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Total Film entrevista Angelina Jolie

20 de janeiro de 2013

Beleza icônica, mãe de seis filhos, ganhadora do Oscar, embaixadora e agora diretora de “In the Land of Blood and Honey,” a gata selvagem Angelina Jolie navegou em uma tremenda carreira – e ela ainda continua com apenas 37 anos.

Irresistível. É uma palavra que descreve Angelina Jolie perfeitamente. Não apenas o sensual ‘sex appel’ que tem enfeitiçado incontáveis homens ( e mulheres). Nem aqueles lábios picados por abelhas, os olhos verde esmeralda e as curvas de Lara Croft. Não, é sua carreira que provou ser impossível de resistir. Não se esqueça que certa vez ela disse à revista Vogue, “Em meu coração eu ainda sou – e sempre serei – apenas uma garota punk com tatuagens.” Sua evolução de ‘bad girl’ para humanitária de Hollywood e mãe é enormente sensacional; e é uma trajetória que a nova geração de moças deveria seguir. Hoje em dia, a cobertura dela e de seu parceiro Brad Pitt, de suas cruzadas nômades até as zonas de conflito ao redor do mundo com sua prole de seis filhos, mostra que o bonde Brangelina fez de tudo, menos cansar Jolie.

Voltando para quando ela estourou nas telonas durante o tecnológico e fantasioso filme “Hackers” ela cheirava à rebelião. A coleção de facas. As confissões sobre bissexualidade e sado-masoquismo. As histórias de auto agressão e uso de drogas. Ah, e ainda o tempestuoso relacionamento com seu pai-ator, Jon Voight. Então, vieram as tendências góticas – casando-se com Johnny Lee Miller enquanto usava uma camiseta com o nome dele escrito em sangue; casando-se com Billy Bob Thornton usando um pingente com o sangue dele ao redor do pescoço. Tudo isso alimentava a energia desenfreada dos seus primeiros papéis – notavelmente vista no filme “Gia” (com cenas de nudez e lésbicas), “Corações Apaixonados” e no seu papel de paciente sociopata no filme “Garota, Interrompida” que lhe rendeu um Oscar.

Estranhamente, foi interpretando a aventureira Lara Croft em “Tomb Raider” que as coisas mudaram – não apenas porque isto a transformou em uma heroína de ação. Ao participar das gravações do filme no Camboja, ela tomou um caminho filantrópico e então foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade para o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (UNHCR), passando a visitar áreas perigosas ao redor do mundo e a doar milhões de dólares. Durante este período, ela visitou a Bósnia-Herzegovina – inspirando-a a dirigir “In the Land of Blood and Honey”, que conta uma história de amor brutal passada durante a guerra de Bósnia que parece ter sido esculpida pela mesma parte de Jolie que nos trouxe “O Preço da Coragem.” Indicado ao Globo de Ouro por Melhor Filme Estrangeiro, é angustiante saber que o filme recebeu fortes críticas em alguns lugares (The Hollywood Reporter, por exemplo, alegou que Jolie merecia um crédito significativo pelo filme, por mostrar acontecimentos horríveis de um modo tão crível).

Quando nós nos conhecemos no Hotel Adlon em Berlim, a Jolie de 37 anos estava usando um vestido revelador de cor creme e sapatos de salto de cor bege. Ela tinha acabado de sair de uma reunião com o Presidente Obama que aconteceu na Casa Branca, seguida por uma exibição do filme “In the Land of Blood and Honey” no Holocaust Museum na cidade na cidade Washington, nos Estados Unidos. Eles conversaram sobre as necessidades humanitárias da Bósnia e da Sérvia. “Normalmente, quando você se encontra com políticos, é bom saber o que está no topo de suas agendas, para ter uma noção do que está acontecendo no mundo.”

Encantar líderes mundiais é apenas uma parte da habilidade de Jolie. Aberta, honesta, sem censuras, hoje em dia sem nenhum agente publicitário, você não deve imaginar como ela enfrentou o furor da mídia quando, durante as filmagens de “Sr. & Sra. Smith” ela ficou rotulada como ‘a outra mulher’ quando Pitt separou-se de Jennifer Aniston. Na maior parte, no entanto, sua ascensão em Hollywood fez ela emergir como uma cidadã modelo. “Eu apenas quero ser uma estudante do mundo,” disse ela. Até agora, ela conseguiu tirar as melhores notas.

Em uma era de celebridades de Hollywood cautelosas, você sempre foi muito aberta com a imprensa em suas entrevistas. Como você consegue?

Eu sempre quis ser aberta com a imprensa porque eu acredito que se você vai participar de uma entrevista, você pode muito bem compartilhar alguma coisa, que poderá significar algo para quem estiver lendo – ou então você não deveria conceder entrevistas. Então, eu não me importo.

Mas você já foi afetada por esta atitude?

Milhares de vezes. Mas eu não quero ser alguém que pensa sobre o que as pessoas vão dizer, e censurar – nunca em minha vida. Eu não quero fazer este tipo de coisa, porque se não começarei a fazer isto em minha vida. Eu acredito que todos nós estamos aqui para nos comunicarmos uns com os outros. Às vezes, os erros que eu cometi e o modo pelo qual eu me recuperei deles, pode significar alguma coisa para alguém. Ninguém se identifica com uma pessoa perfeita. Se eu ler alguma coisa sobre alguém que tem uma vida perfeita, não significará nada para mim.

Então você não acha que um ator precisa fazer mistério sobre sua vida privada?

Eu não acho que isto é necessariamente verdadeiro. Você conhece o ator. Você o viu em Awards Shows, você o tem visto em suas Premieres. Então não importa o que ele compartilha ou não. Eu tenho sido bastante aberta e espero que as pessoas assistam meus filmes e gostem das personagens. E às vezes isto ajuda, porque talvez você se sente próximo do que você está assistindo.

Você sempre interpreta personagens que são ao mesmo tempo muito fortes mas também muito femininas. Isto é uma obrigação para você?

Eu acredito que isto é muito próximo do que é uma mulher, esta combinação, e eu acho interessante os papéis que tem esta combinação – pessoas mais complexas tem estes dois lados em suas personalidades. Na verdade, eu me sinto mais atraída por estes papéis do que por papéis de vítimas. Isto tende a ser mais parecido com uma pessoa de verdade.

É dito que um de seus primeiros sucessos foi ganhar o Globo de Ouro pelo filme “Gia”, interpretando a trágica modelo viciada em heroína, Gia Carangi. Quais memórias você tem disso?

Depois de “Gia”, eu senti como se eu não tivesse mais nada para dar porque ela era muito parecida comigo, ela me quebrou. De certa forma eu morri com ela, então eu me mudei para Nova Iorque e me separei de meu marido [Jonny Lee Miller] porque ele não queria se mudar comigo; ambos concordamos que esta foi a melhor decisão.

Você também ganhou um Oscar por “Garota Interrompida”. Ela também é uma personagem parecida com você?

Os impulsos dela são completamente livres. Então eu deixei meus impulsos completamente livres… para mim, ela era desoladora, e a essência dela era de que apenas queria ter alguém pra conversar. Ela queria alguém pra poder abaixar a guarda e parar de besteiras, apenas admitir o que quer que seja e parar de fingir.

Com estes filmes, juntamente com “Corações Apaixonados” e “Alto Controle”, você começou a se tornar um “sex symbol”…

E isso é uma coisa boa!

Então este não é um rótulo que te incomoda?

Eu sou uma mulher, e toda vez que você diz a uma mulher que ela é bonita, isso não vai irritá-la. É muito bom se sentir sexy, e importante. Mas se você não se envolve com o mundo, de repente isto significa que você não é uma pessoa sexy…

É verdade – Embora o seu trabalho como Embaixadora da Boa Vontade da ONU tenha mudado radicalmente sua imagem pública. Você tem alguma ideia de como isto aconteceu?

É engraçado porque sempre pedem para você resumir quem você é, sua personalidade e suas mudanças – e eu nunca fiz terapia, então eu não sei exatamente como eu fiz isso! Eu só sei que eu me abri para aprender mais sobre o mundo, sobre outras pessoas e o que realmente estava acontecendo. Então eu mudei. Eu adotei uma criança e isso me mudou, passei por um divórcio [Billy Bob Thornton] e isso também me mudou. Então todos estes diferentes acontecimentos me fizeram crescer, como acontece com todos. Eu me sinto realmente feliz por ter passado por isso e ter me tornado uma pessoa melhor.

Nunca teve muito impacto no meio, mas “Amor sem Fronteiras” foi um filme chave para você neste sentido, não é?

Sim. Eu realmente me senti comovida pela história e quando terminei de ler o script, eu chorei. Naquela época, o filme não fez sucesso porque é um filme muito difícil de se fazer – Eu nunca achei que conseguiria. Eu fiquei muito chateada com isso porque eu queria entender isto. Então eu percebi que eu conseguiria. Eu arrumei vários livros e fui até Washington e me encontrei com algumas pessoas da UNHCR e então eu fui até os campos [de refugiados] com eles. Então, em um ano eu fui a três países diferentes e eles pediram para que eu me juntasse à ONU. Minha primeira viagem ao exterior me mudou completamente…

Inclusive você escreveu sobre suas experiências no livro “Notes From My Travels.” Como isto surgiu?

Quando eu viajei para um campo de refugiado pela primeira vez, alguém disse para mim “Você irá voltar e terá tido sentimentos extremos, e você não conseguirá conversar sobre isto com seu marido ou com sua mãe, porque eles não estiveram lá… então faça um diário e entregue a eles, assim eles poderão conversar com você.” Então, eu fiz um diário e a ONU perguntou se poderia coloca-lo na internet, e eu recebi muitas cartas. Eu fiquei muito empolgada com isto, e então pediram para mim se poderiam publicá-lo.

Como você lidou com as coisas que você viu?

Quando eu viajei pela primeira vez, eu fiquei ridiculamente chorando para tudo. E talvez este foi o momento em que eu percebi que estava chorando mais do que as pessoas que tinham sofrido mais que eu. Eu acho que isso é algo que você percebe. Aquelas pessoas tiveram suas famílias assassinadas, tiveram suas casas queimadas e se tornaram apátridas – elas não estavam chorando porque elas não tinham tempo para isso, e eu não estava ajudando apenas sentindo pena por eles. Eu tinha que ser prática e focada.

O que você aprendeu com suas viagens?

Zonas de conflito ou situações no mundo onde não se está em paz, te mostram coisas ruins mas também te mostram o que há de melhor nas pessoas. Isto faz com que você realmente fique focada no que é a vida, e isto te ensina muito. Isto é inclusive algo que nós deveríamos estar fazendo com nossas vidas. Nós não podemos apenas ficar ao redor e não fazer parte do mundo em que vivemos. E no mundo que vivemos, existem muitas pessoas desabrigadas, muitas pessoas apátridas, muitas pessoas sendo traficadas, muitas pessoas sendo estupradas, muitas crianças sem escola, educação e sei pais. Então, sabendo disto… nós temos que estar engajados no mundo. Eu sou muito feliz por ter a oportunidade de fazer isto.

O que levou você a dirigir “In the Land of Blood and Honey?”

Eu nunca tive a intenção de me tornar uma diretora ou de escrever um roteiro. Eu nunca tive a intenção de fazer um filme. Eu costumo dar a mim mesma ‘lições de casa’ para fazer sobre coisas diversas; é um bom exercício manter sua mente trabalhando. E eu estava muito frustrada com a falta de intervenção. Eu estive viajando por 10 anos até as zonas de conflitos e de pós-conflito, e eu sempre pensava no que acontecia com as pessoas quando elas vivem dentro destas situações, e como suas humanidades foram tomadas. Eu passei muito tempo trazendo as pessoas de volta – como as pessoas estão em um campo de refugiados elas tem de retornar para o local onde enfrentaram a guerra. Então eu queria fazer uma reflexão sobre o que era isto e como as pessoas, que eram vizinhas, ficaram umas contra as outras.

Mas porque o conflito dos Balcãs?

Eu sempre senti que deveria saber mais sobre a guerra da Bósnia porque aconteceu em minha geração, mas eu nunca soube muito. Quanto eu viajei para a região, eu ainda não conseguia entendê-la. Este foi o conflito no qual eu não conseguia parar de pensar. Você tenta arrumar pessoas para explicar coisas para você, e você fica ‘Ok, e o que são os Balcãs? Como isto aconteceu? Por que isto aconteceu e por que isto durou quase quatro anos? Eu não conseguia entender. Então eu senti… como se eu fosse alguém que estava viva na época, que viajava pela Europa mas que não prestava atenção. Eu me senti responsável.

Como você conseguiu conciliar sua vida familiar com a direção do filme?

Bem, Brad e eu sempre trabalhamos em turnos, e ele é um ótimo pai. Ele cuidava das crianças e as levava para a escola. Existem trabalhos muito mais difíceis e existem coisas muito mais difíceis que esta. Mas nós tivemos pouco tempo para nos prepararmos, cerca de dois meses e meio. Como nós trabalhamos em turnos, eu estava com Brad – e ele esteve trabalhando no filme “O Homem que Mudou o Jogo” – até três dias antes de começar as filmagens de “In the Land of Blood and Honey.”

Brad é bem estabilizado como produtor. Você conversou com ele sobre este projeto inicialmente?

Na verdade não. Parcialmente, eu tive que descobrir isto sozinha. Eu não pedi a ele para produzir o filme também. Eu queria aprender. Eu falei com pessoas que eu conhecia. Mas Brad estava sempre lá. Eu acho que quando vocês formam um casal e vocês moram juntos, vocês se influenciam sem saber. Ele sempre me apoiou. E mesmo agora, depois de lançar o filme, tem sido tenso. Tem sido um momento tenso. É um filme difícil e é difícil fazer com que o filme saia – não é fácil. Há muito peso! Todo o peso das pessoas que foram hostis ou que viram isto da forma errada. Mas também tem um lado bonito. É como uma montanha russa.

Você ainda contou com a participação de Brad fazendo o papel de um figurante tomando um tiro. Como isto aconteceu?

Isto foi uma coisa prática, quando um diretor toma uma decisão… quando você precisa de alguém, você tem que encontrar alguém em sua volta que terá o melhor ângulo. Foi na verdade uma coisa difícil de se fazer. Ele de repente se tornou muito bom em tomar um tiro. Ele foi dublê!

Vocês costumam conversar sobre o fato de que se não fosse por “Sr. & Sra. Smith” vocês não estariam juntos?

Sim, nós conversamos sobre isso. Nós olhamos nossos filhos. Eu não sou alguém que acredita em destino mas eu não fujo dele quando algo se desdobra. É igual com meus filhos. Especialmente quando você adota, em alguns países… Maddox teve uma pequena influência quando eu o conheci… mas como todos os meus outros filhos aconteceu algo como “Esta é a criança que foi escolhida para você,” e eu acho que isto é bem parecido com um filho que você pariu, já que você não pode escolher. Eu vejo isso quando olho meus filhos. Isto apenas parece certo. É difícil entender como isto pode ter se desdobrado tão lindamente; algumas vezes as coisas são dessa maneira.

É sua família que mantêm você com os pés no chão?

A melhor coisa em ter muitos filhos é que eles apenas lembram você de que você é a pessoa que os leva para fazer cocô. É isso o que você é! Nós temos uma vida muito normal, uma casa com os pés no chão. Nós somos amigos e damos risadas com nossos filhos. Nós não prestamos atenção a esta vida de celebridade que temos. Nós não compramos aquelas revistas, nós não assistimos programas de televisão. Nós simplesmente ignoramos. Nós explicamos aos nossos filhos que as pessoas gostam de tirar fotos de pessoas que fazem filmes. E isso é tudo. Não existe nada de especial sobre a Mamãe e o Papai – nós apenas fazemos filmes.

Você já se preocupou com a recepção de algum de seus filmes?

Eu nunca fiz nada pensando nas críticas e na resposta do público. Eu nunca trabalho assim. Eu só faço algo quando eu sinto que é algo que eu gostaria de fazer. Eu faço do jeito que eu quero fazer pelas razões que eu acho importantes, e eu defendo isto. Então, se todo mundo odeia isto, eu fiz o melhor que podia. Esta é a forma que você deve fazer a arte. Você não faz arte considerando como algo vai ser recebido.

Esta sempre foi sua abordagem ao fazer seus filmes, mesmo no começo?

Quase sempre. Eu nunca li uma crítica. Eu não leio revistas com artigos sobre mim. Se alguém diz “Este é um ótimo artigo sobre você,” não é saudável ler algo sobre você desse jeito. Se for algo ruim, a mesma coisa. Em que isto importa? Você apenas diz, “Se existe algum problema, me diga.” Assim como se existe algo errado. Eu tenho que concertar… mas se não, eu não tenho. Eu apenas quero viver minha vida.

Você gosta de ver você mesma nas telonas?

Eu não assisto meus filmes. Eu nunca me olho no monitor. Alguns atores gravam uma cena e então eles olham como ficou no monitor. Eu nunca assisto eu mesma enquanto sou filmada. Eu vi alguns dos meus filmes durante as Premieres, mas eu nunca vou à sala de edição. Eu não tenho interesse em ver eu mesma.

O que leva você a escolher seus papéis?

Eu nunca fiz um filme por uma razão ou outra, a não ser quando eu olho para um e penso “Eu vou aprender algo com este.” Mas eu nunca tento fazer algo que seja socialmente irresponsável! Eu narrei alguns documentários e trabalhei em coisas assim – mas as coisas que realmente me empolgam são papéis nos quais eu posso aprender algo.

Você acha que Hollywood é culpada por oferecer muita fantasia escapista?

Eu acho que Hollywood responde com aquilo que as pessoas querem. E, atualmente, muitas pessoas querem mais escapismo por causa daquilo que estão passando em casa.

Foi esta necessidade de escapismo que fez com que você interpretasse Lara Croft nos filmes de Tomb Raider?

Eu conheci uma criança que jogava o videogame, e nós costumávamos matar a Lara a todo momento porque nós gostávamos do barulho que ela fazia quando morria. Eu realmente não gostei dela quando vi o jogo pela primeira vez. Quando concordei em interpretá-la, eu não sabia o quão ícone ela era. Existiam revistas informando onde ela estudou e qual música ela gostava… é muito bizarro! Eu apenas fiz o filme porque ela é uma mulher muito forte. Foi algo bastante exposto, mas no sentido de que eu pensava “Eu realmente gosto do que ela representa como mulher e se eu ficar exposta desta forma, está tudo bem.”

Um dos seus papéis mais sérios foi o de Mariane Pearl em “O Preço da Coragem.” Vocês eram amigas antes de você começar a filmar. Isto ajudou?

Me ajudou no sentido de que eu era capaz de estudá-la e conhecê-la e de ter uma ideia muito boa e clara de quem era a pessoa que eu iria interpretar. Mas ao mesmo tempo, quando você é muito próxima, isto faz com que você hesite ao fazer coisas; você sente que está imitando uma amiga e se sente muito envergonhada por isto. Eu nunca conseguiria fazer o sotaque na frente dela. Porque eu comecei a me preocupar com ela e com seu filho, é difícil quando você conhece a pessoa, de um modo diferente, de uma forma emocional. E o filme se tornou muito, muito secundário ao fazer perceber que realmente existe uma mulher e que este foi um momento de sua vida, é muita responsabilidade… Eu não consegui dormir bem por muitas noites durante as gravações do filme.

Falando em papéis traumáticos, você interpretou uma mãe que perde o filho no filme de Clint Eastwood, “A Troca.” Como foi esta experiência?

Eu costumo me emocionar quando começo a falar sobre Clint. Ele é tudo aquilo que você espera que ele seja. Ele é uma daquelas pessoas de quem você muito ouviu falar. Ele parece muito aquele incrível macho-alfa – muito decisivo, muito forte e muito legal. E quando você o conhece, você vê que ele é exatamente assim! E então você fica apenas em reverência. E no topo disto tudo, eu nunca vi um diretor tão gentil com sua equipe, muito apreciativo com cada membro da equipe. Ele é o líder que você esperaria para todos os aspectos de sua vida.

Clint, obviamente, teve seu momento como Prefeito da cidade de Carmel, na Califórnia. Você já pensou em se tornar política?

Eu acho que eu não seria uma política muito boa! Eu não sei se eu conseguiria seguir as regras. Talvez minhas opiniões sejam muito fortes. Eu apenas acho que eu não conseguiria seguir as regras muito bem. Eu acho que os políticos precisam seguir as regras algumas vezes, e eu não seria muito boa nisso.

Você prefere usar sua fama para levantar questões importantes? É muito difícil fazer a diferença?

Eu posso fazer coisas. Eu posso trabalhar em uma diplomacia particular. Eu posso ter muitas coisas feitas, e mudar algumas coisas – sem ninguém saber. Mas quando você se torna mais política, de repente isto se torna algo muito diferente.

Você está em negociação para dirigir novamente – Com a história da Segunda Guerra Mundial de “Unbroken.” O quanto isto significa para você chamar a si mesma de diretora?

Se eu nunca fizer isso de novo, eu ficaria feliz. Eu amei a experiência ao fazer “In the Land of Blood and Honey,” mas eu não tenho que fazer isto novamente. Eu acho que dependeria da história – eu amei fazer este filme porque eu amei a história, e eu me senti honrada por poder trabalhar com pessoas que sobreviveram ao conflito. Todos os dias foram educativos para mim – e eu fiquei muito apaixonada. Eu teria que sentir a mesma coisa para fazer isto novamente.

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