Entrevistas / First They Killed My Father

Angie e Loung respondem questões de fãs para a Netflix

29 de setembro de 2017

O canal oficial da Netflix no YouTube compartilhou nesta quinta-feira, dia 28 de Setembro de 2017, um vídeo exclusivo com Angelina Jolie e Loung Ung. Nele, as duas respondem algumas perguntas feitas por fãs cambojanos a respeito do filme “First They Killed My Father”.

O filme, que foi lançado no dia 15 de Setembro pela provedora, foi dirigido por Angelina e é baseado no livro de mesmo nome escrito por Loung, que narra sua história de sobrevivência durante o genocídio no Camboja.

Em 1975, Loung tinha 5 anos de idade quando o Khmer Vermelho assumiu o poder e deu início a 4 anos de terror e genocídio que sacrificaram a vida de dois milhões de cambojanos. Retirada da casa de sua família em Phnom Penh, ela foi treinada como soldado mirim em um campo para órfãos, enquanto seus irmãos foram enviados a campos de trabalhos forçados.

A seguir, confira as perguntas enviadas pelos fãs cambojanos e respondida por ambas durante o vídeo.

Durante a evacuação da cidade, Loung sonha com um macaco dançando. O que isso significa?

LOUNG: Eu gostei dessa pergunta. A dança do macaco Hanuman na cultura Khmer é algo muito espiritual. Para esta cultura, o deuses macacos podem descer e salvar as pessoas. Aquela cena mostra você desejando que um deus pudesse descer e salvar você daquele inferno que estava acontecendo em seu mundo naquele momento.

ANGELINA: A cena também ajuda a mostrar onde a mente de uma criança vai para escapar do horror.

LOUNG: Angelina fez algo muito bonito com esta cena, que eu absolutamente amei. É uma das minhas cenas favoritas do filme, inclusive. De verdade mesmo.

Quais foram os momentos mais tristes e mais felizes durante a produção do filme?

ANGELINA: As memórias. Quando nós gravamos as cenas que mostravam memórias felizes, com a família completa, que tendem a trazer mais emoções à tona e que mais dão saudades, pois mostravam as coisas que mais amamos, as lembranças felizes.

LOUNG: E eu lembro que quando eu estava nos sets, eu tive uma sensação quando eu olhei ao me redor e percebi que todo mundo no set – cada um dos cambojanos – foi afetado pelo genocídio. Aquilo me deixou muito triste, saber que todo mundo, incluindo eu, tinha passado por um trauma coletivo. No entanto, também foi um momento um pouco alegre, redentor e de cura porque eu soube que não estava sozinha.

Como este filme ajudará o Camboja a se tornar forte novamente?

ANGELINA: Eu espero que as pessoas que tenham assistido esse filme e que sejam cambojanas saibam que esta foi a razão pela qual este filme foi feito: mostrar meu amor, minha dedicação ao seu país, minha crença em tudo o que vocês são. E que eu espero que vocês consigam crescer.

Você pode fazer mais filmes sobre o Camboja, especialmente sobre a história do Império Khmer?

LOUNG: Eu estou escrevendo um romance e é para os cambojanos. É sobre mitologia, sobre a mitologia de Ahp, que é uma rainha Khmer, bruxa, vampira sem cabeça. É, realmente, um apocalipse zumbi ao estilo “The Walking Dead” misturado com a mitologia budista.

ANGELINA: Eu amo o jeito que você descreve isso. Eu estou lendo a história e é bem, bem legal.

Como a produção do filme afetou Maddox?

ANGELINA: Maddox voltou para o Camboja. Nós viajamos para lá frequentemente. Ele conhece Loung desde sempre e ele conhece a história dela. E nós conversamos sobre como seria importante para ele trabalhar nisso, porque ele teria que finalmente… não apenas estar em seu país, mas teria que fazer muitas pesquisas profundas sobre isso, e eu acho que, para mim, o maior momento foi quando estávamos nos sets e eu vi ele junto com a equipe, conversando com todo mundo e aprendendo com todo mundo e se sentindo em família.

Loung, quais pensamentos você teve no sentido de querer continuar e não desistir?

LOUNG: Quando eu era criança, existiram momentos nos quais eu pensei em desistir. Eu pensei que apenas seria melhor se eu fosse dormir e não acordasse. Mas então eu pensei nos meus pais e pensei no que minha mãe fez ao se sacrificar, no que ela fez para que nós sobrevivêssemos e pensei no que meu pai fez e pensei em tudo o que eles fizeram durante o genocídio para que nós conseguíssemos sobreviver. Eu não podia desonrá-los. Eu não podia desonrar suas vidas. Eu não podia desonrar seus trabalhos. Eu não podia desonrar seus espíritos se eu desistisse e não acordasse mais. Felizmente, como adulta e tendo, você sabe, vivido mais alguns anos até o momento, eu sou muito grata. Eu tenho muitas razões para continuar. Eu tenho grandes amigos, eu tenho um marido maravilhoso. A vida é preciosa e nós temos apenas esta, então agora eu continuo porque é divertido e é prazeroso e estou, realmente, tendo um bom momento.

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