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People entrevista Angelina Jolie: sua família e seu futuro

18 de setembro de 2017

Um ano depois de ingressar com o pedido de divórcio de Brad Pitt, a atriz conversou com a revista norte americana, People, sobre sua nova vida, sobre seu novo e emocionante filme, “First They Killed My Father e sobre suas expectativas para os filhos.

Por Mary Green

Ainda faltam dois meses, mas Angelina Jolie está muito entusiasmada com o Halloween. “Eu, realmente, vou participar este ano,” disse a atriz e diretora de 42 anos. “Eu vou fazer uma festa de Halloween bem louca e ver se consigo agitar esse bairro.” Conforme ela se senta para conceder esta primeira entrevista com a People desde 2015, a atriz se mostra alegre ao falar sobre sua vida ao lado dos seis filhos – Maddox (16), Pax (13), Zahara (12), Shiloh (11), Knox (9) e Vivienne (9) – mas também séria e, às vezes, emotiva enquanto reflete sobre como suas vidas mudaram ao longo do ano passado.

No dia 19 de Setembro de 2016, Jolie ingressou com o pedido de divórcio de Brad Pitt, após 12 anos de relacionamento, depois de um desentendimento entre Pitt e Maddox ocorrer abordo de um voo particular em que a família se encontrava.

“Eu estou sem trabalhar há mais de um ano porque eles precisam de mim em casa,” diz Jolie. Ela não irá falar sobre os detalhes do divórcio – em Janeiro, ela e Pitt concordaram em resolver a questão de forma privada e as negociações ainda estão em andamento. Mas é claro que as feridas decorrentes desta amarga separação ainda estão frescas e que os rumores de uma reconciliação são improváveis.

Agora, a super estrela está de volta aos holofotes com um trabalho que fala sobre o amor: “First They Killed My Father”, um filme que ela dirigiu para a Netflix (lançado no dia 15 de Setembro), é baseado nas memórias de sua amiga Loung Ung ao sobreviver o genocídio praticado pelo Khmer Vermelho no Camboja, país onde nasceu o filho mais velho de Jolie, Maddox. Sua família também está pronta para embarcar em novas aventuras. De acordo com Jolie: “Nós precisamos sair e passar bons momentos juntos”.

Como você descreveria este último ano?
Eu tenho tido meus altos e baixos. Mas eu acho que eu sou um pouquinho forte.

Quando você se sente pra baixo, triste ou com raiva, o que motiva você a conseguir passar por esses momentos?
Nós tivemos nossos momentos difíceis, mas como mãe, você tem a principal responsabilidade de cuidar dos filhos. Eles estão passando por seus anos de formação e todo o resto passa a ficar em segundo plano.

“First They Killed My Father” é uma história sobre sobrevivência e esperança. O que este filme significa para você?
Ele fala sobre resiliência e sobre o espírito humano. Muito do filme é sobre o Camboja e sobre o país em si, o que é extraordinário. Este país mudou minha vida e esta é uma forma de eu dizer obrigada. Eu não tenho a intenção de fazer com que este país olhe para trás e se lembre dos horrores pelos quais passou. Eu queria que Maddox visse o quão extraordinário seu país, na verdade, é.

Sua primeira visita ao Camboja foi em 2000, quando você estava gravando “Lara Croft: Tomb Raider”. Você se apaixonou pelo país imediatamente?
“Lara Croft: Tomb Raider” foi o primeiro filme rodado lá depois da guerra. Na época eu pensei: ‘Irei ver um país fechado, sensível e com pessoas, possivelmente, irritadas porque passaram por muitas coisas’. No entanto, o que eu vi lá mudou minha perspectiva sobre o mundo. Os cambojanos não são ingênuos com relação a dor, ao sofrimento e a escuridão, mas eles são exemplos de pessoas que desejam seguir em frente, encontrar paz, luz e vida. Vida para as próximas gerações.

Você adotou Maddox no Camboja no ano de 2002. Você ficou surpresa quando ele encorajou você a transformar as lembranças de Loung Ung em um filme?
Maddox conhece a si mesmo muito bem e quando ele disse que estava pronto, eu sabia que ela tinha certeza do que estava falando. Ele vive indo e voltando do Camboja, mas para fazer o filme, teríamos que ficar no país durante quatro meses; lendo, ouvindo, aprendendo e absorvendo todas as coisas relacionadas com a cultura do país, incluindo as partes muito, mas muito sombrias. Ele começou a ver documentários e nos ajudou com o roteiro. Ele é muito competente e sempre me surpreende. Ele está fazendo aulas de aviação e outro dia, o pessoal me ligou dizendo: ‘Mad já está conseguindo voar sozinho’. Eu quase derrubei o telefone! Ele está fazendo aula de francês e russo e muitas línguas diferentes. Eu já ouvi ele conversar fluentemente em francês e me disseram que ele já atingiu certo nível nas aulas de alemão, mas eu não tenho muita ideia porque ele não faz essas coisas na minha frente. Ele também é bastante forte.

Como foi ser a chefe dele nos sets?
Na verdade, nós tivemos uma relação de trabalho muito boa. Nós queríamos que este filme fosse feito a partir do ponto de vista de uma criança, então eu conversei com ele a respeito do que ele entendia e do que as crianças entendiam. Pax também trabalhou no filme [como fotógrafo]. Mesmo com o pé machucado, ele esteve trabalhando nos sets com sua câmera e suas muletas. Eles realmente trabalharam muito bem!

Você tem feito trabalho humanitário no Camboja durante esses 14 anos. Quais são seus objetivos?
Nós temos uma Fundação lá com o nome do Maddox que opera em uma das áreas mais afetadas pela guerra. Nós ajudamos a comunidade local a proteger o ambiente contra a caça furtiva, a exploração de madeira ilegal e contra o desmatamento. Nós financiamos escolas locais, clínicas de saúde e organizamos programas educativos e de capacitação de mulheres.

Houve uma alegria coletiva quando você anunciou que irá fazer “Malévola 2”. Você vai usar os próximos dois anos para voltar a atuar?
Tudo está girando em torno das crianças. Eu estou há mais de um ano sem trabalhar porque eles precisam de mim em casa. Tudo esteve parado. Eu não tenho certeza absoluta de quando eles estarão prontos para que eu possa voltar. Eles gostam da ideia de eu fazer “Malévola” novamente e, provavelmente, isso irá acontecer no começo do ano que vem, mas eu realmente tenho sentado para conversar com eles porque tudo os afeta. Cada localidade, cada tipo de projeto… Eu vou ter que me ajustar para o quanto eles puderem lidar. Mas eu acho que eles estão ansiosos para sairmos para o mundo novamente e nos aventurar. Se eles quiserem novas aventuras, acho que teremos que sair e passar bons momentos juntos. Todos nós ficamos trancados e passamos por muitas coisas, então eu acho que isso seria algo bom para todos nós.

Sua mãe, Marcheline, faleceu 10 anos atrás. Como você sente a presença (ou falta) dela atualmente?
É muito, muito difícil tentar entender por quê ela não está aqui, mas eu tento ser parecida com ela, o máximo possível. Eu tento imaginar o que ela faria e me ajusto, me espelho nela. Ela amava ser mãe. Ela foi avó por alguns anos e ela estava muito feliz. Ela teria ficado loucamente feliz por não ter de fazer nada além de colecionar coisas. Ela costumava usar o fogão como estante de livros – o que mostra onde eu adquiri minhas habilidades culinárias. Ela também tinha caixas cheias de pacotinhos com presentes para o Dia dos Namorados e para a Páscoa. Quando eu dou presentes, eu sou muito boa em embrulhar coisas. Esta era minha mãe.

Existe alguma coisa que você faz que seus filhos não acham legal?
Nossa, muitas coisas. Você não tem ideia. Nós temos umas coisas em casa, como aquelas barras de subir, essas coisas de fazer Parkour, e uma escada que eu acabei de construir. Eu sou a única da casa que não consegue fazer essas coisas. Faz quase oito anos que eu fiz meu ultimo filme de ação, então meus filhos, realmente, não conhecem esse meu lado. Eles pediram para que eu considerasse fazer um desses filmes e eles me ofereceram ajuda para treinar. Knox, outro dia, me disse: “Mãe, eu posso treinar você. Eu posso ajudar você a correr, a fazer flexões”. Isso quase já vale a pena ao fazer um filme de ação – só para que meus filhos possam treinar a mamãe!

Você disse que está melhorando suas habilidades na cozinha. Qual é sua especialidade?
Eu acho que ainda não tenho uma especialidade. Eu estou aprendendo o básico ainda, algo como “Certo, então você cozinha isso? O que é branquear por escaldamento? Por que isso é melhor?” Eu, realmente, estou tentando não queimar as coisas porque eu sou muito impaciente. Eu faço as coisas e quero sair da cozinha. Eu tenho que levar comigo aqueles temporizadores porque eu não consigo ficar quieta esperando.

Você passou por duas batalhas com relação à sua saúde, incluindo uma dupla mastectomia e a remoção dos ovários para se proteger do câncer. Além disso, você revelou recentemente que teve paralisia facial de Bell. Sua saúde tem estado boa?
Até agora sim. Não tenho nada no momento.

Do que mais você se orgulha?
Eu tenho muito orgulho dos meus filhos. Eles são indivíduos muito distintos, únicos e com opiniões fortes. São pessoas empáticas e ainda assim, são crianças brincalhonas. Eles realmente são meus melhores amigos e eu aprendo muito com eles todos os dias. Quando você é mãe, você começa a pensar que eles estão te ultrapassando. Eu ainda não fui ultrapassada, mas estou enfrentando isso lentamente. Você começa a ver que eles são melhores que você ao fazer as coisas, que a mente deles vai muito além da sua. Se eu não tivesse feito nada na vida além de ser a mãe deles, eu já estaria feliz.

Maddox conta como foi trabalhar com a mãe!

Nos sets de “First They Killed My Father”, Maddox organizou as reuniões, ajudou a preparar as cenas e ajudou a revisar os diários. “Eu, basicamente, tentei ajudar em tudo o que podia”, contou ele à People. O jovem adolescente contou ainda que ama o Camboja mais pelas pessoas. “Eles são tranquilos e relaxados, mas quando querem fazer algo mais louco, eles vão lá e fazem – são muito parecidos comigo. Eu tenho orgulho de ser cambojano”. Sua famosa mamãe também foi “divertida, engraçada e fácil de trabalhar”, disse ele. “Ela é maravilhosa!”

A autora do livro que inspirou o filme e ativista dos direitos humanos, Loung Ung, virou amiga próxima de Jolie em 2001, e ela teve uma participação importante na hora de Jolie decidir adotar Maddox, quando ele tinha penas 7 meses de idade.

“Eu perguntei como ela se sentia sobre eu adotar um órfão cambojano e ela me deu muito apoio. Ela tem estado na vida de Maddox desde quando ele era apenas um bebê,” conta Jolie. E Ung acrescenta: “Tudo o que eu vi foi o quão grande era o coração, a generosidade e bondade dela”.

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