Angelina Jolie: “Aquilo que não te mata, te fortalece”
2 de abril de 2015
“Invencível”, a quase que inacreditável história real de Louis “Louie” Zamperini, marcou a segunda vez que Angelina Jolie esteve atrás das câmeras. A interpretação da diretora sobre a vida de Zamperini é, ao mesmo tempo, comovente e difícil de assistir – já que o filme mostra como o atleta olímpico sobreviveu durante 47 dias à deriva no Oceano, após sofrer um acidente aéreo durante a Segunda Guerra Mundial, antes de ser capturado e enviado a um campo de prisioneiros de guerra no Japão. “Invencível”, estrelado por Jack O’Connell, foi recentemente lançado em DVD, Blu-Ray e na versão digital nos Estados Unidos (para que você possa, felizmente, chorar no conforto da sua própria casa). Em comemoração ao lançamento, Jolie respondeu à revista “Elle” algumas perguntas sobre como foi dirigir “Invencível” e sobre o que ela aprendeu com a história de Louis Zamperini. Suas palavras – assim como aquelas escritas em um artigo publicado recentemente pelo jornal New York Times, onde ela falou sobre a decisão de se submeter a uma cirurgia preventiva – são inspiradoras e inteligentes.
Qual a necessidade artística em dirigir filmes satisfaz você?
Eu prefiro dirigir a atuar. Existe uma enorme liberdade ao estar por trás das câmeras. Ela traz um monte de responsabilidades também, mas é intensamente gratificante. Especialmente com relação à possibilidade de capturar o que há de melhor nos jovens atores, como aconteceu com Jack O’Connell, que é um talento notável.
Houve muita discussão sobre o quão desafiador seria fazer “Invencível”. Quando você se lembra, aconteceu alguma coisa durante as filmagens que você ainda continua pensando?
Eu procuro não ficar pensando e procuro não me debruçar sobre um projeto que já se encontra concluído. Mas, eu me lembro de quão intensa estava a atmosfera nos sets, enquanto filmávamos as cenas mais difíceis, como por exemplo, quando Louie começa a ser espancado. Foi muito comovente e, como sempre, os atores envolvidos gostavam de checar [e ter certeza] de que todo mundo estava bem, enquanto cuidavam uns dos outros.
Houve alguma cena ou algum momento que você teve que cortar na versão final do filme, mas que você gostaria que tivesse sido mantida?
A vida de Louie foi tão extraordinária que era impossível capturar tudo em um filme. Assim, inevitavelmente, nós tivemos que deixar de fora algumas coisas na hora de contar a história. Mas, como diretora, eu dava a palavra final e senti que fomos capazes de fazer justiça a ele. Estou ansiosa para que o público possa ver as cenas que foram cortadas, que agora estão no DVD. Quando Phill fala sobre seu casamento enquanto estava no bote salva vidas, quando Fitzgerald se apresenta para o “The Bird”, e a encenação completa de peça ‘Cinderella’ estão entre as cenas excluídas, com relação às quais estou animada já que agora podem ser vistas.
Qual a melhor lição que nós podemos aprender com a história de Louie em sua opinião?
Assim como muitas outras histórias de ilustres seres humanos, esta trata sobre a capacidade dos homens e mulheres comuns superarem as adversidades. A história de Louie lembra-nos de nunca desistir e de que ter espírito para batalhar é o que realmente importa. É poderoso porque esta história fala sobre o potencial que existe dentro de nós.
Louie, obviamente, passou por uma grande batalha. Você acha que existe sabedoria na ideia de que as batalhas ajudam você a crescer?
Eu acredito no velho ditado: “O que não te mata, te fortalece”. As nossas experiências, boas ou ruins, nos tornaram a ser quem somos. Ao superar as dificuldades, nós ganhamos força e maturidade.
Quais são os novatos cineastas que atualmente você está apoiando?
Eu gosto de trabalhar com artistas de todo o mundo. Existem muitos cineastas novatos inspiradores. Eu tive o privilégio de, recentemente, poder trabalhar com o cineasta etíope Zeresenay Mehari e sua esposa no filme “Difret”. Eles formam um equilíbrio único de cineastas conscientes, mas que também são brilhantes artistas originais.
Se você tivesse o poder de redirecionar a atenção da mídia americana para longe das fofocas e das “não notícias”, quais questões você destacaria?
A questão não está realmente na natureza das notícias, mas o que nós fazemos com as informações que temos. Nós sabemos, mais do que nunca, sobre os conflitos e sobre as injustiças que estão acontecendo ao redor do mundo, mas a vontade de transformar esse conhecimento em pressão e ação a um nível global parece, de alguma forma, faltar. De tempos em tempos, após massacres e atrocidades, o mundo diz “nunca mais”. Mas hoje, na Síria, apenas para dar um exemplo, essas coisas estão acontecendo com impunidade e com o pleno conhecimento do mundo. Precisamos dar um maior foco nas soluções – e não apenas nas informações.
Fonte: Elle
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