Como o trabalho de Jolie influenciou mais “The Breadwinner” do que seu nome
17 de fevereiro de 2018
A cineasta irlandesa Nora Twomey não precisou de Angelina Jolie para fazer o filme indicado ao Oscar, “The Breadwinner”. A produção já estava totalmente financiada pela empresa “Cartoon Saloon” na Irlanda, pela Aircraft Pictures em Toronto e pela Melusine Productions em Luxemburgo.
Entretanto, Twomey não queria o nome de Jolie. Ela queria sua mente. Esta foi a primeira vez que Twomey iria trabalhar sozinha como diretora e logo no início ela reconheceu que poderia usar a experiência que Jolie tinha tido no Afeganistão, como Embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas, já que ela construiu escolas para meninas no país. Twomey queria abordar um tema sensível sobre a opressão política com sofisticação e um estilo adulto. A história é baseada no romance lançado no ano 2000, pela escritora Deborah Ellis que conta a história de uma garota de 11 anos que decide se vestir de menino para sustentar sua mãe e irmãs quando seu pai é capturado pelo Talibã.
Então Twomey conseguiu entrar em contato com Jolie através de amigos em comum, Jehane Noujaim e Karim Amer, cineastas egípcios responsáveis pelo filme indicado ao Oscar, “The Square”, contou Jolie. “Nós nos conhecemos por trabalharmos com assuntos relacionados aos refugiados”.
Jolie não apenas ofereceu conselhos sobre a história e contratou atores para a dublagem, mas também explicou as complexidades da cultura e navegação na infra-estrutura do Afeganistão. “Que pessoa seria melhor?” disse Twomey. “Ela é como uma diplomata. Ela teve um longo interesse no Afeganistão e possui uma compreensão das questões que nós tentamos explorar em “The Breadwinner”. Ela era uma pessoa que não vê as coisas de forma superficial, ela pensa nas coisas profundamente, isso fica evidente em tudo o que ela faz. E isso era algo que nós poderíamos usar”.
“Quando nós nos conhecemos, nós duas tínhamos a mesma ideia para o filme,” disse Jolie. “Nós queremos que as pessoas respeitem o que essas jovens crianças passam e entendam esta cultura que possui uma história profunda e muito rica”. Com relação ao povo do Afeganistão, você só consegue pensar em opressão. Você não pensa em como um pai ama sua filha e como esta filha arriscaria a vida pelo pai. As pessoas não pensam nessas coisas, especialmente com relação ao Afeganistão depois de todos estes anos de guerra.
Twomey e Jolie também concordaram em não assustar os jovens telespectadores, mas estavam dispostas em mostrar a eles as realidades do conflito. “Nos cometemos grandes erros quando falamos com as crianças sobre essas questões,” disse Jolie. “Eu fiquei surpresa com a reação das crianças que eu levei para assistir este filme – pensei que meus próprios filhos entenderiam isso – mas talvez outras crianças estivessem vendo uma mulher sendo espancada pelo talibã pela primeira vez, ou não compreendessem porque uma garota teria que trabalhar para alimentar sua família ou ainda porque ela teria que mudar de sexo para fazer isso, o que é isso para as mulheres… As crianças são capazes de absorver o que é mostrado no filme e sair do cinema sentindo que gostariam de ser amigos da Parvana, que elas iriam gostar de serem como ela, que elas se sentem orgulhosas da Parvana e acreditam que são capazes de fazer mais coisas mesmo sendo crianças, que suas vozes são importantes”.
Twomey e Jolie ficaram intimamente envolvidas com o elenco que deu voz aos personagens afegãos. Jolie ouviu atentamente as fitas “para encontrar a alma da pessoa,” disse ela. “Tal voz é muito engraçada, ou muito adulta, ou esta voz não soa gentil”.
“Ela tem uma orelha de atriz,” disse Twomey, que dá o crédito a Jolie por ajudar a escolher uma atriz com uma personalidade borbulhante como a da melhor amiga de Parvana para contrabalancear com a força de sua heroína. “Ela não pode ser feliz enquanto está de luto pelo pai que está desaparecido”.
Uma maneira de modular o terror foi manter a audiência conectada aos personagens e mostrar a beleza das paisagens e o poder das fantasias de uma jovem. Twomey usou a paleta de cores do Afeganistão para mostrar a “imaginação e a capacidade de Parvana como contadora de histórias e conexão que ela possui com seu pai e com sua cultura”, disse ela. “Nós queríamos que o filme fizesse uma espécie celebração pela imaginação de uma jovem garota, pelo amor que ela possui por sua família, por sua inocência, sabedoria e defeitos. Nós queríamos que ela fosse bastante real: e a imaginação permite que você faça isso.”
Fonte: IndieWire
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