abordagem mais indefinível.
“Para mim, atuar não é tanto uma questão de exigir uma habilidade para fazer um trabalho, mas sim de se tornar um ser humano mais afinado e sensível — estudar o comportamento humano e trabalhar em comunidade com outras pessoas criativas”, explica ela. “Essa vida criativa vem da vida real e não tanto de uma aula que você possa assistir.”
Jolie retorna a essa frase com frequência: “a vida criativa”. Para ela, aquilo que atrai você como pessoa, informa quem você se torna na tela. “Muitos artistas são pessoas muito sensíveis emocionalmente e têm necessidade de se comunicar com os outros”, diz ela. “Você sente que precisa fazer essa pergunta sobre a vida, ou morte, ou tristeza, ou loucura. Você quer entender algo sobre a vida ou sobre si mesma ou sobre outras pessoas. Muitas vezes, é uma vida mais complicada do que pode ser quantificada. Atuar é, eu acho, sobre permanecer um pouco cru como pessoa e ser capaz de deixar essas coisas transparecerem em você.”
É por isso que “Maria” apresentou um desafio tão grande — e a razão pela qual sua performance é tão notável. “Mais do que qualquer papel que já desempenhei, este exigiu equilibrar o técnico com o emocional”, diz Jolie.
No auge de sua fama nas décadas de 1940 e 1950, Callas era uma força da natureza no mundo da ópera. Ela era uma soprano extraordinária que, quase sozinha, revitalizou o interesse do público pelo estilo clássico do bel canto por meio do poder absoluto de sua voz e presença de palco.
No entanto, perseguida pela imprensa por seu temperamento supostamente volátil e por acusações de declínio vocal a partir do final da década de 1950, a ex prima donna viveu seus últimos dias sozinha. Jolie se identificou com a ideia de uma mulher imensamente talentosa que foi gradualmente desgastada pelo escrutínio implacável da mídia. Ela absolutamente não se identificava, entretanto, com o fato de ser uma cantora de ópera de classe mundial.
Para chegar a esse ponto, Jolie passou sete meses fazendo aulas com o treinador vocal, Eric Vetro, o gênio musical que também trabalhou com Timothée Chalamet em “Um Completo Desconhecido” e Ariana Grande em “Wicked”. “Na minha primeira aula de canto, comecei a chorar”, Jolie relembra. “O Eric disse: ‘Respire fundo, profundamente, deixe tudo relaxar e deixe um som completo sair.'”
Ela logo descobriu que a linha entre o técnico e o emocional não era tão ampla quanto ela pensava. “As emoções fluíram, porque acho que todos nós guardamos muitas coisas em nossos corpos, em muitos lugares”, diz ela. “Eu começava a cantar e, para mim, tudo era novo. Quando descobri que era soprano, fiquei chocada. Quando atingi a nota alta pela primeira vez, fiquei atordoada e apenas olhei para o treinador.”
Jolie não estava aprendendo apenas com Vetro, mas com a própria Callas. A cantora deixou centenas de gravações — apresentações completas, árias e até uma série de master classes que ela conduziu na Juilliard entre 1971 e 1972. Ao longo de dezenas de sessões de audição sozinha no escuro, Callas ensinou Jolie a ser Callas.
“Isso exigia algo com o qual eu não estava familiarizada”, diz a atriz. “E descobri que não conseguiria fazer isso se não tivesse seguido o conselho [de Callas] de aprender o básico, aprender italiano e aprender música. Obrigue-se a não pensar emocionalmente ou a personalizar algo; faça o trabalho técnico com muita precisão que, quando estiver em ação, você possa fazer essa parte sem pensar.
“Maria” foi a introdução de Jolie à interpretação de uma colega artista, uma experiência que a levou a explorar seus sentimentos sobre sua própria arte e tudo o que vem com ela. “O filme em si é o estudo de uma artista, de alguém que viveu e realmente lutou muito como artista”, diz Jolie. “Ela era uma grande artista, mas não era amada por quem era fora do palco e morreu se sentindo muito atacada e muito sozinha. Ela fez algo excepcional, mas o processo de fazer aquilo nem sempre foi um prazer.”
Durante as filmagens de “Maria”, a atriz vivenciou um episódio surreal após o outro. Durante um momento de silêncio, Jolie se viu sentada no camarim do histórico Teatro alla Scala, de Milão, vestida como a heroína trágica da ópera “Anna Bolena”, de Gaetano Donizetti.
“A parte mais louca nem foi estar no palco, porque no palco você meio que abandona seu corpo quando algo está tão além de você”, diz Jolie. “Eu estava pegando fogo naquele camarim, sabendo que eu teria que descer e cantar naquele palco na frente das pessoas que trabalham no La Scala, que estão acostumadas a ouvir os sons mais maravilhosos do mundo.”
Tudo isso — a preparação, as performances, a irrealidade — culminou na cena final do filme; foi uma metáfora adequada para aquela mistura de habilidade e sentimento puro. Em 16 de setembro de 1977, dia da morte de Callas por ataque cardíaco, ela cantou uma última vez: uma interpretação estrondosa de “Vissi d’arte” de “Tosca”, de Giacomo Puccini, que foi alta o suficiente para ser ouvida das ruas de Paris. “Foi engraçado — bem, talvez não seja nada engraçado — mas percebi que não conseguia cantar e chorar ao mesmo tempo”, lembra Jolie.
“A questão toda de cantar ópera é que você tem que relaxar sua garganta e seu corpo, então forçar seus músculos e fazer o som passar dessa forma”, ela continua. “E quando você chora, todos esses mesmos músculos se contraem e param.” Enquanto pressionava bolsas de água morna contra a garganta, Jolie percebeu que tanto o sentimento quanto o canto precisavam vir de algum lugar mais profundo e menos cerebral: “Sabe aqueles momentos em que você chora e as lágrimas escorrem pelo seu rosto, mas você não está tenso?” A descoberta veio quando ela entendeu que a luta era o ponto – que naquela fase de sua vida, Callas estava tentando corresponder a uma versão idealizada de si mesma. Então Jolie, sentindo que sua voz não era suficiente, era exatamente o que a cena precisava.
“Foi muito estranho”, ela diz. “Estava além do meu nível de habilidade e era algo que eu realmente precisava alcançar — o que parecia certo para Maria, porque ela é quem ela é. Eu estava frequentemente na sombra dela e apenas tentando alcançá-la.”
Jolie deixou “Maria” com um imenso sentimento de gratidão. “Estou muito consciente de quão sortuda sou”, diz ela. “Sempre amei atuar; Sempre abordei da mesma maneira. Mas agora estou ainda mais grata por ter a chance de viver como artista e trabalhar com outros artistas. Foi um privilégio poder atuar com outras pessoas, compartilhar emoções. [Quando eu estava filmando] “Maria”, eu estava com quase 50 anos de idade e estava sentada com professores me ensinando uma habilidade que eu nunca pensei que aprenderia. Encontrar sua voz e cantar – que dádiva é isso e como é lindo comunicar isso ao público. Quando conheço alguém que se conectou com um filme que fiz, sinto-me menos sozinha neste mundo.”
A busca por criar conexões genuínas é o que continua empurrando Jolie para novos territórios criativos. No ano passado, ela ganhou seu primeiro prêmio Tony como produtora do vencedor de melhor musical “The Outsiders”. Ela também retornou à cadeira de diretora, após sete anos, para filmar o drama de guerra de 2024, “Without Blood”, estrelado por Salma Hayek. E ela continuou suas décadas de trabalho humanitário, fazendo uma viagem ao nordeste da África em setembro passado para encontrar refugiados deslocados pela guerra civil no Sudão.
Jolie acredita que a arte — especialmente a arte global — é “uma forma incrível de aprender uns sobre os outros. O que é ser humano? É a beleza do que fazemos. O pior é quando as coisas estão divididas, diferentes ou competitivas, ou simplesmente não se trata de compartilhar. Isso realmente estraga algo muito especial.”
Quanto aos seus próximos passos diante das câmeras, recentemente ela esteve filmando “Stitches”, de Alice Winocour, um drama ambientado no mundo da moda em Paris. E depois disso? “Maria” lhe deu o gosto de querer experimentar coisas novas. Recentemente, ela disse ao “Deadline” que queria tentar um papel de comédia direta, um gênero do qual ela se aproximou com projetos como “Malévola”, mas nunca abraçou totalmente.
“Há uma responsabilidade para com o público”, ela diz. “Há uma parte de mim como artista, é claro, que quer explorar todos os tipos de formas diferentes de contar histórias. Mas também estou muito consciente de onde pareço me conectar e onde talvez outra pessoa seria melhor. Para comédia, não tenho certeza se conseguiria entreter o público, fazê-lo rir e ser o que eles precisam que eu seja. É [sobre] a troca — é menos sobre o que eu quero fazer e mais [sobre] onde o público sente que você é eficaz.”
Esses são pontos perfeitamente válidos; mas acredito que ela provavelmente sentia o mesmo em relação ao canto antes de passar por sete meses de treinamento intensivo para encarnar uma das artistas de ópera mais influentes de todos os tempos. Jolie pensa nisso por um segundo e então me diz: “Sabe, eu nunca participei do ‘Saturday Night Live’. Sempre tive curiosidade, mas nunca me convidaram.”
Essa mudança imediata — essa centelha instantânea diante da perspectiva de um novo desafio — revela mais sobre quem Jolie é como artista, do que qualquer coisa que ela possa expressar em palavras. É uma curiosidade e uma resistência em que lhe digam o que é possível, que são tão permanentes quanto a tinta em sua pele.
“Bem”, ela diz como se tivesse acabado de decidir algo, “desafio aceito”.

Esta história estará originalmente na edição do dia 13 de Fevereiro da revista “Backstage”.
Fotografada por Victoria Will no Hotel Carlye em 12 de Novembro de 2024. Vestido por Gabriella Hearst. Brincos e anel por Erede. Cabelo por Massimo Serini. Maquiagem por Romy Soleimani. O styling foi feito pela própria Angelina. Capa desenhada por Andy Turnbull.
• Fonte: Backstage
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