Angelina Jolie: “Todas nós somos Malala”
17 de outubro de 2012
Eu disse aos meus filhos — e você deveria fazer isso também: a educação das meninas está sob ameaça no Paquistão, no Afeganistão e ao redor do mundo. É o momento de todos nós tomarmos uma posição.
Escrito por Angelina Jolie. Mais: clique aqui e saiba como ajudar.
“Na manhã de quarta-feira, enquanto arrumávamos as crianças para a escola e meio a algumas reclamações habituais sobre não querer ir, eu li uma manchete na capa do The New York Times: Talibã atira em menina que falava sobre seus direitos. O Talibã afirmou que a menina de 14 anos de idade chamada Malala Yousafzai “ignorou suas advertências e os deixou sem escolha.” Eles se aproximaram de seu ônibus escolar, chamando-a pelo nome, e atiraram em sua cabeça para promover a educação das meninas.
Depois de ler o artigo, me senti obrigada a compartilhar a história de Malala com meus filhos. Foi difícil para eles, compreender um mundo onde homens tentam matar uma criança cujo o único “crime” foi o desejo de que ela, e outras meninas, pudessem ir para a escola.
A história de Malala ficou na cabeça de meus filhos durante todo o dia e à noite eles estavam cheios de perguntas. Nós aprendemos sobre Malala juntos, assistindo suas entrevistas e lendo seus diários. Malala tinha apenas 11 anos de idade quando começou a blogar para a BBC. Ela escrevia sobre como era viver sob o Talibã, sobre as regras de uniforme em sua escola, sobre como escondia livros sobre o xale e como teve de parar de ir à escola por completo.
Nosso filho de 8 anos sugeriu que o mundo deveria construir uma estátua para Malala e criar um espaço para leitura próximo a ela. Já nossa filha de 6 anos fez uma prática pergunta se Malala tinha algum animal de estimação, e se sim, quem iria cuidar deles? Ela também perguntou sobre os pais de Malala e se eles estavam chorando. Nós decidimos dizer que eles estavam chorando não apenas pela morte de sua filha, mas também por todas crianças ao redor do mundo que tem esse básico direito humano negado. Assim como Malala, seus pais são ícones de bravura e de força. O pai de Malala também é um campeão que luta pela educação das meninas, um diretor de escola e um poeta.
Na manhã seguinte, uma notícia trazia imagens de crianças de todo o Paquistão que carregavam uma foto de Malala em protestos e manifestações, e enquanto rezavam nas escolas. Meu filho ficou preocupado se as meninas também seriam baleadas por estarem defendendo Malala. Eu disse a ele que elas estavam cientes do perigo, mas mesmo assim estavam publicamente apoiando e mostrando o quanto Malala significava para elas. A coragem de Malala lembrou todos os paquistaneses o quão importante a educação é. Sua bravura inspirou a todos.
Ainda tentando entender, meus filhos perguntaram: “Por que esses homens acharam que precisavam matar Malala?”, e eu respondi, “porque a educação é uma coisa poderosa.”
Os tiros disparados contra Malala atingiram o coração da nação, e como o Talibã se recusou a recuar, assim também fez o povo do Paquistão. Este ato violento e odioso parece ter alcançado o oposto de sua intenção, já que os paquistaneses realmente abraçaram os princípios de Malala e rejeitaram a tirania do medo. Um porta voz do Talibã paquistanês disse “que isto sirva como lição.” Sim. Que isto sirva como lição de que a educação é um direito humano básico, o direito que não pode ser negado às filhas dos paquistaneses.
As meninas, em todo o Paquistão, que se levantaram para dizer “eu sou Malala,” não estão sozinhas. Mães e professoras de todo o mundo estão contando aos seus filhos e aos seus alunos a história de Malala, e estão encorajando-os a fazer parte de seu movimento a favor da educação das meninas. Em todo o Paquistão, um movimento nacional surgiu para reconstruir as escolas e renovar a educação das crianças, incluindo as meninas. Este terrível evento marcou o início de uma necessária revolução na educação das meninas.
Malala é a prova de que apenas a voz uma pessoa corajosa inspira incontáveis homens, mulheres e crianças. Nas salas de aula e nas mesas da cozinha ao redor do mundo, mães, pais, filhos e filhas estão rezando por Malala se recuperar e se comprometendo em divulgar suas ideias. Como o Comitê Nobel se reúne para escolher o vencedor do Prêmio Nobel da Paz, eu imagino que à corajosa Malala será dada uma séria consideração.”
Por conta de tal notícia, Angelina Jolie e Tina Brown estão ajudando a divulgar uma iniciativa da Women in the World Foundation que se chama “Women of Impact Award for Girls Education” em homenagem à Malala, para providenciar fundos às mulheres e às meninas que estão batalhando por educação no Paquistão e no Afeganistão. Elas estão fazendo um pedido de emergência a todas as mulheres do mundo para entrarem nesta campanha. E por isso, Angelina e Tina Brown deixaram uma mensagem:
“Amiga, nós temos certeza de que você ficou abalada com as notícias desta última semana, sobre a menina Malala Yousafzai de 14 anos que foi baleada na cabeça pelo Talibã enquanto deixava a escola em Swat Valley no Paquistão. O crime dela foi promover a educação das meninas no Paquistão e publicar em um blog como era viver sob o domínio do Talibã. Ela permanece inconsciente e foi levada do Paquistão para o Reino Unido onde está recebendo um tratamento especializado. Em resposta à bravura de Malala, as meninas de todo o Paquistão, de todo Afeganistão e todo o mundo estão se levantando e dizendo: “Eu sou Malala!” Esta é a nossa oportunidade de mostrar a mesma solidariedade.”
Você pode contribuir, de qualquer parte do mundo, clicando aqui.
Fonte: The Daily Beast
- Notícia anterior: Imparável Angelina
- Próxima notícia: Jolie doa 50.000 dólares em nome de Malala Yousafzai