CNN: Angelina Jolie destaca situação de refugiados sírios
27 de março de 2014
Foi ao ar nesta quinta-feira, dia 27 de Março, durante o programa da jornalista Christiane Amanpour do canal CNN, uma reportagem sobre os refugiados sírios que contou com a participação da Enviada Especial da UNHCR, Angelina Jolie.
O Líbano pode entrar em colapso com o peso do maciço fluxo de refugiados sírios que vem recebendo, de acordo com o que o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Antonio Guterres, alertou em uma entrevista concedida à Amanpour. Sem apoio econômico, financeiro e sem auxilio para compartilhar o fardo de receber refugiados sírios, o Líbano diz que não tem a possibilidade de continuar com a situação atual.
Angelina Jolie, Enviada Especial da UNHCR, está, no entanto, tentando destacar a situação dos refugiados sírios. Recentemente, ela se reuniu com uma família, que mora em um campo de refugiados no Líbano, para conversar com Hala, uma garota de 11 anos, e seus cinco irmãos. Hala viu sua mãe ser morta quando sua casa desabou. Seu pai, está desaparecido e foi dado como morto. No vídeo, narrado por Angelina, é mostrado o Bekaa Valley, no qual, refugiados sírios chegam diariamente.
Como a guerra na Síria já dura 4 anos, um quarto da população do Líbano é formada por refugiados sírios, sendo, em sua maioria, mulheres e crianças. Hala, e seus cinco irmãos, chegaram órfãos ao campo de refugiados. Assim como muitos refugiados no Líbano, o seu lar transformou-se em uma tenda.
“Quando eu conheci Hala, e seus irmãos e irmãs, eles já estavam morando neste campo há mais de um ano”, disse Angelina.
Hala conta:
“Durante o dia, eu não me lembro muito. Mas a noite, antes de dormir, eu me lembro de tudo. Eu tive um sonho no qual minha mãe estava viva. Ela estava na Síria. E ela veio até aqui e disse: ‘Hala, Hala, acorde!’ Eu acordei, mas não a encontrei. Eu voltei a dormir, eu queria sonhar novamente, mas eu não consegui.”
Ao conversar com os irmãos de Hala, Angelina pergunta:
“Você falou muito sobre sua mãe. Conte-me alguma coisa sobre sua mãe. Eu não pude conhecer sua mãe, então eu gostaria de saber como ela era. Ela parecia com você?”
E um deles responde:
“Ela parecia com Rahaf. As bochechas, nariz e os olhos. Mas os dentes não são iguais. Os dentes de Rahaf não são tão bonitos.”
Um ano atrás, a mãe de Hala foi morta e sua casa, destruída. Hala, e seu irmão mais velho Kamel, de 17 anos, lembram do que aconteceu.
“Eu estava brincando com Kamel. Ele estava me empurrando no balanço. Nós começamos a ouvir as bombas. De repente, nós vimos a casa cair em cima da minha mãe. Kamel correu até ela.”
Mas o que Kamel testemunhou, o mudou para sempre. O trauma psicológico foi tão intenso que, agora, ele tem convulsões. Sua personalidade regressou para quando ele era criança. Visto na Síria, há mais de um ano, seu pai foi dado como morto. Depois de dar os remédios para Kamel, Hala conta:
“Ele era mais esperto que todos nós. Ele era melhor que a gente. Não havia nada de errado com ele.”
Hala, agora, cuida de sua família.
“Hala era como qualquer outra criança, ela ia à escola, ela brincava e tinha uma vida normal. Agora, ela mudou muito. Hala tem que cuidar de seus irmãos e irmãs enquanto eu procuro lixo para vender, para então poder comprar comida.”
Tem sido uma adequação difícil para eles.
“Daquilo que nós éramos, para o que somos hoje, pelo menos quando nós estávamos juntos com nossos pais, nós não tínhamos nenhuma responsabilidade. Agora, uma menina de 11 anos tem a responsabilidade de uma mulher de 50.”
As crianças contam:
“Nós morávamos em uma boa e grande casa, nós não precisávamos de dinheiro ou de outra qualquer coisa dos outros. Nós costumávamos ficar acordados até tarde para ouvir histórias. Toda noite, nós lavávamos as mãos e os pés e colocávamos nossos pijamas. Nós tínhamos um grande gramado onde costumávamos brincar. Nele, havia laranjeiras.”
Mais da metade dos 2.5 milhões de refugiados sírios, são crianças, assim como Hala. Um dos irmãos dela pergunta a Angelina:
“Seus filhos estão sozinhos agora? Eles estão sozinhos?”
E ela responde:
“Meus filhos estão com o pai”.
Perder a mãe de forma tão violenta e se tornar um refugiado fez com que crescessem antes do tempo, e a infância foi perdida para os horrores deste conflito.
“Se ela aparecesse aqui, apenas um dia, eu nunca mais a deixaria ir. Eu me contaria histórias e eu pegaria no sono ao seu lado. E eu diria: ‘Eu te amo Mãe, eu sinto sua falta, volte para gente.”
Fonte: CNN
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