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Jogos de aparência ao som de Hitchcock

7 de fevereiro de 2011

Por Luiz Carlos Merten para o jornal O Estado de S. Paulo, do dia 21 de Janeiro de 2011

“O Turista” segue linha de thriller chique e romântico do mestre do suspense.

Melhor do que a encomenda – foi recebido a pancadas pela crítica dos EUA -, o longo “O Turista”, que Florian Henckel von Donnersmarck adaptou de um filme francês, não é apenas uma suíte natural do seu “O Mundo dos Outros”, agora como grande espetáculo, como também é mais do que um mero veículo para o estrelismo de Angelina Jolie, levando o espectador ao deslumbrante cenário de Veneza, onde se passa quase toda a história. Angelina não tem glúteos. É reta como uma porta, mas o mistério daqueles olhos e daquela boca envolvendo o espectador como se fosse a própria esfinge. Não há homem que vá conseguir desgrudar os olhos dela.

E Angelina, que antes de virar estrela de ação foi atriz dramática, ganhando o Oscar de coadjuvante por “Garota, Interrompida” – é boa atriz. No recente “Salt”, de Philip Noyce, por mais mirabolante que fosse o relato baseado nos jogos de aparências, ela dava conta do recado em duas ou três cenas que exigiam mais do que carisma na criação da personagem. A nova trama – mera coincidência? – recorre mais uma vez às máscaras e identidades forjadas. Antes de ir adiante interrogando o que isso pode significar, como representação do mundo, é bom continuar especulando sobre a senhora Brad Pitt.

Muitos críticos chegam a dizer que o excessivo estrelismo de Angelina neutraliza Johnny Depp. Talvez tenha sido autodefesa do diretor. Se alguém tem problema – e o filme se ressente disso -, é o próprio Depp. Ele parece um tanto detonado – mais gordo e envelhecido? – e, como ator, funciona bem enquanto seu personagem é babaca. Quando há uma reviravolta – é melhor não entrar em detalhes para não anular o fator surpresa – e era preciso um Cary Grant, Depp continua sendo um dos Três Patetas. A falta que me fazem – Tim Burton ou Gore Verbinski, diretor da franquia “Piratas do Caribe”, ele deve pensar.

Leia o resto da matéria clicando nas scans acima que também trazem uma crítica feita por Luiz Zanin Oricchio.

Agradecimentos especiais ao @joaopauloteco que enviou as scans!

+ Revistas: 2011 – Jornal O Estado de S. Paulo – 21 de Janeiro de 2011 (2x) (Use o Internet Explorer)