Jolie é entrevistada pela revista Elle EUA
4 de agosto de 2023
Na última semana, chegou às bancas a edição do mês de Agosto de 2023 da revista “Elle” dos Estados Unidos. Em seu interior foi compartilhada uma entrevista exclusiva com nossa musa inspiradora, Angelina Jolie.
O matéria traz ainda uma fotografia inédita que faz parte de um ensaio (photoshoot) registrado no mês de Fevereiro deste ano pelo fotógrafo German Larkin, na Península de Yucatan, México. Confira o artigo traduzido na íntegra pelo Angelina Jolie Brasil!
Escrito por Kathleen Hou
Angelina Jolie me envia um filme. Começa com a panorâmica de um aglomerado de plantas cônicas que lembram o cabelo de Marge Simpson, com um céu azul atrás delas e o som de água correndo suavemente. Algumas abelhas entram e saem da tela, conforme a câmera dá, lentamente, zoom em um espécime particularmente gordo, com a parte inferior do corpo se curvando sobre uma flor.
Sua aparência de “home office” é austera, com uma parede branca e uma cadeira preta de escritório, e ela aparenta estar séria, mas entusiasmada, conforme fala sobre o programa – uma parceria entre a Guerlain e a UNESCO que se concentra na promoção do empreendedorismo feminino na apicultura, que agora está em seu terceiro ano.
Abelhas e mel são fundamentais para muitos dos produtos exclusivos da Guerlain, incluindo a linha de cuidados para a pele, Abeille Royale. Por meio da iniciativa “Women for Bees”, Jolie participou de uma missão anual, mais recentemente na Península de Yucatán, no México, onde a Melipona beecheii, uma espécie de abelha sagrada para a antiga civilização maia, está ameaçada de extinção. Aqui, ela fala sobre sua versão de autocuidado, sendo uma agente de mudança e como podemos ajudar a apoiar e preservar a população mundial de abelhas.
O filme de 16 segundos foi gravado pela diretora / atriz em seu jardim na Califórnia e mostra um dos seus projetos menos conhecidos. Antes de ela me enviar o filme, Jolie e eu estávamos conversando sobre seu papel como madrinha (sim, esse é seu título oficial) do programa “Women For Bees” da Guerlain. Através do Zoom, uma das mulheres mais famosas do mundo meio que se parece conosco.
Sobre sua atração pelas abelhas:
Eu sempre gostei de abelhas. Eu nunca senti medo de abelhas e eu não sou alérgica a elas. Eu tenho uma tendência a me interessar por criaturas do mundo que são um pouco incompreendidas. Mas minha admiração e respeito por estas pequenas e belas criaturas aumentaram ao longo dos anos conforme fui aprendendo mais sobre como são importantes – sobre como a forma que elas existem nas comunidades e sobre como elas contribuem em nossas vidas. Eu aprendi mais sobre as abelhas no Camboja. Eu tenho uma casa e um projeto lá [através da Fundação Maddox Jolie-Pitt], onde eu estive trabalhando com as comunidades, cuidando das florestas, protegendo a terra e a vida selvagem há mais de 20 anos. Eu comecei esse trabalho há muito tempo numa região de Samlout, que foi o primeiro e último reduto do Khmer Vermelho. Era uma área repleta de minas terrestres na fronteira com a Tailândia. Meu filho [Maddox] é Cambojano e, inicialmente, eu pensei que realizaria um trabalho naquela área voltado para a desativação das minas e voltado em aprender mais sobre os moradores locais. Então, eu acabei aprendendo mais sobre o desmatamento e sobre os riscos ao meio ambiente. Agora o projeto cresceu e nós estamos trabalhando com os guardas florestais e com os grupos de proteção buscando entender melhor o que isso significa com relação à biodiversidade. O que está correndo perigo? Ao conviver com os agricultores locais, você aprende que as abelhas são essenciais para a polinização. A apicultura é uma habilidade muito boa e um meio de subsistência para muitos dos agricultores com quem trabalhamos.
Sobre suas missões-abelhas:
Recentemente, nós estivemos com as mulheres maias na comunidade de Santa Clara, no México. Quando você conversa sobre polinização e biodiversidade percebe, muito rapidamente, que o assunto está relacionado à uma cultura, a uma história. As comunidades maias têm colmeias e usam o mel para fins medicinais, como produto de beleza e como alimento. Meu trabalho é fazer parte do treinamento, reunir as pessoas, participar e ajudar a apoiar o programa. Às vezes, trabalho em me educar sobre o patrimônio cultural, sobre a comunidade, o meio ambiente e também em educar outras pessoas sobre o que estou aprendendo. Também trabalho no treinamento de crianças pequenas, ocasião em que conversamos sobre abelhas e fazemos a “Bee School” (Escola de Abelhas). É maravilhoso!
Sobre apicultura pessoal:
Eu faço apicultura em nossa casa no Camboja. Em Los Angeles, adaptei meu jardim para as abelhas com flores e plantas ricas em pólen e néctar.
Sobre o que as pessoas podem fazer para ajudar na crise das abelhas:
Conscientização é a primeira coisa. Devemos nos educar sobre o que está acontecendo e a gravidade do declínio da espécie. Você pode começar questionando o que está causando isso. Existem diferentes aspectos que podem ser combatidos, como os efeitos dos pesticidas. Podemos ser mais responsáveis na forma como consumimos e no que compramos. Qualquer um pode encontrar uma forma de fazer isso. Também pode ser um projeto divertido como o de montar uma colmeia ou então combatendo a destruição do meio ambiente. Conhecemos essas belas comunidades locais no México. Podemos apoiá-las garantindo que as florestas ao seu redor sejam protegidas. Se elas produzirem algum produto, podemos comprá-lo diretamente. Temos que estar cientes de que nosso mundo está em mudança e sobre o que é importante – não é que devemos ser contra o crescimento. Mas temos que entender o que estamos perdendo e o que está em jogo.
Sobre fazer mudanças para um estilo de vida mais consciente:
Acho que muitas pessoas reconhecem todos os riscos ao nosso meio ambiente. É um pouco avassalador e as pessoas quase não sabem o que fazer e como continuar existindo ou vivendo. Muita pressão pode estar recaindo em cima do consumidor, mas também deve ser exercida sobre as grandes empresas e governos, observando o que eles estão escolhendo proteger, o que estão vendendo e permitindo que seja destruído. Muitos governos e grandes empresas no mundo podem fazer com que, individualmente, as pessoas achem que tudo é culpa delas. Existem algumas grandes decisões que a comunidade internacional e os governos poderiam tomar, que gerariam uma enorme mudança. Todos nós podemos fazer a nossa parte, mas eles têm que fazer a parte deles e devem ser responsabilizados. Muitas pessoas estimam que temos apenas 10 anos. Ou revertemos o curso das coisas, ou acabaremos em um estado muito sério, onde muitos dos danos causados ao meio ambiente serão irreversíveis. Não é para assustar todo mundo, mas essa é a realidade com a qual estamos vivendo.
Seu conselho para quem quer fazer mudança:
Como todo mundo, estou procurando encontrar o equilíbrio para viver nos tempos de hoje. Você não pode ser especialista em tudo. Descubra pelo o que você é apaixonado, o que você está tentando apoiar e proteger e, em seguida, faça o bem onde puder. Para mim, muito disso está relacionado ao meio ambiente, mas meu coração está, principalmente, com as pessoas dessas comunidades. Trabalho com refugiados há anos. Muitas pessoas são deslocadas porque não conseguem viver na terra de onde vieram, cultivar, se alimentar ou proteger seus próprios recursos naturais. Gostaria de encorajar todos a pensar nessas comunidades, nas mulheres maias e em outras, e encontrar maneiras de apoiá-las e respeitá-las, com todo o trabalho que estão fazendo que beneficia a todos nós.
Sobre autocuidado:
Isso não é algo central durante meu dia. Mas acho que a educação é uma parte importante do autocuidado. É onde sou mais feliz. Se sinto que enriqueci minha mente ou um relacionamento com alguém, por meio de algo que aprendi ou experimentei, tenho a sensação que estou crescendo. Para mim, pessoalmente, não acordo e sigo uma rotina de autocuidado, fazendo coisas que costumam ser consideradas como autocuidado. Eu acho maravilhoso que as pessoas possam fazer isso. Todo mundo tem sua própria versão. Gosto de sentir que estou crescendo emocional ou intelectualmente – esse é o meu autocuidado. Então acho que sim, tenho autocuidado mas não é um creme para o rosto.
Fonte: ELLE
Fotos:
• REVISTAS & SCANS » 2023 » ELLE – EUA (2x)
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