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>Uma pitada de "Salt" e uma generosa quantidade de Angelina Jolie

30 de julho de 2010

>Fonte: Business Mirror

Angelina Jolie leu pela primeira vez o roteiro de “Salt” logo após dar a luz aos seus dois adoráveis gêmeos, Vivienne e Knox. Como ela lembra, foi um pouco difícil se imaginar fazendo um filme de ação no qual haveria um grande número de acrobacias – incluindo uma seqüência de luta ao longo da borda minúscula de um edifício de 12 andares, saltar de carros em movimento – quando o foco era cuidar de seus bebês recém-nascidos.

Mas a atriz ganhadora do Oscar claramente ama um desafio. “Eu gosto de fazer filmes assim e eu amei fazer este”, disse ela sorrindo. “Quando eles me falaram sobre “Salt”, eu tinha acabado de ter os gêmeos e estava em casa usando minha camisola, me sentindo muito terna e maternal. Eu lembro que eu estava com eles em meu quarto, sabe, fazendo aquelas coisas que você faz nas primeiras semanas quando acaba de ter um bebê, folheando o script e querendo sair dali e lutar, fazer coisas físicas. Achei muito engraçado, eu, usando minha camisola em meu quarto, pensando ‘se eu conseguisse fazer isso seria um equilíbrio muito bom. Sabe, de estar terna e mamãe e poder voltar ao trabalho fazendo esse difícil e físico papel. Parecia um verdadeiro desafio. E eu gosto disso.”

A origem do projeto já era antiga. Jolie lembra de uma reunião com Amy Pascal, a co-presidente da Sony Pictures Entertainment e presidente da Sony Pictures Entertainment Motion Picture Group, há alguns anos, quando elas discutiam, entre outros projetos, o novo filme de James Bond, “Casino Royale”. “Nós tivemos essa adorável e brincalhona conversa sobre o fato de que eu preferia interpretar Bond,” riu ela. “Eu acho que, na época, eles queriam que eu interpretasse a moça no filme, mas na verdade, eu estava grávida e não podia. E foi o melhor pra mim, as pessoas que eles escolheram para “Casino Royale” foram perfeitas para o filme. Mas, acho que a idéia ficou guardada com Amy, porque, anos depois, ela me ligou e disse: “Eu acho que eu o encontrei…” O “o” em questão era “Salt”, um filme de espionagem contemporâneo originalmente escrito para um homem. (Que seria Tom Cruise.) Amy fundamentou – e Jolie concordou – que o roteiro poderia ser habilmente adaptado para o protagonista, um agente da CIA que tinha sido acusado de ser um agente espião russo, mesmo se fosse o protagonista fosse interpretado por uma mulher.

Na verdade, o filme era o que Jolie estava exatamente procurando e ele superou suas expectativas – fortes personagens interpretados por excelentes atores (incluindo Liev Schreiber e Chiwetel Ejiofor) com dinâmicas seqüências de ação e com uma história convincente dirigida por um grande cineasta, Phillip Noyce, o qual ela admira e com quem já trabalho junto em “O Colecionador de Ossos.”

“Em “Salt”, os escritores não necessariamente sentaram e pensaram, ‘O que uma mulher faria nessa situação? ‘ Eles pensaram, ‘O que um agente da CIA faria? ‘ E eu acho que isso, de imediato, fez com que este se tornasse um dos melhores papéis que eu já li e que seria muito mais desafiante de se fazer.”

Muitas vezes, nos filmes de espionagem as mulheres tem sido pouco mais do que bonitos enfeites para a história. Não é assim com “Salt”. “As mulheres nesses filmes se orgulham e gostam de ser mulheres, mas nós queríamos ignorar isso. Ela é apenas Salt. Não se trata de ser mulher e ela certamente não usa sua sexualidade para conseguir nada no filme” disse Jolie. “De fato, em vários aspectos, é a mais durona que eu já vi, porque quando você luta você fica feia, e se alguém quebra o seu nariz não fica nada bonita.”

Quando Evelyn Salt, uma veterana gente da CIA, é acusada de ser uma espiã de uma grande potencia estrangeira, ela tem que lutar para provar sua inocência. E sua prioridade é evitar ser capturada e fugir. Ela é uma mulher sozinha acusada de ser inimiga do Estado e os colegas com quem ela trabalhou por anos agora estão tentando capturá-la.

Para Jolie, interpretar uma personagem ambígua, que pode não ser o que afirma ser, foi uma grande diversão. Ela adorou o fato de que a audiência estará sentada na borda de seus assentos se perguntando se Salt é realmente uma leal agente da CIA ou se, de fato, ela poderia ser uma toupeira, profundamente disfarçada trabalhando para o inimigo. “Eu acho que ao longo do filme, se nós fizemos nosso trabalho direito, você não terá certeza de quem ela é e quando você achar que tem certeza de quem ela é, talvez mesmo isso seja diferente do que você pensava que era. Eu gosto quando você não sabe o que realmente está acontecendo. E espero que nós tenhamos sido inteligentes o bastante, respeitando a inteligência do público, ao tentar deixar mais complicado. Eu acho que eles vão gostar.”

Jolie, junto com o coordenador dos dublês, Simon Crane, e sua dublê, Eunice Huthart – que já colaborou duas vezes com a atriz em filmes anteriores, incluindo “Tomb Raider” e “Sr. & Sra. Smith” – desenvolveram um estilo próprio de lutar e de realizar as espetaculares acrobacias vistas no filme. Ela abraçou os consideráveis desafios físicos que apareceram durante a filmagem e, quando possível, fez ela mesma as cenas de ação, incluindo uma cena de arrepiar os cabelos na qual ela salta de uma ponte para um carro em movimento, e na qual ela se pendura na borda de um edifício de 12 andares. “Eu adoro fazer esse tipo de coisa. E o melhor é que tanto Simon como Eunice me conhecem tão bem que quando eles montam a cena, eles já me tem na mente pois sabem o que eu posso fazer. Existem algumas coisas, se você olhar cuidadosamente no filme, que envolvem alturas ou movimento e mais umas duas coisas, que eu me sinto muito confortável em fazer. As pessoas que sabem que você consegue fazer as coisas que você adora fazer, surgem com idéias como a de escalar um edifício muito alto, ou a de saltar de uma ponte. Elas sabem o que eu me sinto confortável fazendo isso e elas apenas ajustam as cenas para as coisas que eu amo fazer em vez de apenas escolherem qualquer coisa aleatoriamente para mim.”

Sua vontade de fazer tanto quanto possível não significa que ela não tenha feito nenhum machucado. Filmando uma seqüência para o fim do filme, ela tinha que entrar em uma sala em chamas, rolar pelo chão e disparar sua própria arma. “Foi a primeira coisa que eu pensei pela manhã, “é mamão com açúcar” (piece of cake em inglês),” lembra ela. “Eu pulei para dentro da sala atirando e de algum jeito eu fui direto para a ponta de algo que estava no chão que bateu exatamente entre os meus olhos, me cortando.” Depois de um tratamento no set, Jolie foi levada ao hospital para um ‘check-up’. “Estava tudo bem. Tinha um corte no meu rosto, mas eles cobriram com um curativo. E foi engraçado porque nas seguintes cenas, meu nariz estava “quebrado” e como eu tinha feito o corte eles nem precisaram cobrir.”

Jolie conheceu várias mulheres que eram agentes da CIA de verdade que tem que viver suas vidas secretas não se atrevendo a revelar a verdadeira natureza de seus trabalhos altamente perigosos. “As duas mulheres que eu conheci pareciam muito amáveis, frágeis, loiras de olhos azuis, como se fossem donas de alguma loja na High Strett ou professoras em Ohio. Mas quando você começava a conversar com elas, podia ver como elas viajavam por este incrível e exigente mundo e o quão perigoso era. Elas eram valentes, valentes mulheres. E uma das coisas que elas me contaram foi de como as mulheres têm dificuldade em lidar com relacionamentos; elas disseram que a coisa mais difícil é trabalhar em algo sobre o qual você não pode contar nada ao seu marido.”

O filme, disse ela, é baseado naquele tipo de realidade detalhada. Evelyn Salt é forçada a fugir para provar sua inocência quando um desertor alega que ela é quem vai desencadear o ‘Dia X’ – o dia que todos os agentes inativos russos vão ser ativados em uma guerra contra os Estados Unidos. O Dia X ainda é um tópico controverso dentro da CIA. Alguns firmemente acreditam que a história é real, enquanto outros a rejeitam como um mito. “Mas existem agentes da CIA que acreditam que existem agentes inativos. E quando você pensa no assunto, eles realmente existiram no passado e esta é uma ferramenta muito forte para ser usada se você quiser se infiltrar numa organização. É de se admirar.”

Jolie ficou encantada ao se reunir com o diretor Phillip Noyce cerca de 10 anos depois de trabalharem juntos em “O Colecionador de Ossos”. Eles retomaram exatamente da onde tinham parado, disse ela. “Nós tivemos uma comunicação imediata. Phillip é alguém que entende a ação, mas ele também é alguém que entende drama, emoção, pessoas reais, sutilezas, nuances e caráter. Ele é um dos raros diretores que instintivamente sabem muito bem o equilíbrio. Fiquei aliviada quando eu soube que Phillip iria dirigir o filme porque eu sabia que ele poderia fazê-lo.”

Seus coadjuvantes, também, foram ótimos de se trabalhar junto, disse ela. “Eu acho que tanto um quanto o outro. Nós poderíamos ter levado isso como mais um filme de verão e poderíamos ter relaxado e descontraído, mas ninguém fez isso. Nós fizemos com esforço e trabalhamos muito duro.”

Também existiu um momento para a diversão. Jolie e seu parceiro Brad Pitt são pais extremamente orgulhosos de seus seis filhos. Maddox (8), Pax (5), Zahara (5), Shiloh (4) e os gêmeos (2). “Eu e Brad revezamos para fazer filmes. Então, se eu estou trabalhando, ele não trabalha e vice-versa. Quando eu fiz “Salt” foi um momento muito feliz para todos nós. Os mais velhos iam aos sets para ver alguns equipamentos e eles só queriam fazer isso – eles queriam subir nas coisas e voar pelos sets. “Eles fizeram um monte de coisas quando foram me visitar. Eles brincavam com sangue falso e adquiriam cortes e contusões falsas feitos pelo departamento de maquiagem e se divertiam muito. Nós todos fizemos.”

Filha da atriz francesa Marcheline Bertrand e do ganhador do Oscar, o ator Jon Voight, ao longo de sua carreira, Jolie (35) desfrutou de seu trabalho fazendo filmes de ação – interpretando a popular heroína dos vídeo-games no filme “Lara Croft: Tomb Raider” e na seqüência “Lara Croft Tomb Raider: A Origem da Vida”, e uma assassina em “Sr. & Sra. Smith” – e também filmes mais sérios de drama como “Amor Sem Fronteiras”, “O Preço da Coragem” no qual ela interpreta a mulher do jornalista que foi assassinado, Daniel Pearl. Seu trabalho como Embaixadora da Boa Vontade para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados começou depois de sua primeira visita ao Camboja, quando ela ainda está participando das filmagens de “Tomb Raider”. Desde então, ela já viajou para mais de 30 países, incluindo muitas regiões perigosas, destacando a situação dos refugiados. Ela também tem financiado projetos de ajuda humanitária na Ásia e na África e, atualmente, é também membro do Conselho de Relações Exteriores.