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Jolie parabeniza ganhadora do Prêmio Nansen 2013

30 de setembro de 2013

Conhecido anteriormente por Medalha Nansen, o Prêmio recebeu esse nome em homenagem a Fridtjof Nansen, explorador polar norueguês, que foi o primeiro Alto Comissário para os Refugiados da antiga Sociedade das Nações e que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1922. Instituído em 1954, o Prêmio Nansen é concedido anualmente a um indivíduo ou uma organização em decorrência do reconhecimento pelos serviços dedicados aos refugiados. É o prêmio mais importante concedido pelo ACNUR (UNHCR). O Prêmio consiste em uma medalha comemorativa e 100 mil dólares doados pelos governos da Noruega e Suíça. O objetivo do Prêmio Nansen é chamar atenção para o sofrimento dos refugiados e incentivar a assistência e cooperação internacional nesta área.

O Prêmio Nansen para os Refugiados 2013 foi atribuído a Irmã Angélique Namaika, uma freira congolesa que atua na remota região nordeste da República Democrática do Congo (RDC) ajudando milhares de mulheres vítimas da brutal violência sexual e de gênero praticada pelo Exército de Resistência do Senhor (LRA, em inglês) e outros grupos. Irmã Angélique cresceu sabendo que queria ajudar as pessoas. Quando criança, admirava uma freira alemã chamada Irmã Tone, que cuidava dos doentes na sua aldeia. Por muitas décadas, Irmã Tone foi a inspiração para o trabalho de Irmã Angélique. Comprometida a ajudar ao próximo, no ano de 2000 ela fez seus votos religiosos e entrou para a Igreja Católica. À frente do Centro para Reintegração e Desenvolvimento, a Irmã Angélique Namaika já ajudou a transformar a vida de mais de duas mil mulheres e meninas que foram forçadas a deixar suas casas e sofreram abusos, principalmente pelo grupo rebelde LRA. Muitas destas mulheres trazem histórias de sequestro, trabalho forçado, espancamento, assassinato, estupro e outras violações de direitos humanos.

Em comemoração ao prêmio, a atriz e Enviada Especial da UNHCR, Angelina Jolie, enviou uma mensagem parabenizando a irmã Angélique:

“Parabenizo calorosamente a Irmã Angélique Namaika, ganhadora do Prêmio Nansen para os Refugiados deste ano, pelo seu excepcional – e verdadeiramente inspirador – trabalho em ajudar mulheres desabrigadas e crianças vulneráveis na República Democrática do Congo. O Prêmio Nansen reconhece sua extraordinária contribuição assim como também a forma pela qual tem impactado positivamente a vida de milhares de pessoas desabrigadas no Congo. O trabalho da Irmã Angélique ajuda também a chamar atenção para os efeitos devastadores da violência sexual, e para a necessidade de justiça e ajuda que as vítimas sobreviventes precisam. A cultura da impunidade com relação à violência sexual utilizada nos conflitos deve ser contestada. Há muito tempo, o estupro é utilizado como arma de guerra e há muito tempo os autores desses crimes ficam impunes. Nós precisamos de uma ação global para acabar com o estupro em zonas de conflito, e eu peço aos governos de todo o mundo para que tornem isso uma prioridade urgente.”

Estima-se que aproximadamente 350 mil pessoas tenham sido forçadas a deixas suas casas na região de Dungu – e 70% delas devido a atividades relacionadas com o LRA ou com ameaça de ataques. A brutalidade do LRA é bastante conhecida, e depoimentos de mulheres mostram a terrível natureza de seu abuso. A abordagem individual adotada pela Irmã Angélique no seu trabalho, ajuda as vítimas a se recuperarem de seus traumas. Além do abuso que sofreram, essas mulheres e crianças vulneráveis são frequentemente condenadas ao ostracismo por suas próprias famílias e comunidades. É necessário um especial cuidado e carinho para ajudá-las a curar suas feridas e a reconstruir suas vidas despedaçadas.

A própria Irmã Angélique foi deslocada pela violência em 2009. Ela sentiu na pele o trauma de fugir de casa. Isso faz parte da lista de motivações que a levam a trabalhar dia após dia percorrendo muitos quilômetros em sua bicicleta, por estradas esburacadas, para chegar a todos os necessitados. Nessa remota parte do nordeste do Congo, a irmã dedicou sua vida a ajudar mulheres e crianças deslocadas a serem novamente aceitas por suas comunidades, curar suas feridas, e se tornarem autossuficientes.

Fonte: ACNUR e UNHCR