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Jolie celebra Dia do Refugiado em Burquina Fasso

20 de junho de 2021

Hoje, dia 20 de Junho, é o Dia Mundial do Refugiado. A data é dedicada à conscientização sobre a situação dos refugiados em todo o mundo.

Em celebração, a Enviada Especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR / ACNUR) – Angelina Jolie – viajou até o país africano, Burquina Fasso, e aproveitou a visita para escrever um emocionante comunicado.

Confira o artigo publicado pela UNHCR e traduzido na íntegra pelo Angelina Jolie Brasil.

Por Angelina Jolie

Me sinto honrada por estar em Burquina Fasso e pela graça extraordinária das pessoas que conheci aqui.

Estou aqui para mostrar minha solidariedade ao povo de Burkinabe, que continua a acolher seus irmãos e irmãs deslocados, apesar dos terríveis ataques e desafios; compartilhando o pouco que têm, numa época em que outros países, com muito mais recursos, fecharam suas fronteiras e suas mentes aos refugiados.

Obrigada por me permitirem estar aqui. Sinto-me muito honrada e grata por estar entre vocês e por inclinar minha cabeça em respeito a sua coragem e força.

Hoje é o Dia Mundial do Refugiado.

Todos os anos, tenho marcado este dia – durante os últimos vinte anos – ao lado dos refugiados em diferentes países. Nunca estive tão preocupada com o estado de deslocamento global como estou hoje.

Agora, não só existem mais de 82 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo, como também os números dobraram em apenas uma década.

1 em 95 pessoas – um por cento da humanidade – está deslocada e o número continua aumentando.

Temos que prestar atenção no caminho que estamos tomando globalmente, com tantos conflitos acontecendo e com a possibilidade muito real de que as mudanças climáticas forçarão dezenas, senão centenas de milhões de pessoas, a ter que deixar suas casas no futuro, sem possibilidade de retorno.

Não é que estejamos em um ponto de ruptura – a situação já está quebrada. A forma como nós, como a comunidade internacional, tentamos lidar com os conflitos e com as inseguranças já está quebrada.

É errático, é desigual, é construído sobre privilégios herdados, está sujeito aos caprichos dos líderes políticos e é voltado para os interesses de países poderosos, incluindo o meu, à custa de outros.

Crimes cometidos contra mulheres e crianças de Burquina Fasso, ou do Iêmen, de Mianmar, ou da Etiópia, por exemplo, não são suficientes para abalar a ordem mundial estabelecida em seus alicerces como deveriam ser – e como seriam, se estivessem acontecendo em outras partes do mundo.

Tenho visto as condições infligidas aos refugiados em todo o mundo – a fome, o sofrimento, a insegurança, a falta de ajuda e ainda mais de justiça – porque escolhemos quais conflitos queremos prestar atenção e durante quanto tempo; porque os governos fecham os olhos aos abusos quando é conveniente; e porque nós, como cidadãos individuais, nos sentimos impotentes para mudar isso.

Existem alguns líderes que querem que acreditemos que não podemos cuidar do nosso próprio povo e ajudar os deslocados. Que sugerem que, embora a vasta maioria de todos os refugiados seja hospedada por países da região sul, nós, nos países ricos, de alguma forma, fomos solicitados a fazer muito e teríamos justificativas para fazer ainda menos. Ou que milhões de pessoas sendo forçadas a fugir de suas casas em razão da guerra, da insegurança alimentar e dos desastres climáticos, nada tem a ver conosco e com nossas ações ou escolhas tomadas ao longo das gerações.

Todos esses argumentos evaporam aqui.

A verdade é que não estamos fazendo nem metade do que poderíamos e deveríamos, para encontrar soluções que ajudem os refugiados a voltar para suas casas – ou para apoiar os países anfitriões, como Burquina Fasso, lidando por anos com uma pequena fração de ajuda humanitária necessária, a fornecer apoio básico e proteção.

O fardo recai sobre os deslocados, cujos direitos e oportunidades de vida foram roubados. Está caindo sobre as crianças – sobre dezenas de milhões de crianças deslocadas. E está caindo sobre pessoas de países como Burquina Fasso e outras nações em desenvolvimento.

É aqui que a humanidade e a decência do mundo são medidas. Onde a força e a resiliência humanas são vistas de maneira mais clara e nítida. Não nas capitais reluzentes do mundo, mas em lugares como este. Não há lugar onde eu preferisse estar hoje do que aqui, com refugiados, e com as pessoas que mais admiro no mundo.

Obrigado por me permitirem estar com vocês hoje, neste Dia Mundial do Refugiado.

Fonte: UNHCR

 

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