Jolie visita sobreviventes Yazidi no Iraque

Ativista / Iraque / Refugiados / Trabalho Humanitário

1 de fevereiro de 2023

Na manhã desta quarta-feira, dia 01 de Fevereiro de 2023, a ativista humanitária – Angelina Jolie – visitou sobreviventes da comunidade Yazidi, na região de Sinjar, no Iraque, na companhia da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Nadia Murad.

A visita de ambas teve como finalidade destacar o progresso feito na reconstrução da região e chamar atenção para as necessidades dos sobreviventes, oito anos após o genocídio Yazidi cometido pelas mãos do Estado Islâmico (ISIS).

A dupla passou o dia visitando o vilarejo onde Nadia nasceu, sua antiga escola e a casa onde cresceu, bem como os projetos “Sinjar Kindergarten”, “Sinjar City” e “Sinjar Medical Center” entre outros projetos locais onde esforços de recuperação sustentáveis – voltados para a comunidade e centrados nos sobreviventes – estão em andamento.

Elas visitaram também o vilarejo de Tilkessab e se encontraram com beneficiários diretos dos projetos de educação e água potável criados pela organização “Nadia’s Initiative”.

A caminho da cidade de Sinjar, elas pararam em uma fazenda administrada por uma mulher cujas terras foram totalmente restauradas pela Iniciativa e que agora ganha vive de forma sustentável.

Angelina e Nadia conversaram com mulheres e crianças que sobreviveram ao genocídio, muitas das quais também são sobreviventes da escravidão sexual e que retornaram a Sinjar na esperança de construir um futuro melhor para elas e suas famílias. A dupla também se encontrou com membros de outras comunidades iraquianas afetadas por conflitos e deslocamentos.

Em agosto de 2014, a comunidade minoritária etno-religiosa Yazidi, em Sinjar, foi atacada pelo Estado Islâmico em uma tentativa sistemática de eliminar sua existência.

Milhares de pessoas foram mortas, centenas de milhares foram deslocadas e mais de 6.000 mulheres e crianças foram escravizadas. Oitenta por cento da infraestrutura pública e setenta por cento da infraestrutura privada, em Sinjar, foram destruídas na tentativa de impedir que os sobreviventes retornassem com segurança para suas áreas de origem.

Em comunicado oficial emitido por Nadia Murad, ela disse:

“Angelina Jolie tem sido fundamental para ajudar a aumentar a conscientização e atender às necessidades de mulheres, crianças e refugiados em todo o mundo. Aprecio a oportunidade de mostrar, para uma defensora tão dedicada, a minha terra natal, o incrível progresso que fizemos em direção à recuperação e as necessidades restantes de minha comunidade.”

Também através de um comunicado oficial, Jolie se manifestou dizendo:

“Estou honrada em retornar ao Iraque, desta vez para apoiar o trabalho de minha amiga Nadia Murad e de outros Yazidis locais, que estão reconstruindo suas vidas e suas comunidades após sofrerem horrores. Testemunhei o progresso que eles fizeram, mas também a necessidade de um compromisso internacional de longo prazo para apoiar seu trabalho e liderança. Os sobreviventes Yazidis continuam lutando contra o trauma, contra a insegurança, contra o deslocamento e contra o lento progresso de recuperação. Conheci famílias que ainda buscam respostas sobre seus entes queridos desaparecidos e outras que ainda precisam de apoio para suprir suas necessidades básicas. A população local aqui está trabalhando para se ajudar. Merecem respeito e apoio.”

Mulheres e crianças são desproporcionalmente afetadas pela violência em todo o mundo. Os projetos de redesenvolvimento pós-conflito criados pela organização “Nadia’s Initiative” são projetados para centralizar as necessidades e as perspectivas específicas dos sobreviventes e dos grupos vulneráveis que se recuperam da violência sexual e do genocídio relacionados ao conflito.

Nadia Murad é a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz e sobrevivente do genocídio e da violência sexual, que defende a igualdade de gênero, a prevenção da violência sexual relacionada aos conflitos e a reconstrução de comunidades em crise.

Ela é a fundadora e presidente da organização “Nadia’s Initiative”, a primeira Embaixadora da Boa Vontade do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) pela Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico Humano e foi força motriz por trás da elaboração e aprovação da Resolução 2379 do Conselho de Segurança da ONU, que estabeleceu a Equipe de Investigação das Nações Unidas para Promover Responsabilização por Crimes Cometidos pelo Estado Islâmico. Ela também é autora do livro “The Last Girl: My Story of Captivity, and My Fight Against the Islamic State” ainda sem tradução para o português.