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Perversa e adorável – Parte 1

7 de março de 2014

Artigo escrito por Anthony Breznican – Entertainment Weekly.

Cuidado com as pessoas não amadas. A maioria dos vilões, quando você os encontra na vida real, nasceu da dor, e foi jogada de volta ao mundo para não se afogar nela. Alguns são sociopatas sem coração – e alguns são simplesmente maus porque não receberam o convite para a festa. Coloque Malévola, personagem da Disney, nesta última categoria.

Com toda a sua graça sofisticada e borbulhante sedução, com toda a magia que possui em seus dedos, o que realmente fez torcer seus chifres, no clássico de animação de 1959, assim como também nas encarnações anteriores do clássico, foi o fato dela não ter sido convidada ao batizado da recém-nascida filha do rei, a Princesa Aurora. Mas ela apareceu mesmo assim, na companhia de seu corvo de estimação: uma perversa fada madrinha, furiosa o bastante para amaldiçoar um bebê. E para uma motivação monstruosa, Malévola é bastante pequena. E o crédito para a imagem duradoura e, principalmente, elegante dela é dado ao design criado por Marc Davis (um dos “nove homens” que trabalharam como “animadores” originais da Walt Disney e que trouxe também a figura da Sininho, da Cinderela e da Cruela Cruel à vida) e à atriz Eleanor Audley (que também dublou a madrasta da Cinderela na versão original do desenho). Acrescente o fato, ainda, de que Malévola se transforma em um legítimo dragão que sopra fogo verde.

A história do conto de fadas, no entanto, nunca foi contada de forma completa, e no dia 30 de Maio, uma nova versão da história de A Bela Adormecida – intitulada simplesmente como “Maleficent” – irá preencher os espaços em branco com relação à Rainha de Todo o Mal, trazendo uma Angelina Jolie com olhos amarelos e com o sorriso de rubi.

“Nós tentamos criar camadas sobre esta personagem que você nunca imaginou”, disse o diretor Robert Stromberg, também ganhador do Oscar como o designer de produção dos filmes “Avatar” e “Alice no País das Maravilhas”. “Tudo se resume em examinar o outro lado, uma vez que você se torna dark o quão difícil é conseguir ver a luz novamente”. E como estrela, ele tem Jolie, de 38 anos, que talvez seja a melhor vilã desde quando Danny DeVito interpretou o Pinguim (só que um pouco mais sexy). Enquanto editava “Unbroken” – filme que contará a história real sobre um herói da Segunda Guerra Mundial, e o qual ela dirigiu – Jolie sentou-se com a Entertainment Weekly para um almoço nos Estúdios da Universal.

Quando a notícia de que você iria interpretar Malévola veio à tona, muitas pessoas disseram, ‘Oh, ela é perfeita para o papel!’ Você recebeu isso como um elogio ou como um insulto?

(Risos) É realmente muito engraçado quando as pessoas dizem que você é, de forma óbvia, perfeita para interpretar uma vilã. Malévola sempre foi a minha favorita, desde quando eu era pequena. Eu tinha medo dela, mas ao mesmo tempo, me sentia atraída. Eu a adorava. Houve até uma conversa sobre isso antes mesmo de eu fazer parte do projeto. Eu recebi um telefonema do meu irmão dizendo: “Você tem que colocar seu nome na lista por este papel!

Mas ela é tão cruel.

Ela tem uma escuridão. E como fazer um filme sobre alguém que amaldiçoa um bebê e torná-lo rentável? É como se fosse a pior coisa que você pudesse fazer. Mas eu achei que o script escrito por Linda (Woolverton) tem uma profunda compreensão. Nós tivemos que pensar não como poderíamos nos divertir com uma vilã, mas sim no por que as pessoas se tornam más, agressivas e cruéis? O que poderia ter acontecido com ela naquele momento do batizado? Ela teria ficado brava somente porque não havia sido convidada?

Você tem seis crianças em casa. O que elas pensaram de sua mãe como a vilã?

Eu disse aos meus filhos que eu estava interpretando a Malévola, e eles disseram, ‘Mas ela é tão assustadora!’ e eu disse, ‘Me deixe contar a verdadeira história dela, mas vocês não podem contar para ninguém’. E eu os coloquei em um quarto e contei a eles a história do filme. Isso também foi um teste para mim, assim como para qualquer mãe. No dia seguinte, eu escutei Shiloh começar a brigar com outra criança, e enquanto defendia Malévola, ela dizia: ‘Você não a entende!’ Eles discutiram um pouco e pensei que essa era a razão para eu fazer este filme. Não se trata apenas de algo que nunca foi mostrado, mas sim do fato de que existe injustiça no mundo. E as crianças odeiam injustiças. Elas querem que a personagem, na qual acreditam, se levante e lute. E quando esta personagem comete erros – algo que Malévola faz – e ultrapassa vários limites, você quer que as crianças fiquem bravas com ela, você quer que elas fiquem preocupadas e confusas, mas no final, de alguma forma, você quer que elas entendam algo que não tinham conhecimento antes.

Como foi estar na pele dela?

Malévola sempre foi elegante. Ela sempre teve controle. E interpretá-la foi difícil. Eu trabalhei muito na minha voz. Ela é muito melhor que eu. Ela está em um nível de desempenho que eu nunca tinha feito. Ela é muito firme. Ela tem muita confiança em si mesma, mas eu não estava conseguindo fazer a voz dela. Eu fiquei brincando com vários tipos de sotaque britânico, deixando minha voz mais sombria e mais assustadora. E enquanto dava banho nas crianças, eu comecei a inventar outras histórias sobre a Malévola. Eles não ficavam realmente prestando atenção em mim… Até que eu comecei a brincar com a minha voz com certa sonoridade. Ela virou algo muito, muito dark, mas ainda tinha algumas cores. Meus filhos começaram a rir. E era assim que eu ensaiava minhas cenas. Eu fazia isso enquanto eles achavam que era engraçado ou enquanto estivessem sorrindo, porque, com ela, você precisa fazer isso e ir além. Assim, foi algo realmente muito divertido. Fazer algo completamente doido foi algo meio que libertador como artista.

No filme de animação, a Malévola amaldiçoa a Princesa Aurora dizendo que ela espetará o dedo na agulha de uma roca e morrerá. Mas na versão do seu filme, ela diz que a Aurora irá espetar o dedo na agulha de uma roca, mas que cairá um sono profundo como a morte. Por que a mudança?

Porque na verdade isso é mais malvado. É difícil explicar. Na animação, era das uma das fadas que dizia que Aurora acordaria com um beijo do verdadeiro amor. Na nova versão, sou eu que digo isso. Eles me deram essa fala porque Malévola acha que o amor é uma besteira ridícula e absurda. Então, quando ela diz isso é como se fosse uma maldição em cima de outra maldição. Ela tem muita raiva. Ela possui uma maldade muito intensa para falar sobre amor verdadeiro nessa cena.

Elle Fanning interpreta a versão adolescente da Princesa Aurora. Você e ela possuem aparências exóticas similares – apesar de ela parecer mais etérea e iluminada e você projetar esta sensualidade intimidadora.

Eu verei isso como um grande elogio. Eu a acho mágica. Você não consegue tirar os olhos dela quando ela está na tela. Eu gosto de pensar que eu sou uma pessoa calma e doce. Eu tendo a ser bem brincalhona em casa, com as crianças, mas na vida… Nós temos que enfrentar nossas batalhas. Nossas batalhas profissionais, políticas, nossas batalhas pessoais e nos manter focados. Eu sou uma pessoa bem privada em meu espaço – não que eu tente ser rude, de nenhuma forma, mas é assim que eu percorro meu caminho na vida. Eu posso ser um pouco séria. Na primeira vez que a Elle e eu nos conhecemos, ela correu através de um corredor, me abraçou e pulou em mim. Nós brincamos depois que isso foi algo como ser atraída por milhares de lindos coelhinhos fofos.

E como você reagiu?

Eu fiquei congelada. Nunca alguém tinha me visto dessa forma. Quando ela me viu, ela viu uma mãe, uma amiga, uma garota, e ela apenas quis ser a outra garota. Ela é cheia de amor, felicidade, fofura, confiança e doçura, e quando eu tinha a idade dela, eu era completamente o oposto. Eu era meio dark nessa idade.

Sua filha mais nova, Vivienne, interpreta a Aurora quando criança. Como isso aconteceu?

Nós achamos que é mais divertido para os nossos filhos, fazer participações especiais nos filmes e se juntar a nós nos sets, mas não para virarem atores. Esse não é nosso objetivo, tanto para Brad como para mim. Eu acho que nós dois preferíamos que eles não se tornassem atores. Mas ela tinha 4 anos na época e as outras crianças, de 3 e 4 anos que foram selecionadas para interpretar alguns papéis no filme, não chegavam perto de mim. As crianças mais velhas me achavam legal – mas as pequenas realmente não gostavam de mim. Assim, nós precisávamos de uma criança que gostasse de mim e que não tivesse medo dos meus chifres, dos meus olhos e das minhas garras. Então, teve que ser a Viv.

Traduzido por Julia Leyte, Angelina Fan Brasil.

Continua

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