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Angelina Jolie: “Não gostei de me dirigir”

4 de dezembro de 2014

EFE | NOVA YORK

Angelina Jolie caminha com “Invencível” rumo a uma nova conquista: ser respeitada como diretora de cinema, uma faceta a mais desta mulher que, assim como o protagonista do filme, parece ser capaz de tudo, exceto dirigir a si mesma, experiência que não lhe agradou em seu próximo filme ao lado do marido, Brad Pitt.

“Não gostei de me dirigir. Não sou fácil como atriz. Brad, por outro lado, é um ator com o qual dá gosto trabalhar”, garantiu a grande estrela do cinema americano em um encontro com a imprensa sobre o seu terceiro filme como diretora e no qual ela e o marido interpretarão um casal em um casamento infeliz.

Angelina Jolie está passando esses dias apresentando à imprensa internacional seu filme, “Incrível”, que estreia neste fim do ano nos Estados Unidos e na Europa e na metade de janeiro no Brasil, e com o qual a revista “Variety” a colocou como possível candidata ao Oscar.

Protagonizado por Jack O’Connell e escrito por William Nicholson e os irmãos Coen, é a história real de Louis Zamperini, o homem que dava sinais de ser um delinquente juvenil, mas que deu a volta por cima, se tornou atleta, participou das Olimpíadas de Berlim em 1936 e foi herói da Segunda Guerra Mundial. Durante a disputa passou um mês e meio em um barco no meio do oceano e foi prisioneiro em dois campos de concentração japoneses, uma empreitada que justifica o título do filme. E ainda em 1998 foi capaz de voltar ao Japão, correr com a tocha olímpica e perdoar seus sequestradores.

“Não é um filme sobre a guerra, sobre os americanos ou os japoneses. É um filme que pretende inspirar, que mostra uma pessoa que sobrevive a tudo. Sobre como encontra sua fé, sua força perante a adversidade. É uma história universal”, disse Angelina.

A superestrela se emociona cada vez que se lembra de Zamperini, que morreu em julho deste ano e viu a versão quase finalizada do filme no hospital.

Sua relação com a história a emociona. Ela se sentiu imediatamente fascinada por uma ideia, que tinha passado de mão em mão por Hollywood desde os anos 50 – o ator Tony Curtis chegou a manifestar interesse em protagonizar -, mas que não encontrou ninguém que tivesse coragem e convicção suficientes para fazer.

A atriz destacou que Zamperini “não queria que sua história fosse sobre alguém excepcional, mas sobre uma coragem que todos temos dentro”, e assim, apesar do tom clássico do filme, não quis elevá-lo ao status de herói.

“Ele teve uma pessoa que acreditou nele, seu irmão, que o fez tentar várias vezes e não se render nunca”, disse.

Isso a levou a se identificar de maneira especial.

“Tive momentos muito obscuros quando era adolescente. Muita gente questionava para que eu servia, o que podia dar ao mundo. Se era ou não uma boa pessoa. Minha mãe sempre me viu de maneira diferente da que eu mesma me via e teve fé em mim. Ainda hoje sigo tentando ser o que ela projetou quando nasci”, reconheceu.

Sua mãe era a atriz Marchelina Bertrand e seu pai o também ator Jon Voight, com quem não teve uma relação fácil. Hoje, Angelina Jolie é muito mais do que a filha desse casal. Ganhou Oscar por “Garota, Interrompida”, tem seis filhos com um dos homens mais cobiçados do mundo, é enviada especial do alto comissário para os refugiados em Nações Unidas e, além disso, surpreendeu o mundo ao fazer uma dupla mastectomia para prevenir um câncer de mama no futuro.

Seria ela mesma também “Incrível”?

“Escondo muito bem o que pode me derrubar, mas como toda mãe, a ideia de que meus filhos adoeçam ou sofram algo é o que me faz fraquejar. Sou muito vulnerável a isso porque minha família é tudo para mim”, reconheceu.

Precisamente, a fala sobre seus filhos usada como exemplo foi um dos motivos que lhe encorajaram a embarcar em um projeto notavelmente mais ambicioso do que sua estreia como diretora, “Na Terra de Amor e Ódio”.

“Há muitas coisas que podem te desencantar, mas exatamente por isso dirigi este filme, porque quando li a história de Louis me senti melhor. Era algo a que me apegar, no que acreditar. Na realidade é algo que vejo quando visito refugiados, às famílias das vítimas, os sobreviventes de violência sexual. Há muitos seres inspiradores no mundo e é preciso nos lembramos do poder da bondade”, declarou.

Sua satisfação como diretora é tanta que a fez pensar em deixar de atuar, como alguns jornais divulgaram recentemente.

“Não sei se vou parar como atriz, como li por aí. Com certeza sou muito feliz dirigindo e não fui consciente até que o fiz pela primeira vez. Prefiro dirigir a atuar. Continuo sofrendo quando me ponho diante de uma câmera, mas gosto de contar histórias e continuarei como atriz em alguns filmes”, concluiu.

Fonte: EFE