Jolie faz vídeo conferência com pediatra
15 de abril de 2020
Recentemente, uma vídeo conferência entre Angelina Jolie e a médica cirurgiã geral, Dra. Nadine Burke Harris, foi adicionada ao artigo escrito por Jolie e publicado através do site oficial da revista TIME, da qual a cineasta é escritora colaboradora. No artigo já traduzido pelo Angelina Jolie Brasil, Jolie falou sobre a atual pandemia do COVID-19 e a vulnerabilidade das crianças ao redor do mundo.
Na vídeo conferência, a Dra. explica que durante seus anos de trabalho como médica pediatra, verificou que, as crianças que relataram passar por traumas e experiências adversas apresentam sérios problemas de saúde, mesmo depois de se tornarem adultos. Ela explica:
“Eu nunca aprendi, na faculdade de medicina ou na residência, sobre os efeitos que as experiências adversas na infância tem no desenvolvimento cerebral e de que essas experiências adversas, na verdade, afetam os cérebros das crianças. Não apenas seus cérebros, mas também seus sistemas imunológicos e seus sistemas hormonais.
Isso é uma coisa que não apenas todos os pediatras deveriam saber, mas que toda pessoa deveria saber. Todo pai, todo educador, todas as pessoas do mundo precisam saber que adversidades precoces tem efeito dentro dos nossos corpos e podem mudar nossa biologia […] Existem muitas pessoas que acham que o trauma é apenas mágoa, que se você se recompor, pode apenas escolher superá-lo. No entanto, eu acho que, o que não é reconhecido, é o fato de que, quando somos expostos a altos níveis de trauma e adversidades, especialmente durante os primeiros críticos anos da infância, quando nossos cérebros e corpos ainda estão se desenvolvendo, isso faz com que hormônios do estresse seja liberados, como a adrenalina e cortisol. E isso gera impactos biológicos em nossos corpos.
Dessa forma, uma criança que passou por quatro ou mais episódios de experiências adversas na infância, e isso inclui, ter sido vitima de abuso, ou negligência, ou ter crescido numa casa em que os pais são dependentes de substâncias, encarceramento, violência doméstica, separação parental ou divórcio, ou doença mental parental, são duas vezes mais propensos a desenvolver asma. São 32 vezes mais propensos a desenvolver problemas de aprendizagem e de comportamento. E quando crescem, são duas vezes mais propensos a desenvolver doença cardíaca, derrame, câncer e doença pulmonar crônica. Estes não são impactos pequenos. Apenas agora estamos começando a entender como ser exposto a altos níveis de trauma e adversidade, estão afetando a forma que nossos cérebros e corpos funcionam, aumentando o risco de termos serias complicações em nossa saúde.”
A Dra. também menciona o fato de que, para muitos estudantes, as escolas são uma espécie de escudo, que oferecem proteção ou, pelo menos, uma suspensão temporária da violência, da exploração e de outras circunstâncias difíceis, incluindo exploração sexual, casamento forçado e trabalho infantil. A quarentena não trata-se apenas do fato de que as crianças perderam suas redes de apoio. O isolamento também significa menos olhos adultos voltados para as situações delas. Em casos de abuso infantil, os serviços de proteção são mais frequentemente acionados por terceiros, como professores, orientadores, coordenadores de programas após a escola e por treinadores. Dessa forma, não é que os maus tratos pararam, na verdade eles aumentaram, mas não estão sendo detectados. Jolie complementa:
“Eu acho que é tão importante que as pessoas escutem isso. Para se amarem, para manterem o contato umas com as outras. Esteja à disposição, seja um grupo de apoio, mantenha os olhos abertos, seja você um professor ou um amigo […] Realmente espero que as pessoas ouçam isso, prestem mais atenção e não fiquem sentadas em um momento pensando: ‘Bem, isso não é da minha conta’. Porque essas crianças não estão indo para a escola agora, os professores não conseguem ver os hematomas e as pessoas não estão identificando o que está acontecendo dentro de algumas casas”.
Assista o vídeo e a conversa completa (em inglês):
Fonte: TIME
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