Trabalho Humanitário / UNHCR

Angelina Jolie presta homenagem a Sergio Vieira de Mello

15 de março de 2017

Nesta quarta-feira, dia 15 de Março de 2017, a Enviada Especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR/ACNUR) – Angelina Jolie – participou de um evento em homenagem ao brasileiro Sergio Vieira de Mello, na cidade de Genebra, Suíça.

O evento começou às 18:30 (horário de Genebra) e aconteceu no Assembly Hall, Palácio das Nações, Escritório das Nações Unidas, na sede europeia da ONU.

Sergio Vieira de Mello nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1948 e foi funcionário da ONU durante 34 anos. Além disso, ele também foi Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Entretanto, ele faleceu no ano de 2003, juntamente com outras 21 pessoas, vítima de um atentado a bomba contra a sede local da ONU no Iraque. A organização extremista “Al Qaeda” assumiu a responsabilidade pelo ocorrido e afirmou que Mello era o alvo principal do ataque.

Durante o discurso, Jolie defendeu o trabalho das Nações Unidas e criticou líderes que se apoiam em um “nacionalismo estreito”, conseguindo se eleger em parte porque ignoram instituições e acordos globais.

“Eu sou uma norte-americana orgulhosa e a eu sou uma internacionalista”, afirmou a artista. Jolie disse que “uma nação forte, como uma pessoa forte, ajuda as outras a se erguer e ser independente”.

Para a intérprete, o internacionalismo significa “ver o mundo com um senso de justiça e humildade e reconhecer a nossa própria humanidade nas dificuldades dos outros”. Inclui a visão de que o sucesso não equivale a ser melhor ou maior que os outros, mas sim, a encontrar o seu lugar num mundo onde os outros também são bem-sucedidos”, acrescentou.

Jolie afirmou que o contexto atual “parece mais perturbador e incerto do que qualquer outro momento de sua vida”. O conflito na Síria acaba de completar seis anos, o mundo testemunha a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial e 20 milhões de pessoas estão à beira da morte por causa da fome no Iêmen, na Somália, Sudão do Sul e nordeste da Nigéria, lembrou Jolie.

Ao mesmo tempo, “vemos a re-emergência de políticas encorajando o medo e o ódio dos outros. Qual é a nossa resposta como cidadãos? Vamos nos retirar do mundo em que, antes, sentíamos uma responsabilidade de ser parte das soluções?”, questionou a atriz.

Para Jolie, a resposta às crises do presente é clara. “Se governos e líderes não estão mantendo acesa a chama do internacionalismo hoje, então nós, como cidadãos, devemos (fazê-lo)”, disse. “Temos que desafiar a ideia de que os líderes mais fortes são os mais dispostos a ignorar os direitos humanos em favor do interesse nacional.”

Ajuda humanitária gravemente subfinanciada

A atriz, que é também enviada especial da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), cobrou que a comunidade internacional reconheça as consequências dramáticas do enfraquecimento da ONU.

Muitas vezes, os mecanismos da Organização são usados seletivamente, penalizando algumas nações e não outras. Noutras, países confiam à assistência humanitária o trabalho que deveria ser da diplomacia. O resultado é a atribuição de tarefas impossíveis ao organismo internacional que, logo em seguida, são subfinanciadas.

“Por exemplo, hoje, não há um único apelo humanitário em qualquer parte do mundo que esteja financiado ao menos pela metade do que é exigido. Na verdade, a situação é pior do que isso. Apelos para países à beira da fome receberam, por exemplo, 17%, 7% e 5% de financiamento”, explicou Jolie.

A artista reconheceu que a ajuda emergencial não é a resposta adequada para o longo prazo. “Mas sejamos claros, a assistência de emergência tem que continuar porque muitos Estados não podem ou não vão proteger os direitos dos cidadãos do mundo. É o que gastamos em países onde não temos diplomacia ou onde nossa diplomacia não está funcionando”, alertou.

Segundo a enviada do ACNUR, “um mundo no qual viramos as costas para as responsabilidades globais será um mundo que produz mais insegurança, violência e perigo para nós e para nossas crianças”.

Fonte: Nações Unidas

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