Jolie concede entrevista a revista Vogue Austrália
13 de agosto de 2018
No começo de 2017, Angelina Jolie foi escolhida para ser o rosto do perfume Mon Guerlain, da marca Guerlain. Na época, Jolie notou que o pedido foi fácil de aceitar, já que sua mãe, Marcheline Bertrand, tinha apreço pela marca francesa de cosméticos.
Jolie foi a primeira atriz de Hollywood a co-criar uma fragrância para a marca e agora, graças ao lançamento da nova versão do perfume, Mon Guerlain Eau de Toilette, ela deu uma permissão sem precedentes à Vogue Austrália, para a revista acessar seu mundo e celebrar sua afinidade com a marca.
Nesta entrevista, Jolie se abre para a Vogue e fala sobre sua feminilidade, sobre criar sua família e sobre as notáveis mulheres que lhe inspiram.
Com quais valores da marca Guerlain você mais se identifica?
Quando você visita a sede da Guerlain localizada na Avenida Champs-Elysées, na França, você tem uma noção da história da empresa. É a casa de perfumes mais antiga do mundo. Há quase 200 anos, eles fabricam perfumes que celebram a feminilidade em todas as suas formas. Mas eu nunca tinha endossado um perfume antes, e não teria feito se eu realmente não tivesse certeza a respeito dos valores da empresa. Eles tem um comprometimento genuíno com o meio ambiente, com o desenvolvimento sustentável e com as comunidades com que trabalham. Foi isso que nos uniu.
Se tornar o rosto da Guerlain é uma forma de representar o feminismo ao redor do mundo?
De modo algum. Eu realmente não penso em mim dessa forma. Tudo isso tem a ver com o fato de se criar um perfume com o qual eu me identifico, que outras mulheres possam desfrutar e que, durante o processo, pudessemos fazer algo positivo para caridade.
Em Janeiro, você e seu filho participaram de um dos ateliês de perfume sob medida promovidos pela Guerlain ao lado de Thierry Wasser? Quão especial foi esse encontro?
Pax e eu criamos um perfume. Nós nos divertimos muito já que o perfume criado por ele ficou muito melhor que o meu.
Você é considerada uma forte e influente mulher comprometida em lutar pelos direito das mulheres ao redor do mundo. Como você transmite esses valores aos seus filhos?
A única forma que eu conheço é viver de acordo com meus valores e sempre ser honesta. Nós conversamos sobre a importância de viver com a verdade.
Quem é a líder feminina mais notável e que mais te inspira e por quê?
Para mim, são as mulheres que sobrevivem como refugiadas ou que estão lutando por mudanças legais em seus países, que mais me inspiram. São os tipos de mulheres dos quais raramente lemos a respeito. Eu tento, através do meu trabalho com a ONU, com a OTAN e com os governos de todo o mundo a chamar atenção para suas lutas. E chamar a atenção para as leis que perpetuam o abuso, injustiça e a desigualdade que precisam ser alteradas, caso alguma coisa mude.
Como você explicaria a ideia ultrapassada de que a feminilidade desaparece depois dos 40 anos de idade, enquanto que homens os supostamente melhoram com o avançar da idade?
Isso simplesmente não é verdade. Sabedoria, compreensão e clareza de pensamento – todas as coisas que surgem com a idade – também são qualidades belas e femininas. Eu gostaria de pensar que todos nós melhoramos com a cidade, tanto os homens quanto as mulheres.
Hoje, as mulheres devem assumir tantos papéis ao mesmo tempo – mãe, amante, trabalhadora. Que conselho você tem para conseguir fazer tudo de uma vez?
As mulheres sempre assumiram muitas coisas e nós estamos preparadas para assumir muito mais. Está em nossa natureza. Mas nós precisamos lembrar de cuidar de nós mesmas também.
Como uma mulher pode ficar verdadeiramente à vontade com sua feminilidade quando é levada para tantas direções diferentes?
Não existe nada mais atraente do que uma pessoa que é totalmente ela mesma, sem inibições, de qualquer forma que seja. Todos nós reconhecemos quando vemos isso – aquelas mulheres cuja beleza é, na verdade, seu espírito e sua incapacidade de ser qualquer coisa senão fiel a elas mesmas.
A feminilidade e o feminismo são coisas incompatíveis?
Igualdade não é sobre todos nós sermos iguais. É sobre termos a liberdade de fazer nossas próprias escolhas e de viver nossas próprias vidas plenamente, não às custas dos homens, mas ao lado dos homens. Não se trata de um querer derrubar o outro, mas de se erguerem um ao outro juntos. Eu acho que não é dito de forma suficiente, o quanto nós precisamos que os homens em nossas vidas sejam fortes, capazes e o melhor que podem ser.
Como podemos introduzir e educar as crianças sobre o feminismo?
Através de diversos e fortes exemplos femininos e também estudando o passado: entendendo quanta liberdade nós tivemos que lutar para conquistar e a necessidade de se defender, e quantas mulheres vivem em países em que elas não são livres ainda hoje. Algumas das pessoas que meus filhos mais admiram são mulheres que passaram por conflitos ou superaram adversidades. Acontece de essas pessoas serem mulheres, mas isso não é o que as define. É a sua força e o seu exemplo.
O que você gostaria que suas meninas aprendessem ou levassem com a sua feminilidade?
A serem elas mesmas, completamente. Mas sinceramente, elas me ensinam, todos os dias. Elas são tão diferentes, e cada uma à sua maneira e com personalidades fortes.
Se houvesse um valor central que você gostaria que seus filhos transmitissem aos filhos deles, qual seria?
Liberdade e bondade!
A Guerlain trabalha há 10 anos para proteger a biodiversidade e o planeta. Que relação você tem com o meio ambiente e como você está transmitindo isso para seus filhos?
Temos projetos que ajudam a proteger o meio ambiente no Camboja e na Namíbia. Em nossa família, muitas vezes falamos sobre como tudo está conectado – a vida selvagem, o meio ambiente e o bem-estar das pessoas. Para proteger, você tem que proteger tudo. O mais bonito é que cada um de nós pode fazer nossa parte de várias maneiras diferentes.
Escrito por Farouk Chekoufi
Traduzido por Angelina Jolie Brasil
Fonte: Vogue Australia
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