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Jolie retorna ao Líbano e pede ajuda aos refugiados

16 de março de 2016

Na manhã desta terça-feira, dia 15 de Março, a cineasta e Enviada Especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Angelina Jolie Pitt, retornou ao Líbano. Em um comunicado oficial feito à imprensa, debaixo de chuva, Jolie pediu ajuda, à comunidade internacional, para a situação dos refugiados sírios:

Bom dia, tenho o prazer de estar de volta ao Líbano hoje. Eu gostaria de agradecer ao povo libanês por ajudar a salvar as vidas de mais de 1 milhão de refugiados sírios. Não é fácil para um país receber um número de refugiados equivalente a um quarto de sua própria população. Mas, para tanto, é uma responsabilidade e eu espero que vocês estejam cientes da mensagem que está sendo enviada sobre valores, caráter e espírito pelo povo Libanês. O Líbano está dando um exemplo ao mundo de generosidade, humanidade, resiliência e solidariedade. Em noma da UNHCR (ACNUR), e em meu próprio nome, eu agradeço. Obrigada.

Nós não devemos nos esquecer que apesar de toda a atenção que está sendo dada à situação dos refugiados na Europa atualmente, a maior pressão está sendo sentida pelos países do Oriente Médio e do Norte da África, assim como tem sido ao longo dos últimos cino anos. Existem 4.8 milhões de refugiados sírios na região e 6.5 milhões de pessoas deslocadas dentro da Síria. Hoje, o conflito na Síria completa 5 anos e é lá que eu esperava estar: na Síria, ajudando a UNHCR com os retornos e vendo as famílias que eu conheci, voltando para a casa. É trágico e vergonhoso o fato de nós estarmos tão longe disso.

Todo refugiado sírio com quem eu conversei durante esta visita, sem nenhuma exceção, falou sobre sua vontade de voltar para casa quando a guerra acabar e quando for seguro – eles não falaram isso com resignação, mas com a luz, de pessoas que sonham em estar reunidas com o país que amam, nos olhos. Eu vi, durante esta visita, o quão desesperadora é a luta dessas famílias para sobreviver . Após cinco anos de exílio, todas as poupanças que possuiam se esgotaram. Muitos que começaram a viver em apartamentos por aqui, estão, agora, morando em centros comerciais abandonados ou em tendas de acampamentos informais, enquanto se afundam cada vez mais em dívidas.

O número de refugiados é mais alto do que da última vez que tivemos uma Guerra Mundial. Estamos em um momento excepcionalmente difícil internacionalmente, quando as consequências da crise de refugiados parecem estar superando a nossa vontade e capacidade e até mesmo a nossa coragem para responde-las. Em tempos convencionais de guerra, pessoas que são deslocadas para áreas mais estáveis, ou para países vizinhos para refugiar-se, ou se estabelecem em campos de refugiados até que seja seguro para ir para casa.

Em circunstâncias excepcionais, alguns são enviados para o estrangeiro para reassentamento ou para asilos. Mas com 60 milhões de pessoas deslocadas, como acontece hoje, não existe formas para que os governos do mundo todo – não importa o quão ricos ou dispostas sejam – possam sustentar a ONU suficientemente para cuidar de todas essas pessoas de forma permanente e esperar que isso resolva o problema.

Nós não podemos gerenciar o mundo através de assistência humanitária no lugar de diplomacia e soluções políticas. Nós não podemos discutir isso como se fosse um problema confinado a uma situação de dezenas de milhares de refugiados na Europa. Nós não podemos melhorar esta realidade através de respostas parciais, respondendo a algumas crises e outras não, ou ajudando alguns refugiados e outros não – por exemplo, através da exclusão dos refugiados afegãos, entre outros – ou fazendo uma distinção entre refugiados por motivos de religião. O resultado seria de mais caos, mais injustiça e insegurança, e finalmente, mais conflitos, e mais refugiados. Nós temos que nos focar na absoluta raiz do problema, e isso necessita de uma certa quantidade de coragem e liderança.

E em minha visão, liderança nessa situação se trata de fazer mais do que simplesmente proteger suas fronteiras e simplesmente ceder mais ajuda, significa tomar decisões para assegurar que não estejamos em direção à uma crise de refugiados futura maior ainda. É por isso que, mesmo que seja doloroso e enfurecedor ouvir as histórias individuais dos refugiados, não é um hora de emoção. Esta é a hora de ter razão, calma e previsão.

Para ler o comunicado inteiro, em inglês, acesse o site oficial da UNHCR.

O vídeo foi legendado exclusivamente pelo Angelina Jolie Brasil. Para ativar as legendas, clique no botão “CC” que se encontra localizado na parte inferior direita do vídeo:



Ainda durante a visita, a Enviada Especial também participou de reuniões com ministros do país.

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