Uncategorized

Review de “In the Land of Blood and Honey” por LA Times

22 de dezembro de 2011

Fonte: LA Times

Escrito por Kenneth Turan, Crítico de Filme da Los Angeles Times.

Apesar da história central de “In the Land of Blood and Honey” ter sido inventada, em seu primeiro filme como diretora Angelina Jolie como fez muito em uma area tão difícil como a guerra da Bósnia.

O que Angelina Jolie conseguiu fazer no filme “In the Land of Blood and Honey” é impressionante e inesperado. Mas, apesar de ter estabelecido uma tarefa tão difícil para si mesma, não chega perto de ser o bastante. Mesmo não aparecendo nas telonas, as funções de Jolie como escritora, diretora e co-produtora de um filme com um assunto tão doloroso e emocionalmente complexo, seriam um desafio até mesmo para um criador muito experiente. Não é de surpreender que alguém com sério envolvimento com causas humanitárias como Angelina Jolie tenha definido como tema de “In the Land of Blood and Honey” o turbilhão violento que afetou a ex-Iugoslávia durante a guerra da Bósnia que aconteceu entre os anos de 1992 e 1995. Foi uma guerra de milícias contra civis, um conflito que envolveu uma limpeza étnica brutal e dezenas de milhares de mulheres que foram estupradas, sendo a primeira vez em que um ato foi processado sob lei internacional como um crime autônomo contra a humanidade. E o que tornou a situação ainda mais agonizante, foi o fato de que toda a brutalidade e de que todas as mortes, aconteceram entre grupos étnicos que tinham aprendido a viver juntos, em paz, que frequentemente se casavam e que levaram suas cidades a servirem de exemplo da diversidade. Até os políticos ultra-nacionalistas ganharem poder e os pesadelos surgirem.

Apesar de “In the Land of Blood and Honey” ter sido filmado, em sua maior parte, na Hungria, uma das coisas mais impressionantes que Jolie fez foi ter dado ao filme, um palpável senso de autenticidade, tanto em termos de atuação como em relação a fidelidade aos eventos. Ela usou atores locais, dos quais apenas um (o veterano Rade Serbedzija) é familiar ao público doméstico, e filmou na língua nativa que, servindo de exemplo de como as coisas ainda estão fragmentadas, é agora chamada de Bósnia, Croata e Sérvia ou BCS.

A história de “In the Land of Blood and Honey” irradia-se apartir de um relacionamento entre um homem e uma mulher, dois Bósnios com diferentes formações que começaram uma ligação amorosa quando ainda podiam. Danijel (Goran Kostic) é um policial sérvio, enquanto Ajla (Zana Marjanovic) é uma artista muçulmana que vive com sua irmã Lejla (Vanesa Glodjo) e seu sobrinho. Nós os vemos dançando durante um encontro, quando a guerra começa e tudo muda. De repente, o apartamento de Ajla é invadido por um grupo armado sérvio paramilitar que arrasta os homens para fora, presumidamente para serem executados, e que leva as mulheres para um abrigo em que o estupro por soldados é a regra. Apesar de sua presença e sua autoridade oferecerem a possibilidade de proteção, Ajla fica horrizada ao descobrir que Danijel é capitão do exército e filho de um general sérvio (Serbedzija). “In the Land of Blood and Honey” mostra o que acontece com Danijel e Ajla ao longo dos anos do conflito enquanto tentam encontrar um ponto de equilibrio que irá balancear suas complicadas emocionais e sexuais vidas, considerando a nova dinâmica do poder e os diferentes modos em que vêem a situação política. Quando ela, por exemplo, grita: “Nós somos tão terríveis que devemos ser exterminados?”, ele responde: “É política, não assassinato.”, e ela então replica: “São assassinatos para o ganho político.”

Como diretora, Jolie foi especialmente vigilante em não deixar a atuação se tornar exagerada ou indulgente, frequentemente uma tentação quando os atores vão para atrás das câmeras. Ela fez sua lição de casa ao estudar o pertubador conflito, as atrocidades inabaláveis, assim como os racionais Bósnios Servios fizeram em suas atuações. Infelizmente, o script de “In the Land of Blood and Honey” apresenta problemas: sua história central é menos atraente do que a atmosfera geral do filme. A relação de Ajla e Danijel não é sempre convincente, os pontos chave do enredo podem parecer artificiais e a preponderância dos vilões Bósnios Sérvios se torna esquemática. Para comparar este filme com, digamos, ao igualmente brutal filme “City of Life and Death” de Lu Chuan, ele ainda precisa viajar. No entanto, permanece o fato de que este é um primeiro filme e Jolie conseguiu fazer muita coisa em uma área tão difícil. Em entrevistas, Serbedzija, que já foi dirigido por Clint Eastwood, disse que Jolie o fez lembrar muito do grande ator que virou cineasta. Se as coisas começarem bem, talvez uma carreira como a dele pode ser iminente.